segunda-feira, julho 25, 2011

Servimos Farelo

No restaurante onde eu como quase todos os dias botaram lá um menino pra distribuir as comandas. E esse é o trabalho dele: entregar comandas e receber os tickets de saída.

O moleque é um farelo. De tão mirrado, fico imaginando o dia em que alguém vai sair sem pagar e não vai dar o tal ticket de saída pra ele. Na certa vai chorar e sair andando devagarinho pra contar pra tudo pra tia.

O Farelo tem um hábito esquisito. Você chega lá e fala:

- Opa, e aí, beleza?
- Melhor agora, senhor.

Oi?

A primeira vez que ele me disse isso fiquei perplexo. Porra, o Farelo tá me cantando?

Aí eu notei que ele falava isso pra todo mundo que nem um gravador. Aliás, se um dia eu tiver um shopping center, vou contratar o Farelo pra ficar dentro daquelas cancelas, sabe?

- O Shopping Gastón agradece a sua visita. Melhor agora.

O bicho é pequenininho, vai caber certinho lá dentro.

Na verdade ele já é um homem-cancela por vocação.

Segunda passada eu chego no restaurante e lá está o nosso amigo com o talãozinho de comandas na mão.

- Buenas Tardes.
- Opa, e aí, beleza?
- Mejor ahora.

?????

Impressão minha ou el Farelito tá falando comigo em Espanhol?

Na terça, outro susto:

- Salam Aleikum!

Aí que caiu a ficha: segunda a comida do restaurante é mexicana e na terça é árabe.

Mandaram o coitado do Farelo receber as pessoas no idioma do menu do dia.

Chegamos na quarta loucos pra saber qual seria a nova saudação.

- Boa tarde, senhor.
- Ué, Farelo, não vai falar nenhuma língua hoje?
-Não senhor. Hoje é Feijoada. Melhor agora.

Alguém ainda lê blog?

Desencanei.
Casei.
Alegrei.
Engordei.
Desengordei.
Trabalhei.
Voltei.

Calma, vou contando aos poucos.

terça-feira, outubro 12, 2010

Insustentável.

Vou me aproveitar da carcaça do meu velho e querido blog de crônicas pra postar minha opinião sobre o festival SWU. Aos que por ventura me visitarem atrás de velhos textos, na maioria de humor, me perdoem o desabafo pra lá de mau humorado.

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Insustentável.

Nesse último domingo, fui ao festival SWU. Um evento pretensamente preocupado com a sustentabilidade. Sustentada mesmo deve estar a barriga de seus organizadores.

Não vou nem entrar muito nas questões ecológicas. Pra mim não houve diferença alguma de qualquer outro festival com copos de plástico, junkie food e preços exorbitantes. Há quem entenda ainda mais do assunto e possa deixar claro uma infinidade de incoerências ecológicas do SWU.

Vou me ater a (triste) experiência de quem, assim como eu, comprou uma ideia e um ingresso.

O primeiro erro: a escolha do local. Linda fazenda em Itu mas que tem acesso através de duas estreitas estradas de terra. Os transtornos que as pessoas passaram para entrar e sair do local foram inúmeros. Teve gente chorando, gente jogando pedra em ônibus e muita, muita gente esperando ao menos duas horas para deixar o local em um engarrafamento monstruoso. Claro, como 70 mil pessoas poderiam deixar ao mesmo tempo um local por 2 estradas de terra onde passam 2 carros? Aliás, todas as duas estavam tomadas por ônibus estacionados em toda a sua extensão. Ou seja: havia apenas 1 pista livre.

E se acontece alguma coisa mais séria? Pisoteamento ou coisa que o valha. Sem querer ser dramático mas, me parece totalmente aceitável acontecer algo em um lugar onde 70 mil pessoas se acotovelam por um lugar melhor pra ver sua banda preferida. Se dá alguma m... ali, não tem socorro extra que chegue. Literalmente.

O preço do estacionamento (única opção para quem desejasse ir de carro) era de 100 reais. Por isso muitos, inclusive esse que vos escreve, optaram por vans ou ônibus. Vans e ônibus que, na sua maioria, não tinham onde parar a não ser há 2 quilometros a pé do local do evento.

Ok, então você foi de carro, pagou 100 pratas, andou 2 quilômetros, viu o show e depois andou mais 2 quilômetros e ficou, com sorte, 2 horas esperando pra sair. Houve quem disse 4.

Como fui no segundo dia de shows, já estava mais ou menos prevenido sobre as filas enormes para comprar comida e bebida. O que eu fiz? Comprei biscoitos e salgadinhos pra levar. Afinal de contas é um evento “a la woodstock”, não? Super ecologico e amigável, super bacaninha e camarada. Além disso tinha pela frente mais ou menos 7 horas de festival. Nada mais certo me prevenir. Pois fui obrigado pela (des)organização a jogar fora todos os meus alimentos. Entrei com uma mochila vazia no SWU.

Gostaria mesmo de uma resposta decente para não me permitir entrar com salgadinhos e biscoitos num festival. Proibir latas e garrafas eu entendo, agora, biscoito recheado? Acham que eu poderia atirar um polvilho em alguém? Matar alguém com uma barra de chocolate? Fazer uma bomba de cheetos? Meu deus... Detalhe: latas de cerveja foram vendidas no evento.

Sabe quanto tempo levava para comprar um hot dog? Mais de uma hora. Sabe quanto tempo durava um show do SWU? Uma hora. Quer comer? Escolha um show pra ficar na fila do Hot Dog.

Fora isso, havia 2 tendas cobrindo o palco para quem estivesse atrás delas, mesmo há 200 metros de distância.

E isso tudo saiu bem caro. Um ingresso de 234 reais (acrescido da inexplicável e indecifrável taxa de conveniência onde você paga e você mesmo vai buscar seu ingresso).

Sustentabilidade? Pra mim só ficou o recado da exploração, desorganização e enganação.

Mais um que veste a roupa de “sou verde” pra enganar você e encher o bolso de verdinhas.

Avisa aí que ser sustentável é mais do que reciclar lata, fazer fórum e parede de pneu.

Sustentável também é tratar as pessoas com respeito.

Estavam tão preocupados com o lixo que esqueceram do público.

terça-feira, julho 28, 2009

Pequeno ensaio de solidão III

Um estranho cheiro daquelas balinhas coloridas e azedinhas que eu gostava de pedir pro meu pai comprar nos postos de beira de estrada.

Nem me lembro pra onde íamos. Mas sempre que íamos, ali estava eu querendo-as. Eram incrivelmente boas e lindas. Me perguntava (e ainda me pergunto) como as faziam.

Sei lá de onde veio esse cheiro agora, aqui no lugar onde eu trabalho. Provavelmente de lugar nenhum.

Hoje tudo passa por mim como esse cheiro de balas. Me traz lembranças, me faz sentir e não sei de onde vêm e pra onde vão.

Meus olhos tremem, minhas mãos tremem, minha alma treme também.

As coisas precisam ser cortadas em pequenos fragmentos para que eu dê conta. Assim como o remédio que corto ao meio manhã sim, manhã não.

Não posso com muitas pessoas. Não posso com muitas mulheres. Não posso com muitas tarefas. Não posso nem comigo mesmo.

Bom que as vezes o destino faz as vezes de polícia e conserta esse tanto de pressa e cagada que a gente faz. Que bom que as vezes o destino divide o remédio e enfia goela abaixo da gente.

Pequena nota: chega de bebida. Ela se disfarça de alegria e me ataca pelas costas.

Preciso que o tempo passe, preciso que as pessoas desistam, preciso da minha casa, preciso que alguém sobreviva.

Até o que me faz bem, me faz mal. Preciso então de compreensão.

quinta-feira, julho 16, 2009

A Fazenda.

Está no DNA da família gostar de bicho. Até meu velho, que é mais durão, flagro conversando com os gatos esparramados no sofá.

- E aí Micão? Vida boa, heim? Sai pra lá, vai, deixa eu sentar aí.

E o gato, igualmente idoso, levemente surdo e totalmente descontente, escolhe outra almofada pra afundar. E assim eles vão convivendo na aposentadoria.

Agora, minha mãe é o auge do gostar de bicho. Não, no caso dela não está no DNA. Está na garagem, no quintal, na rua, no terreno do vizinho, na rua de cima... em cada canto tem um ser de quem ela cuida.

- Filho, quando você for pra sua casa, passa na rua de cima e deixa essa latinha de ração pro Rubens?

- Rubens? Quem é Rubens, mãe? O Guarda?

- Não, o guarda é o Oswaldo. Rubens é o vira-lata que mora na cabine de segurança.

Tem o Rubens, o Pingo, a Raposa, a Suzana, o Lúcio Mauro...

Isso fora os temporários, aqueles que ela conseguiu arrumar dono.

Mas esqueça tudo isso porque agora mamãe atingiu seu topo na carreira. O mais alto e elevado grau. Faixa preta.

- Filho adotei uma galinha.

- Oi?

- Uma galinha. O guarda disse que ela escapou de uma macumba e apareceu aqui na rua.

Minha mãe adotou uma fugitiva de macumba.

- Ela tá morando aqui no terreno da frente, montei uma casinha pra ela dormir quentinha. Vem cá, vou dar comida pra ela.

Minha mãe foi na Cobasi comprar ração de galinha. Só falta levar no petshop. Já até imaginei ela voltando pra casa de gravatinha ou lacinho na cabeça.

- Precisa ver que galinha linda, ela é toda meio rajada de preto e branco, sabe?

Minha mãe tá cuidando de uma galinha que torce pro curinthia.

- Vem Cocó, vem.

- Cocó, mãe?

- É, eu chamo ela de Cocó.

E lá foi ela feliz da vida dar comida pra galinácea.

Um vizinho arrumou um galo pra fazer companhia pra Cocó, mas o bicho acordou o quateirão inteiro as 5:30 da manhã e voltou pro lugar de onde veio no mesmo dia.

Mas não se preocupem porque Cocó não está sozinha. Semana passada apareceu outra galinha lá na rua.

Fugitiva de macumba.

Bêbada.

Isso mesmo, a galinha tava bêbada. Deram pinga pra coitada. Ainda bem porque aí a bichinha tomou coragem e fugiu.

Literalmente, a fuga das galinhas.

E lá estão as duas, no galinheiro das sobreviventes sendo majestosamente cuidadas pela minha mãe.

Outro dia ela me liga:

- Filho, Cocó botou um ovo!

Não sei não, viu. Duas galinhas morando juntas, botando ovo... pra mim essas galinhas tão é com jeito de jacaré.

terça-feira, abril 14, 2009

Férias.

- Oi Jô.

- Oi Seu Gastón, bão?

- Tudo bem, Jô.

- Vai sair de fééérias né Seu Gastón?

- Vou sim, Jô.

- Que maravilha. Tudo de bão pro Sinhô, viu?

- Obrigado, Jô. Então, eu te chamei pra falar dos dias que eu preciso que você venha pra molhar minhas plantas. Aproveita quando você estiver no prédio, dá uma passadinha aqui e molha elas pra mim.

- Beleza.

- A Pintangueira é praticamente todos os dias. Essa outra, só quando você notar que ela tá ficando mais caidinha.

- Ah, sim sinhô. Se não móia de mais e pudrece tudo.

- Pois é. Aqui tem uma tabelinha com os dias e seu pagamento.

- Brigada, Seu Gastón.

- De nada, Jô.

- Seu Gastón, o sinhô vai viajá pra donde?

- Vou pra Itália, Jô.

- ...

- ...

- Seu Gastón?

- Fala Jô.

- O Sinhô não vê televisão não?

- Não muito Jô, porque?

- Não é esse lugar aí que teve um terremotio? Que chaquaiô tudo e quebro tudas casa?

- É, Jô, foi lá mesmo.

- E o Sinhô vai pra lá? O Sinhô tá doidão? Seu Gastón, tá tudo quebrado lá. As casa, os copo, os prato...

- Jô?

- Diga Seu Gastón.

- Jô, você tem família por aquelas bandas?

terça-feira, março 31, 2009

Pra por de molho.

De uns tempos pra cá tô usando barba. Na verdade tenho notado que franja é tendência entre as mulheres e barba entre os homens. Ainda bem que não é o contrário senão eu ia ficar fora de moda e ser obrigado a evitar certas mulheres.

Deixei a barba crescer pra agradar uma e acabou agradando algumas. Sucesso.

Aquela coisa de sempre, né: não posso mudar o corte de cabelo, só me resta mudar algo na cara. Um dia desses eu boto um tapa-olho.

Eu não posso deixar a barba muito grande porque eu raspo a cabeça. Então, quando passo máquina na "carva", passo na barba também e deixo ela naquele cafajeste style.

Pois é, se fico com a barba muito grande parece que eu tô com a cara de cabeça pra baixo. Ai as pessoas vão conversar com a minha testa.

Pode parecer também que meus cabelos migraram todos pro sul durante o inverno.

Sei lá, se fica muito grande parece que sua cabeça é um ovão no ninho, sabe? E a páscoa tá perto, vai que eu tomo uma dentada.

Fica um visu Enéas. Não rola.

Como toda mudança, rola uma polêmica.

Voto feminino a favor: Gasta, você fica bem de barba.
Voto feminino contra: Gasta, vai limpar essa cara.
Voto masculino de cunho duvidoso: Gasta, se eu fosse uma bichona ia preferir você de barba.
Voto de onça: Gasta, você tá com cara de homem com essa barba.
Voto feminino interativo: Gasta, sua barba tá lixando minha cara.
Voto feminino interativo II: Gasta, lixa a minha cara?

Uma coisa sensacional é poder coçar a barba. Com aquele ar de "hum, vejamos...". Dá uma pinta de filósofo.

Não precisa acordar mais cedo pra se barbear.

Esconde a feiúra.

E o principal: as pessoas acham que você é sério.

Por essas e por outras, tô satisfeito com meu novo visual sujinho.

Cara suja. Pra combinar com a mente.

quarta-feira, março 11, 2009

Lingua do P.

É uma puta.

Uma puta de uma morena, uma puta de uma gostosa, uma puta de uma delícia, uma puta de uma foda.

Uma puta de uma vontade.

Uma puta de uma dúvida.

Um puta de uma vacilada.

Uma puta de uma dor de cabeça.

Uma puta de uma sacanagem.

Filha de uma puta.

terça-feira, março 10, 2009

Um bilhetinho todo azul.

Em cada bolso, de cada calça, de cada dia da minha vida eu encontro (ao menos) um comprovante de débito.

Aliás, antigamente o que a gente achava nos bolsos era outra coisa.

- Pô, olha só, tem 10 pilas aqui no meu casaco!

Agora você só fica sabendo que gastou R$12,50 na Panificadora Jackeline e comércio LTDA no dia 3 de julho do ano passado.

Aliás, se tem uma única diversão nos papeizinhos de comprovante de débito é ver o verdadeiro nome de certos estabelecimentos.

Você descobre que almoça do "Waldão Comércio de Alimentos", janta no "Ataliba's Restaurante" e compra aquelas suas frutas caras na "Horta da Cacilda LTDA".

Complicado colocar nome de mulher em empresa LTDA.

- A Cacilda? Nossa, coitada, tão LDTA... o QI dela é igual ao do brócoli que ela vende...

Bom, o fato é que esses papeizinhos se proliferam, brotam, se acumulam numa velocidade impressionante.

Põe a mão aí no seu bolso. Garanto que tem um.

No meu, deixa ver aqui... "Cardoso Bar. Valor: 22,50". Meu almoço.

E ninguém guarda essa porcaria. Guarda?

É só um registro de quanto dinheiro você joga fora.

E pra te lembrar disso, Deus já criou as mulheres.

quarta-feira, março 04, 2009

Interfona no 33

Joana mudou pra seu novo apartamento. Estava procurando há tempos, rodando as ruas do bairro a pé, conversando com os amigos, evitando os corretores.

- Fica mais difícil, mas eu quero encontrar meu apartamento sozinha, sabe? E tem que ser por aqui, perto da padaria e da casa da mamãe.

Tanto bateu os gambitos, perguntou e telefonou que encontrou.

A essa altura do campeonato já conhecia todos os porteiros de todos os turnos de todos os edifícios do bairro. Pelo nome.

- Ah não, não dá. Cada nome complicado que esse povo arruma. Pra ficar mais fácil, eu basicamente dividi em 3 grupos de porteiros distintos:

o grupo do iro (Rosemiro, Casemiro, Romiro, Altamiro, Clodomiro...), o grupo do (il)elson (Rodinelson, Evanelson, Rovilson, Manelson...) e o grupo do aldo (Ariovaldo, Rodinaldo, Everaldo, Romoaldo...).

Também tinha o grupo do ildo, mas esse aí tinha um porteiro só que era o Romildo e que foi mandado embora porque pegaram o sem vergonha dando um amasso com duas empregadas na escada do segundo andar. Pouca vergonha.

No prédio da Joana tinham 4 porteiros que se revezavam em 3 turnos além do que cobria as folgas. O Gélson, um baixinho que falava rápido e tinha cara de tarado. O Valdemiro, que vivia levando empregada pra cabine pra saber das fofocas dos moradores. O Avilson, irmão do Rovilson zelador e que, claro, era meio calado porque aguentava trocadilho o dia todo.

O rapaz da folga era o Joseíldo, aquele porteiro que ninguém ia muito com a cara. Bem adequado: um folgado.

- Gente, onde essas mães vão buscar esses nomes? E o pobre que chama Avilson?

Dia desses mandaram o Valdemiro embora. Fez intriga sobre a mulher do apartamento 51, a empregada cagoetou, pediram a cabeça do coitado. No dia seguinte tinha lá um substituto.

Um rapaz de aparência séria, educado, mostrando serviço.

Assim que a Joana chegou no prédio, ele veio ajudar com as compras.

- Obrigada, moço. Você tá no lugar do Valdemiro?

- Tô sim, dona.

- E como você se chama?

- Paulo

- Paulo?

- É dona, chamo Paulo.

Nossa, Paulo. Só Paulo. Que bonito isso.

- Muito prazer Paulo. Seja bem-vindo, Paulo.

- Mas ó, a Senhora pode me chamar de Alemão.

segunda-feira, março 02, 2009

Os dois lados.

O que todo mundo viu:

Marcelo Gomes namorava com Fabiana Pedreira. Um belo dia, Fabiana Pedreira se encheu do nosso amigo Marcelo Gomes e deu-lhe um sonoro pé na bunda.

- Ah, Marcelo, assim não dá. Vou te contá, viu...

Solteiro na praça, resolvem apresentá-lo para uma garota. Linda, inteligente e articulada. Só tinha um porém:

- Marcelão, essa aqui é a Fabiana.

Ela se chama Fabiana Pereira.

Marcelão achou que era piada. Mas não era, os dois acabaram juntando os trapos e ela virou Fabiana Gomes.


O que realmente aconteceu:

Um belo dia, Santo Antônio escreveu o nome de Marcelo Gomes e Fabiana Pereira numa ficha celeste de relacionamentos terrenos. Um anjo cadastrou o trabalho no sistema e alocaram um cupido pra se encarregar da missão. O cupido pegou duas flechas no almoxarifado, fez uma pequena pesquisa na internet, vestiu as asinhas e saiu atrás dos dois. Achou facinho, facinho. Primeiro o Marcelo, depois a Fabiana. Devidamente flechados, começaram logo a namorar.

Algum tempo depois chega uma reclamação indignada de Fabiana Pereira ao SAC do Céu, seguido de um protocolo na ouvidoria divina reclamando da incopetência de Santo Antônio, pedindo a exoneração e excomunhão do santo. Fabiana esbravejava e apresentava seu número de protocolo do pedido de um namorado com entrega para até 15 dias úteis. Já estava esperando havia 3 meses e nada.

Tonhão não entendeu uma auréola do que estava acontecendo. Foi verificar no sistema e constatou que digitaram Pedreira ao invés de Pereira. O ''D" fica ali, logo abaixo do "R".

Culpa de quem?

São Tomé das Letras, claro.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Brilhante.

Conversa com amiga próxima:

- Gasta, você tem que ver o novo shampoo que eu descobri.
- Eu?
- É fantástico. Se chama Brilliant Brunette.
- ???
- É pra cabelos castanhos. O cabelo fica ótimo.
- Erh...
- Você tem que ver, fez um milagre no meu cabelo.
- Mas porque...
- Tava fininho meu cabelo, olha como tá bom agora?
- Sim, mas...
- Ele realça os tons do cabelo, sabe?
- É que...
- E vem num tubão grandão.
- Eu sei, mas...
- Olha aqui que legal que tá meu cabelo.
- Rê?
- Ahn.
- Eu sou careca.
- ...
- ...
- Ah, se alguém te perguntar você já sabe o que indicar.

domingo, fevereiro 15, 2009

Nó em pingo d'água

Dia desses, me deparei com a seguinte conversa:

- E aí, meu bem? Você demorou. Disse uma senhora de laquê e botox.

- Ah, não consegui fazer pipi. Tinha um barulho que tirou minha concentração. Preciso me concentrar pra fazer pipi. Respondeu um senhor de idade, usando óculos e camisa polo.

Depois de ver o homem declarando isso em alto e bom som no meio de um lugar público, quem fez xixi fui eu. Na calça. De rir.

Mas, essa não é a questão. O fato é que nós, homens, realmente temos esses momentos de mula empacada na hora de fazer xixi.

Pois é. Acontece nas melhores latrinas.

Normalmente acontece quando alguém chega de repente no banheiro. O nego vai lá, começa a fazer o xixi dele e o seu nem sinal.

É psicológico.

Sei lá, acho que o pinto leva um susto.

Aí fica aquele constrangimento de não sair som nenhum do seu lado do banheiro. Você tá lá, tanque cheio, equipamento preparado, mira calculada e nada. Nem uma gota. Acontece. O negócio é esperar. Fica lá fazendo cara de quem tá regando a maior plantação do mundo quando, na verdade, nada acontece.

É inexplicável. Simplesmente fecham-se as comportas.

Porque a gente é competitivo. Ficar lá emperrado é uma desgraça pro sujeito. Tá todo mundo praticamente escrevendo o nome completo na parede e você nada?

Por exemplo: todo homem adora banheiro de shopping só porque tem gelo no mictório. Neguinho bota força máxima, o bilau do sujeito vira uma Vap só pra derreter mais gelo. O sonho de todo homem que faz xixi no shopping é, um dia, ter xixi suficiente pra derreter todo o gelo que está no mictório. É sério.

Bom, mas quando o negócio emperra, o lance é respirar fundo.

Sei lá, imagina que está em Foz do Iguaçu. Que tá descendo as cataratas num barril. Que foi pra Ubatuba.

Não tem gente que liga a torneira pra dar um empurrãozinho?

E como você sabe que esse problema não algo só seu? Como você sabe que não é só você que tem problemas de entupimento?

Porque você também é empata-mijo dos outros. Claro. Afinal de contas, você também entra no banheiro pra fazer seu xixi e percebe que o cara, dois mictórios adiante, tá lá olhando severamente pra baixo e não vem nenhum barulhinho, digamos, molhado.

Mas, uma hora acaba rolando. Não é assim uma ausência de 2 horas. São alguns segundos. Longos segundos. Na verdade parece uma eternidade. E o xixi acaba vindo.

Por isso se você é mulher, um dia entrar pra escovar os dentes e pegar seu marido lá de calça arreada fazendo um xixi imaginário, fique sabendo que é apenas uma demora no download.

- Puxa, querida, isso nunca me aconteceu antes.

domingo, fevereiro 08, 2009

Dando no pé.

Foi-se o tempo da mulher objeto. Agora o lance é mulher frutífera.

Depois da Mulher Melancia, da Mulher Moranguinho, da Mulher Melão e da Mulher Jaca, o Vida Perra orgulhosamente apresenta:

A MULHER LIMÃO!

Ao contrário das citadas acima, essa a gente encontra em tudo quanto é lugar. Não sei como ninguém lançou uma oficialmente ainda.

Bom, talvez porque haja muitas reinvidicando o posto. O que tem de mulher azeda por aí, meu amigo...

Mas Vida Perra é tendência. Então vamos abrir inscrições para o Mulher Limão 2009

Confira abaixo se você tem o perfil e candidate-se.

Como saber se você é uma mulher limão? Como identificar uma verdadeira mulher limão? Afinal de contas, você pode estar casado com uma há anos e nem se deu conta.

Simples:

Mulher Limão não sorri, mostra os dentes.
Mulher Limão não responde, devolve.
Mulher Limão não fala bom dia, grunhe.
Mulher Limão não olha, encara.
Mulher Limão não entra, invade.
Mulher limão não gosta, tolera.
Mulher Limão não pede, manda.
Mulher Limão não bate um texto, esmurra.
Mulher Limão não dá, negocia.
Mulher limão não cansa, enche.
Mulher limão não esquece, ignora.
Mulher limão não espera, suporta.
Mulher limão não diz, reclama.
Mulher limão não perdoa, deixa viver.

Lembre-se: se você conhece alguém com potencial azedo, envie nosso link. Pode ser sua namorada, sua esposa, sua irmã, sua sogra, sua secretária (tá cheio de secretária azeda por aí), sua mãe ou até sua vizinha!

Participe.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Vequiaia.

Ontem fui numa espécie de Pai Mei fazer massagem e acupuntura.

Pra se ter uma idéia, minha mãe me disse:

- Deixa eu ligar antes pra ver se ele ainda tá vivo.

Ou seja: ele não é o Pai Mei. Ele é o Pai do Pai Mei. É o Avô Mei.

O cara aprendeu acupuntura com o inventor da acupuntura.

Ele curou amigdalite do Buda.

Foi o primeiro japonês a nascer de olho puxado.

Veio a pé do Japão até aqui. E chegou faz muito tempo.

Aliás, ele não é nem o Pai Mei, nem o Avô Mei. Ele é o mestre Yoda.

E naquela salinha, o estrupiado com dor nas costas era eu.

domingo, fevereiro 01, 2009

Causas naturais.

Outro dia entrei num restaurante natural e notei que, entre tanta variedade, eles serviam pizza. Polenta frita. Lasanha.

Com a maior naturalidade.

Parece que pra ser natural, é só não servir carne que tá tudo certo. Hum, entendi.

Então, Miojo é natural. Ki-Suco é totalmente natural. Mas, atenção: Big Mac NÃO É NATURAL. Pensando bem, se a carne for de minhoca, é meio natural sim.

Matei um pacote de fandangos e tô me sentindo praticamente um iluminado.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Olá, eu estou aqui em cima.

Depois que eu fechei o braço de tatuagem, soube como se sente uma peituda que sai com um decotão.

As pessoas não conseguem não olhar pro meu braço.

Bacana é um papo entre mim e uma peituda de decotão.

Talvez não nos reconheçamos na segunda vez em que nos encontrarmos.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Apanhado.

Eu não entendo o que aconteceu com os novos alarmes pra carro.

Sabe? Esses que ficam fazendo pi, pé, poin, té-té-té-té, fui-fuiu, abrlbabrlba-pombo!

É pra ver se o ladrão fica tão irritado que desiste?

Parece uma coisa meio indecisa, não parece?

Do tipo do sujeito que chega numa loja de alarmes:

- Oi, eu queria um alarme pro meu carro.

- Claro senhor, qual alarme o senhor deseja.

- Ah, não sei. Qual você tem?

- Temos o bé-bé-bé, o fom-fom-fom, o pi-pi-pi, o pó-pó-pó, o tã-tã-tã e ainda o novíssimo, acabou de chegar, toin-toin-toin.

- Nossa, difícil escolher heim?

- Pois é.

- Não dá pra por um pouco de cada?

Pronto.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Ano novo, vida perra.

Hoje ela foi lá em casa.

- Seu Gastón, acordei o sinhô, né?

- Não Jô, imagina.

Eu lá na cama, só escutando um barulhinho vindo da cozinha.

A Jô tem as manhas de lavar louça em silêncio.

Já viu alguém lavar louça em silêncio? Um dia eu queria botar uma câmera escondida pra filmar essa cena: imagino ela na ponta do pé, com a linguinha pra fora, abrindo a torneira bem devagarinho, deixando cair só um fiozinho d'água, espremendo o tubo de detergente bem de leve, apertando os olhos cada vez que um copo bate no outro.

Acho que até quebrar as coisas ela acaba quebrando em câmera lenta.

Aí é só ela perceber que eu já acordei pra soltar a mão "blam" "pow" "crash". Ops.

- Olha Seu Gastón, o sinhô vai me desculpar, viu. Eu cheguei assim cedo porque eu tive que ir lá no centro na sexta-feira e .... e a vizinha da cunhada da minha mãe... nossa, precisamos ir lá naquela praça... hoje eu preciso de ir no banco... e foi por isso que eu cheguei assim cedo.

- Tá bom, Jô. Não tem problema.

Continua falando mais do que cego na chuva.

Pois é, chegou 2009 e tá tudo igual.

Abri a geladeira pra pegar meu suco pro café da manhã. Ali no cantinho, um corpo estranho: uma marmita.

A Jô levou marmita. Depois de dois anos e meio devastando minha geladeira, assolando minha despensa, pulverizando toneladas de macarrão, ela levou uma marmita.

Fiquei intrigado.

Será que ela cansou das coisas que eu compro lá em casa?

- Olha Seu Gastón, já enjoei desse tal de macarrão que o sinhô compra. E façavô de não me arrumar mais esse melão.

Será que foi promessa de ano novo?

- Esse ano eu prometo não sentar a bota na comida da casa do Seu Gastón (pula uma ondinha).

Será que ela precisa de um complemento?

- Trouxe aqui essa marmitinha porque o sinhô não sabe como fica bom esse sarapatel com o macarrão que o sinhô compra.

Será?

Mistério.


* Betinha, como você gostou tanto das histórias da Jô, esse post é pra você. Feliz aniversário :0)

terça-feira, janeiro 13, 2009

Retórica pra boi dormir.

- Você me ama?
- Claro que amo.
- Mas e se sua esposa te perguntar a mesma coisa, o que você vai responder?
- Que sim. Mas na verdade é você que eu amo.
- Mas você está casado com ela e não comigo.
- Você tem que acreditar em mim.
- Mas você diz a ela que a ama.
- Sim. Ela também tem que acreditar em mim.

domingo, janeiro 11, 2009

Napolitano

Por que cacete o sorvete Napolitano SEMPRE vem com menos chocolate?

POR QUE?

Aliás, Napolitano tem 3 sabores: morango, nada e chocolate. Na boa, alguém quer me convencer que a parte branca é creme? Creme de quê? Vento? Gente, creme é o nome que eles inventaram pra você achar que aquilo tem gosto. Quer coisa mais evasiva do que creme?

- Do que é isso aí que você tá comendo?
- De creme.

Me fala, que gosto que tem creme? Creme é desculpa. Se alguém algum dia quiser te perguntar alguma coisa e você não quiser responder, fala creme.

- O que o senhor está levando nessa maleta?
- Creme.
- Ah, tudo bem, pode passar.

Eu ainda acho que ele só está ali pra separar aquela porcaria de morango do que realmente interessa que é o chocolate. Eles tentaram coco, abacaxi, limão, uva, nenhum ficava bom.

Que nem o de flocos. O que tem gosto ali são os flocos, o resto é nada. Mas nesse caso o nome é adequado: Sorvete de Flocos. Meu amigo, você vai comer os flocos, o resto não precisa do gosto.

Bem, voltemos ao nosso objeto de estudo.

E quando você vai no freezer, abre a lata e só tem o morango e o nada (creme para aqueles que se deixam enganar)? Tá lá a quele buracão enorme no canto. E você pensa que depois disso as pessoas compram uma lata de chocolate? Não, elas deixam aquilo virar um iceberg velho e vencido pra poder jogar fora, comprar outro napolitano e repetir tudo de novo. E fica lá aquela lata. Três vezes por semana passa um infeliz ali, abre, vê que não tem mais chocolate e desiste de comer. No máximo alguém, no auge do desespero, manda uma colherada ou entope de calda (de chocolate, óbvio) pra disfarçar.

O que as pessoas precisam entender é que nós, os comedores de Napolitano, temos toda uma técnica especial para saborear. Focada num objetivo maior que é, justamente, atingir o chocolate. Veja bem, se você comer o chocolate logo de cara, tudo bem. Mas se você comer o morango, o nada e depois comer o chocolate, o sabor fica muito mais acentuado. É sério isso. São anos de estudo.

É um exercício de autoflagelo. Você fica sofrendo, comendo o morango. Depois atinge o nirvana no Chocolate.

Mais ou menos como as pessoas que separam o recheio pra comer depois do biscoito.

Mas se o que realmente presta, o que as pessoas realmente querem é o chocolate, voltamos a pergunta inicial: por que vem menos chocolate?

Eu proponho um referendo em âmbito nacional para as pessoas votarem no seu sabor predileto. Baseado no resultado, definiremos as porcentagens de cada sabor a que estarão submetidas as fábricas produtoras de sorvete.

Todos os votos brancos ou nulos serão computados para o creme.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Do Peru.

Nesse fim de ano eu passei uns dias no Peru.

E isso lá é jeito de terminar um ano e começar um post?

Passar férias no Peru é abrir as portas do inferno. Eu chego no aeroporto e lá está um painel gigantesco escrito assim: "Claro, la major cobertura del Peru". Tudo leva a crer que por lá a Claro, além de celular, também vende camisinha extra large.

Olha, melhor você pensar bem antes de ir. Ou melhor, antes de contar que vai.

- E aí Gasta, vai pra onde no reveillon?
- Viajar.
- Sim, mas pra onde?
- Aqui pra America do Sul mesmo.
- Tá, mas pra onde?
- Aqui do lado.
- Aqui do lado onde? Buenos Aires?
- Não, Prhu...
- Onde?
- Peru.
- PERU?
- É.

E tome:

"Aê Gastonildo, heim? Tá louco pra conhecer o Peru."

"Aê Gastonildo, heim? Vai ficar oito dias no Peru?"

"Aê Gastonildo, heim? Tá gostando do Peru."

"Aê Gastonildo, heim? Tá se divertindo no Peru."

Não dá nem pra contar sobre a viagem. Vou falar o que? Que o Peru é bom? Que o Peru é grande? Que o Peru é bonito? Que eu adorei o Peru?

Dá pra ir mais além no fator trocadilho. Basta lembrar que uma das cidades mais visitadas de lá é Cuzco. Que fica no Cuzco do mundo.

Se eu fosse americano eu poderia ir para o Peru sem problemas. Mas se eu resolvesse ir pra Turquia, tava ferrado de novo.

Olha gente, vamos esquecer minhas férias.

Eu sou espada. E digo mais:

pra ir pro Peru, tem que ser muito Machu, Picchu*.


*termo cunhado pelo Rei do trocadalho, meu amigo Martim Baffi.

quarta-feira, outubro 22, 2008

toma lá

- Você pode me emprestar seu carro hoje a noite?

- Pra quê?

- Vou sair com uma mina.

- Só se você lavar e encher o tanque depois.

- Pô, mas teu carro tá na reserva.

- Então vai de táxi.

- E eu vou buscar a mina de taxi? Assim eu não pego nem resfriado.

- Então desmarca.

- Empresta aí, vai.

- Lava e completa.

- Tá bom, eu lavo e completo. Mas só se você me devolver o CD do Elvis.

- Mas eu nem gravei ainda.

- Grava logo então.

- Tá, eu devolvo. Mas só se você me emprestar sua jaqueta.

- Mas eu vou com ela hoje.

- Usa outra coisa.

- Tá, eu empresto. Mas só se você for buscar a Lucinha no colégio pra mim.

- Mas ela é sua irmã.

- E daí? Ela é é sua prima.

- Tá, eu busco. Mas só se você lavar a louça essa semana inteira.

- Ah, pera aí, larga a mão de ser folgado.

- Lava ou não lava?

- Tá, eu lavo. Mas só se você guardar a louça depois.

- Ah não, se lavar já tá incluso guardar também.

- Não falou antes, perdeu.

- Tá bom, eu guardo. Mas só se você limpar meu quarto no fim de semana.

- Limpar quarto? Caramba, isso tá ficando grande demais.

- É limpar ou largar.

- Tá bom, eu limpo. Mas só se você ficar um mês sem me chamar de cabeção.

- Ah, isso já é automático.

- Se vira. Se esforça.

- Tá bom.

- Você tá anotando?

- Não.

- Você é um chantagista.

- Você é outro.

- Vamos parar com essa chantagem ridícula. A gente nem lembra mais o que deve um pro outro.

- Tá bom, eu paro. Mas só se você...

segunda-feira, outubro 20, 2008

Responda

Eu fico imaginando quem são as pessoas que inventam as perguntas pra concursos de melhor frase. Isso me ocorreu porque, recentemente, uma grande amiga ganhou um prêmio espetacular num desses. Aí, obvio, eu pensei: porque não tentar? Vai que eu ganho alguma coisa.

Mas não sei não se eu consigo ganhar alguma coisa.

Tudo bem que é melhor do que sorteio. Sim porque, supostamente, seu talento para criar breguices está sendo colocado à prova em nome de alguma recompensa.

Mesmo assim, continuo achando difícil.

Pra começar, quem inventa essas perguntas deve ser o mesmo tipo de pessoa que faz powerpoint de amizade pra mandar por e-mail.

E os trouxas aqui, seduzidos por um prêmio bacana, ficam pagando mico mental.

Já parou pra criar uma frase pra concurso? É o maior exercício de vergonha de si mesmo a que alguém pode se sujeitar. Noventa porcento das pessoas desistem nas três primeiras asneiras piegas e cretinas que pensam pra mandar pra um concurso desses.

A não ser que você seja um asno, piegas e cretino, claro.

Sabe aquelas perguntas "Porque eu mereço um fim de semana na Bahia?". Você vai responder o que, me diz? A verdade? então emenda lá " Porque eu trabalho pra caraleo, minha mulher é um megera, eu não tenho grana nem pra um fim de semana na Praia Grande, a Bahia é fenomenal, ninguém é trouxa de não querer ir e me passa aqui essa passagem logo, porra".

E frase de dia dos namorados? As piores. Coisas como "Crie uma frase de dia dos namorados com sabão em pó Lili e ganhe um cruzeiro pelas ilhas gregas com seu amor". Facinho: "No dia dos namorados eu vou lavar as cuecas do Jurandir com sabão Lili como prova de amor". Aquele 1 ano de sabão grátis tá no papo.

O Natal tá chegando (sim, já tem panetone no supermercado) e com ele vai vir concurso a dar com pau. Já pensa aí em frase com rena, papai noel, trenó, essas coisas.

E quando a sua família lembra que você é publicitário e, subitamente, começa a te enxergar como a galinha dos ovos de ouro dos concursos de frases?

Minha vó olha pra mim e enxerga uma lava louça.

- Meu neto, você escreve tão bem, faz uma frase aqui pra vovó?

Minha mãe então, baixa o Nizan na véia e ela vem com sotaque baiano e tudo: "quero 50 títulos pra esse concurso da geladeira até amanhã cedo em meu criado-mudo".

Bom, o fato é que eu venci meus preconceitos, ignorei meus valores estéticos, fiz pouco caso do meu amor próprio e mandei uma frase pra ganhar um Nintend Wii. Aí você conta isso e sempre vem alguém:

- Gasta, mas qual frase você mandou?
- Uma frase lá.
- Aham, mas qual?
- Uma frase, com palavras...
- Quais palavras?
- Umas em português.

Frases de concurso são coisas mais incofessáveis do que admitir gostar de Fabio Júnior (nossa, o que tem de gente que eu conheço se doendo agora depois dessa frase...).

Vamos fazer assim: se eu ganhar o video game, eu conto.

Mas Fabio Júnior não dá.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Queria esdar com o dariz endubido.

Tem uma pessoa aqui na "firma" que perde a linha na hora de passar perfume.

Sei lá, esquece que tem mais gente no mundo.

Eu sei quando ela está no mesmo andar que eu sem precisar vê-la ou ouvi-la. Vejam bem, eu costumo exagerar no meus relatos mas, nesse caso, eu tô é pegando leve. Aliás, quem exagera é ela que entorna perfume.

A mulher está do outro lado do andar, muita atenção, eu disse do outro lado do andar e eu aqui, a cerca de 20 metros, estou sentindo o cheiro como se enfiassem um vidro de perfume no meu nariz e levantassem a minha cabeça. Como se grudassem um gleid saché na meu queixo. Como se tivesse um daqueles malditos molequinhos que vendem aquelas bolotas de sândalo plantado aqui do meu lado.

Fico imaginando quem entra no elevador junto com ela logo cedo. Ou então aquele sujeito que entra logo depois. Sim, porque a mulher sai e o cheiro fica lá por umas 30 viagens. O pior é quando você entra no elevador, tá tudo empesteado e aí para noutro andar. Porque quem pega uma carona acha que é o sem noção é você, que o cheiro é seu.

Se essa mulher andasse de buzão a galera jogava ela no meio da rua.

Imagina o manobrista que pega o carro dela?

Imagina encontrar com ela e ganhar um abracinho logo cedo?

Imagina um cão farejador? O bicho desamaia.

Imagina ela saindo do banheiro quando faz número dois? É ótimo, a mulher já faz o que tem que fazer e automaticamente já exala o bom-ar.

Imagina almoçar com ela? Tem que ter área de fumante, de não fumante e de sem noção no perfume.

Imagina com esse calor que tá fazendo?

Não, você não imagina.

Sei lá, não é meio óbvio que 35 borrifadas vai ficar over?

Ela deve passar perfume com pistola de funilaria.

Cara, ela vai empesteando tudo. Onde ela toca, "plim" tá perfumado.

Ela disfarça o cheiro do Rio Pinheiros. Olha lá, achei uma utilidade.

O que eu faço?

Eu tô verde. Meu estômago tá do avesso. Eu quase não almocei hoje.

Boto uma máscara de gás quando a gente tiver reunião?

Tomo dramim toda vez que a gente se cruzar no corredor?

Dou um bambolê de 20 metros pra ela andar com cordão de isolamento?

Saio atrás dela vendendo uns pregadores pro pessoal?

Pra mim essa mulher compra passagem de avião só pra ir no Freeshop comprar perfume. Ela entra, finge que vai embarcar, compra uma Big Coke de perfume e vai embora.

Ela usa tanto perfume que, quando solta um pum embaixo do cobertor, o marido deve achar o máximo só porque o cheiro é diferente.

Bom, deixa eu para de escrever que, pelo cheiro, já vi que ela já tá virando a esquina e logo, logo chega aqui na minha mesa.

terça-feira, setembro 02, 2008

Quem canta...

... enrola enquanto não posta.

Como absolutamente todos perceberam, não ando lá muito assíduo nas letrinhas. Pelo menos não nas endereçadas a esse blog. Mas, porém, contudo, a produção segue em outras vertentes. Por isso, enquanto não tem post, deixo uma musiquinha de espera. Cover do Kings of Convenience (Stay out of trouble) que eu e o Dé Gomes gravamos no último ensaio da nossa, ainda embrionária, nova banda.

Dueto de vozes e violão. Enjoy :0)

ps. essa é minha casa e o vídeo não tem nada além disso. Digamos que é pra ouvir e não pra ver ;0)

domingo, agosto 17, 2008

Falência múltipla dos afazeres.

Quando a gente é criança, uma das coisas mais divertidas que pode acontecer é acabar a luz. Ficar com a casa cheia de velas, brincar de lanterna, ver sua família toda reunida na sala conversando pro tempo passar. Aliás, só assim mesmo pra maioria das famílias passar uma hora batendo papo.

Também não posso negar que sempre torço pra acabar a luz no trabalho. Daquelas de mandar todo mundo pra casa porque a eletropaulo falou que só volta as 22:00.

Mas, num apartamento do 13º andar, domingão à noite, sozinho e pra lá de crescidinho, que porre que é ficar sem eletricidade.

Primeiro caiu só uma das fases. Tudo aceso, web rolando mas fiquei sem televisão (ainda bem que não tava passando o jogo do verdão, se não eu ia ficar louco da vida), rádio relógio, telefone e, o mais grave, elevador. Preso nas masmorras. E eu precisando fazer compras já que a geladeira aqui de casa tem meio melão e umas cervejas.

Alguns minutos depois, breu total.

Bom, o negócio então foi tirar o melão do caminho, abrir uma stella, ficar sentadão na varanda, pegar o ipod e tentar roubar a rede wi-fi de algum vizinho abonado e iluminado nesse domingão neandertal que eu me vejo obrigado a viver.

Tive algum sucesso e consegui checar meus zero novos e-mails.

Não dá nem pra pedir uma pizza.

O que me salvou do tédio absoluto? A bateria do meu notebook enquanto escrevo esse post, claro.

Claro, não, foi no escuro mesmo.

segunda-feira, agosto 11, 2008

o avesso do avesso do avesso.

As vezes eu tenho a sensação de que as coisas nessa vida são sempre fora de ordem.

Não é?

Pensa comigo: nesse fim de semana você viveu uma esbórnia gastronômica. Mergulhou numa feijuca, escorregou num pavê, se enterrou num sorvete, dormiu num bolo, rolou na grama com um barril de choppe e fez o incrível truque do desaparecimento da caixa de bombons. Perda total. Ressaca moral. Você chafurdou meu amigo, minha amiga, botou a jaca na cabeça e saiu bêbado dando tchauzinho na avenida.

Me responde quantos dias você acha que vai levar pra compensar essa baixaria toda? Dois dias da mais verde jaca se recupera em quanto tempo? Cinco dias de saladinha, frutas e sopa de saquinho?

Agora imagina o seguinte: Você passou o fim de semana exemplar. Acordou cedo, correu, tomou um café saudável, comeu de 3 em 3 horas, passou longe da cerveja, não mandou nenhum doce, etc... Foi um caxias desgraçado, um saudavelzinho insuportável.

Quantos dias você acha que tem de Bônus por uma empreitada dessas? Um dia de nutella na veia com torresminho e lazanha?

Porque na vida tudo o que é trash te fode muito mais do que aquilo que é saudável é capaz de te salvar?

Preciso falar com quem manda nesse negócio.

segunda-feira, agosto 04, 2008

A Busca do saber.

Todo mundo sabe... ok, sem megalomania, algumas pessoas sabem que eu tenho uma série de posts aqui no Vida Perra chamada "Como cheguei no Vida Perra". Ela fala sobre os temas de busca mais esdrúxulos digitados no Google com os quais as pessoas acabam parando aqui. E vou dizer que isso as vezes me preocupa. Porque neguinho digita uns absurdos sem tamanho e o Vida Perra aparece em primeirão lá na busca. Quem manda escrever tanta merda?

Bom, por conta da série, eu sempre estou checando minhas estatísticas e verificando os links vindos de lá pra descobrir os tais termos de busca.

Depois de tanto tempo, identifiquei uma categoria especial de pessoas que merece um post exclusivo só pra elas: as pessoas que têm certeza de que o google é um telemarketing. Ou que ele é uma entidade. Ou que ele é o SAC de Deus. Ou um sábio Leprechaum. Ou o gênio da lâmpada. Ou sei lá que cacete pensa esse povo.

A pessoa entra lá e digita:

"google, eu quero saber a melhor maneira de fazer um convite para uma festa de aniversário"

Essa mesma pessoa dá boa noite pro William Bonner no Jornal Nacional.


"queria ouvir a musica infantil evangelica que o menino fala eu tenho muitos amigos por lugar de todo jeito mais o meu melhor amigo é o meu pai"

Isso aqui não é a Transamérica, é um programa de busca. Só faltou mandar um abraço pro pessoal de Guarulhos.


"SÓ GRAVURAS DO PANTANAL SEM TEXTO EU NÃO QUERO COMPRAR GRAVURA QUERO PARA FAZER O MEU TRABALHO QUE ATE AGORA NÃO ACHEI NEM UMA BOA"

O cara dá esporro no google.


Sei lá né, a pessoa deve chegar na frente do computador e falar assim "Oi, por favor, o Google está? Aqui é Gisele. Google, você tá aí? Goo? Alô? Ai, droga, aparece Google, eu preciso te perguntar um coisa importante."

Pois é, de repente o Google saiu. Foi tomar uma cerveja com o Yahoo. Tá pegando a Wikipedia...

domingo, agosto 03, 2008

Seu guarda, dois choppes e a conta.

Já sei como driblar a lei seca.

Vou poder tomar meu choppinho e voltar feliz pra casa.

Vou comprar um carro branco e botar nele um luminoso de táxi. Blitz nenhuma vai parar um táxi. Além de tudo eu posso faturar uns trocos pra pagar a cerveja.

Não é fantástico? Como eu não tinha pensado nisso antes?

O Bacana é que ainda posso largar a caranga no ponto de táxi. Nem com estacionamento eu preciso gastar.

Eu também posso pegar umas passageiras. Eu saio, ganho dinheiro e levo uma gostosa pra casa! Gênio.

Promoção: mulher bonita que quiser ir pra casa é 5 reais. Se quiser ir lá pra casa é inteiramente grátis (café da manhã incluso). Se for feia, só fazemos corridas para o aeroporto.

Pensando melhor eu acho que vou comprar uma kombi.

Lotacão do Gastão.

Me aguarde.

domingo, julho 27, 2008

Don't worry, be healthy

Quebrei uma invencibilidade que já durava quase dois anos: fui ao McDonalds.

Eu ia muito no Mc, confesso. Eu gosto daquele treco. Mas, depois de ficar tanto tempo numa dieta talibã, acabei me desacostumando, desentoxicando e desencanando do mundo gorduroso de Ronald McDonald.

Meu único fraco em relação a tudo isso eram os brinquedinhos do McLanche Feliz. Pois é, fiquei quase dois anos perdendo todas as promoções. Felizmente, pessoas amadas e profundas conhecedoras de meu lado adorador de bonequinhos e toy arts de todos os tipos, recentemente salvaram minha alma com o Urso do Kung Fu Panda (tks Rô). Tá na minha mesa do trabalho ao lado do robô de lata, do cachorro de íma, do saco de pum e da caneca do Cartoon Network.

Mas, contrariando a tudo e todos (inclusive a mim mesmo) acabei cedendo e indo ao famigerado templo do M amarelo. Trabalhando num belo domingo de sol com minha fiel escudeira Juju, lá fomos os dois nerdzinhos em busca de uma refeição rápida e que não nos deprimisse o suficiente a ponto de não conseguirmos voltar pra agência ou nos fizesse pular de cima da ponte estaiada.

Do lado de fora já vem aquele cheirinho inconfundível e hipnotizador. Entrei e achei tudo muito familiar. O Big Mac tava lá, ainda no número 1. O quarteirão, o chedar... olhei aqueles menus coloridos e pensei comigo mesmo: vou comer essa merda, mas vou ser saudável.

Ao contrário do que se possa imaginar, não demora muito pra escolher seu lanche se você não quiser algo junkie no McDonalds. Tem lá uns 3 sandubas de frango grelhado cumprindo esse papel. Escolhi um desses, pedi uma coca zero e uma saladinha ao invés das batatas.

Eu tava achado tudo isso meio bizarro. Mas acho que todo mundo já teve seu dia de tentar ser saudável no McDonalds.

Sentei na mesinha do lado de fora, cercado de pardais e pombos que esperavam migalhas. Bicho burro, vai morrer de câncer. Ou então teremos pardais de 3 olhos no Itaim daqui uns anos.

Mas enfim chegou a hora de provar meu almoço politicamente correto.

Dei minha primeira mordida no sanduba e nada. Segunda mordida e nada. Terceira, quarta, quinta, sexta abocanhada e absolutamente nada.

Como assim, nada o que? Nada de gosto ué. Pão sem gosto com frango sem gosto (aquilo não é grelhado nem aqui nem na China) e salada sem gosto.

Eu experimentei o nada. Tem noção do quão transcedental é alimentar-se do nada? Tibetanos passam a vida inteira tentando isso e eu consegui no balcão do Mc por 10 reais. Aquele negócio que eu me recuso a chamar de saunduíche pra não ofender a classe, foi a coisa mais insípida que eu já provei na minha vida. Deviam chamar de McVento, McIsopor, McPorra nenhuma...

Ainda se fosse ruim, vá lá. Ruim é melhor do que nada porque, pelo menos, existe algo ali que pode não ser gostado.

Se você um dia entrar no Mc, vai pras cabeças, manda um Big Mac. Se quiser ser saudável, lambe o braço que tem o mesmo gosto daquele sanduba.

Acho que esses lanches servem mesmo pra isso. Pra você tentar manter a forma e desistir.

Da próxima vez vou com tudo.

- Batata extra por mais 50 centavos, senhor?
- Sim.
- O dobro de queijo e triplo de carne senhor?
- Manda.
- Sundae de chocolate com sobremesa?
- Claro.
- Refrigerante de 10 litros, senhor?
- Sim. E do normal.
- O senhor está querendo se matar, senhor?
- Também, quero.
- Obrigada senhor, nunca na história do McDonalds um cliente aceitou tudo o que eu ofereci pra ele aqui no balcão.
- Ótimo.
- Senhor, só mais uma coisinha.
- O que?
- Ajuda as criancinhas com câncer colocando uma moeda para o instituto Ronald Mcdonald?
- Não. Sou junkie mas não sou hipócrita.

domingo, julho 20, 2008

Acha bonito ser feio?

Tudo começou com uma discussão sobre rock stars. Ela dizendo que o Iggy Pop e a Amy Winehouse eram bonitos, charmosos, sexy e sei lá o que mais. Eu achando que era o sinal dos tempos ver uma gatinha falando aquilo. Da parte que me compete, tô passando a Amy pra quem quiser. Feia que é o cão, aquele ninho de mafagafo na cabeça, dente faltando, toda zuada... Imagina aquilo acordando? Benza deus. Já o Iggy Pop, alertei minha amiga de que, apesar de todos os dentes, por ali deve estar em falta uns 70% dos nerônios, fígado, baço, um pulmão...

Feiura até passa, mas podia pegar uns exemplos mais inteiros. Tudo bem que há quem defenda que um conjunto de defeitos compõem um estilo. Estilo Feião assumido, só pode ser.

Bom, também tem aquele papo de, quem ama o feio, bonito lhe parece. Medio né?

Tenho uma amiga que tem um exército de amiga gata. São hordas de amigas gatas. Eu pago pau pra, por baixo, umas quatro. E ela quer botar na minha fita justamente uma feia. Pô, assim não dá, tão querendo me derrubar.

- Mas Gasta, ela é super legal. As outras gostam de axé, essa gosta de rock.

Tudo bem, fone de ouvido tá aí pra isso.

Já outro exemplo, também baseado na minha existência, assinala o contrário.

Tem a prima de um amigo meu que é feia. Mas é uma graça. Sabe? Feia bonita? Cara ela é feia, se você olhar pra ela vai virar pra mim e falar assim:

- Gasta, essa mina é feia.

E eu vou responder.

- Muito. Mas é linda.

O problema é que além de feia e linda ela é meio novinha para os meus 32 anos. Digamos que está abaixo da idade de corte. Mas é muito gatinha... e feia.

Ainda bem que existe gosto pra tudo e pra todos. É, vamos combinar que eu não so o príncipe da dinamarca também...

Mas de dragão, já chega o que eu tenho no braço.

terça-feira, junho 24, 2008

Aquela que o guarda matou.

Todo mundo viu as novas punições pra quem for flagrado dirigindo bebum?

Quase 1000 reais de multa, 7 pontos e suspensão da sua carteira por um ano, apreendem seu carro, te prendem, você responde processo pode pegar de 2 a 4 anos de cadeia, quebram seus brinquedos, salgam suas terras, matam sua família, envenenam seu cachorro e fazem você dançar Créu no programa da Luciana Gimenes.

Tudo por causa de um chopp. Tomar chopp tá pior que assaltar banco. Alguém topa assaltar um banquinho sexta à noite?

Você tá lá no xilindró e o cara te pegunta:

- E aí, quantos chopps você tomou?
- Só um e você?
- Tomei duas long necks mas falaram que era sem álcool. Batizaram minha empada, só pode. Eu sou inocente, eu sou inocente pô!

Tudo bem, tem muita gente fazendo bobagem por aí, enfiando a cara no poste, etc... Mas precisava proibir total? Não podia manter a cota de 2 chopps que tinha antes? Segundo os médicos, é um teor alcoólico que não interfere nos sentidos. Pelo menos pra poder molhar a garganta...

Parece até que acordei na Suiça.

Aí eles vêm e falam: "Vai e volta de taxi".

Sabe quanto morre de taxi, na bandeira 2 pra ir e voltar da minha casa até a Vila Madalena? 80 paus. Sabe quantos chopps dá isso? Vinte.

Tudo bem que são só 15 bafômetros pra 6.000.000 de carros. Mas eles estão montando blitz perto dos bares.

Eu tô meio sem rumo. Porque eu não tenho boteco perto de casa. Oitentinha de taxi é ruim de mais. E aí, eu não posso mais beber? E a minha vida social?

Por falar em social, alguns dados sociais serão modificados nos próximos anos. Haverá um aumento substancial no número de mulheres feias que ficarão com caras que não dirigem.

Isso sim é que é lei seca. Todo mundo careta, ninguém chega mais em ninguém. Vai ser uma seca danada.

E agora?

Faz um churrasco e leva 1 quilo de carne e uma caixinha de Fanta uva? Combina um Tang de sexta à noite? Chama uma gata pra um guaraná zero?

O Negócio vai ser pular etapas e já convidar a mulher pra um vinho lá em casa. Com a vantagem de que ela não vai poder dirigir e vai ter que dormir por lá mesmo. Até que essa proibição não foi de todo mal. Como todo bom brasileiro, a gente sempre acha uma brecha na lei pra se beneficiar.

segunda-feira, junho 23, 2008

Maravilhas da Modernidade: Vanish

Vanish é o produto de limpeza do sem noção. Do bebum. Do desastrado. Do que almoça na sala vendo tv. Do que chamava a mãe quando caia algo no tapete, pronto pra levar uma comida de rabo. Ou seja: o meu, o seu, o nosso produto de limpeza.

Outro dia o mongão aqui (que mora sozinho e faz todas as refeições na sala vendo TV), botou um copo de suco de uva no braço do sofá. Na hora do primeiro gole, a constatacão: um belíssimo círculo cor-de-vinho estava decorando o local. Importante dizer que meu sofá e branco.

Eu só consegui pensar numa palavra: burro. E aí, faço o que?

Faço um carimbo com o copo e mudo a estampa do sofá pra um motivo de círculos?
Faço outro círculo do outro lado pra ficar simétrico e dizer que é assim mesmo?
Tinjo tudo com suco (essa é a pior idéia mas, sem dúvida, a mais divertida).
Boto os controles-remotos encima?
Explico pras visitas que aquilo é um campo de pouso pra mosquito?
Boto um abajur?
Jogo o problema pra Jô?
Aproveito que é festa junina e remendo um quadrado xadrez?

Usei o tal do Vanish. Porque veja bem, não dá pra por um sofá de molho. Só se você tiver piscina e, mesmo assim, não acho uma boa idéia. Eu tava achando que ia ter que conviver pra sempre com aquele círculo me chamando de otário. Aí sumiu. Adoro coisas que não dão soluções meia-boca. Espirra o bagulho, passa um paninho e foi-se.

Tão bom ter algo que você usa e resolve uma grande besteira. As vezes dá vontade de fazer uma caipirinha com aquilo.

Por isso que, ao lado do Geroge Foreman Grill e do Aspirador de mão, eu elegi o Vanish a terceira maravilha da modernidade de Gasta.

sábado, junho 21, 2008

Ronc

Uma das piores esperas que existem (e tem gente que vai jogar na minha cara que tá esperando eu postar há semanas...) é a espera pra comer. Não falo aqui sobre fila de restaurante, porque pra essa você ganhou uma senha, escolheu esperar, pode sempre ir pedindo uma birita pra enrolar e já chega meio bêbado na mesa. Mas, depois que você sentou, escolheu o que vai comer e vê seu prato demorar horas, isso sim tira o humor geral.

Aí vem aquele festival de comentários obrigatórios: "pô, o cara foi caçar a galinha pra fazer meu frango", "cacete, foi matar o boi pra fazer meu bife", "porra, foi plantar alface pra fazer minha salada".

E sua barriga lá fazendo sons guturais.

Pra mim essa demora sempre gera alguns problemas. Eu acabo a bebida antes de chegar a comida e tenho que pedir mais bebida. Empanturro-me de pão. Fico pescoçando o prato dos outros. Faço truques com palitinhos e envergonhando o amigos... (o da hélice na ponta do nariz é meu hit).

Ruim mesmo é quando o garçom traz a batata frita muito rápido, do tipo "come aê que que o resto vai demorar uns 3 dias".

Fora que sempre tem aquele casalzinho que chegou bem depois de você e recebeu o prato antes. Sempre.

Bom era no Macdonalds quando faziam aquelas promoções de "seu pedido em até 1 minuto". Quero dizer, bom pra gente né, porque o coitado que trabalhava lá tinha uma úlcera por dia. Os nêgo pareciam o Enéas falando com você: "Senhorsobremesaacompanhasenhorsundaecomcaldadecaramelosenhor".

Por falar em promoções de minuto, um dia desses eu resolvi pedir Habibs. Eles têm aquele lance de entrega em até 28 minutos ou você não paga o pedido. Pedi às 20:15 e fiquei aqui no computador lendo uns emails, dando uma navegada, etc. Quando eu olho no relógio, 20:42. Ah, finalmente vou pegar esses malditos. Deixa até eu guardar meu di... "prrr, prrr". Interfone. Motoqueiro feladap...

Bom mesmo é miojo, prato predileto de 9 entre 10 ansiosos. E mesmo assim você fica olhando pra panela enquanto ele cozinha.

terça-feira, junho 10, 2008

Clico, logo existo.

Olhando a nuvem de tags do meu flickr, cheguei a conclusão de que eu sou o que fotografo.

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domingo, junho 08, 2008

Juro que ouvi.

Gasta na fila do banheiro da balada, 3am, umas e outras na cabeça. Um cara encostado na parede, outro se aproxima. Gasta pescoça o assunto:

- Tem fogo aí?
- Cara, estou há exatos 6 meses e sete dias sem fumar um cigarro.
- Pô, bacana.
- E há 4 meses e 23 dias sem fuma um back.
- Ah, você parou com o cigarro e depois com a maconha?
- É.
- Mas aí você começou a beber mais depois disso?
- Não. Mas tô estudando bastante.

domingo, junho 01, 2008

Microanta.

Frio de lascar nessa cidade. Estalactites de gelo descendo pelo teto do meu apartamento. Leseira monstra e visual mendigo: barba por fazer, chinelo arrastando, enrolado num cobertor. Só faltou um vira-latas me seguindo. Sair de casa? Só até o outro lado da rua pra buscar pão. Faz parte do sacrifício em nome da toda poderosa preguiça que me impede de cozinhar algo pro jantar. Macarrão eu já fiz pro almoço. E tem hora que o que resolve mesmo é um bom pãozinho com manteiga e um chá bem quente.

Eu tenho uma caixinha com pequenos tabletes de manteiga em casa. Como não costumo usar, comprei e congelei pra poder refogar algumas coisas (de 5 em 5 meses...). Tirei uma do freezer enquanto os pães aqueciam. Precisava derreter aquele treco pra passar neles.

Abri o tabletinho e botei no microondas. Botei com o papelzinho embaixo pra não fazer meleca. Apertei 15 segundos na potência alta.

Meu microondas virou a televisão do Poltergeist.

Começou a vir uma luz colorida de lá de dentro. Manja o exterminador do futuro? Tava com medo de abrir a portinha do microondas e sair uma voz: "Are you Sarah Connor?". Eu fiquei apertando os botões e o negócio não desligava. Fazia um barulho de guerra intergalática e parecia uma discoteca lá dentro. Algo me dizia que a manteiga não tava dançando, mas que iam ligar fumaça a qualquer instante.

Se alguém aí viu o último episódio da 4 temporada de LOST sabe que eu quase fiz meu prédio mudar inteiro pra Vila Mariana.

Quando consegui parar, subiu um cheiro de coisa queimada. A manteiga tava lá, intacta. O papelzinho, que na verdade a gente deveria chamar de metalzinho enrustido, tava com um pedaço queimado.

Pois é, quase demoli a cozinha com um pedaço de papel de 8 centímetros.

Eu tremia tanto que era só segurar a faca encima do pão que a manteiga espalhava sozinha. Não conseguia nem engolir o chá porque o coração tava no meio da garganta impedindo a passagem.

Na padaria improvisada na casa de Gastón as coisas são assim:

- Um pão na chapa, por favor?
- O Senhor vai querer o seu com ou sem emoção?

quinta-feira, maio 29, 2008

idéia LTDA

Então um dia você está lá e realiza o grande sonho da sua vida: abrir uma empresa só sua. Puxa vida, não vai ter mais patrão, vai prosperar, ficar rico, montar um verdadeiro império. Como absolutamente toda empresa desse mundo, você tem que escolher um nome para a sua, não é mesmo? O nome que você quiser, meu amigo, a empresa é sua. Faz uma listinha, pensa, pensa mais um pouco, mostra pra esposa, pros amigos, pede sugestões, conselhos, olha o dicionário, etc.

Então um dia eu estou lá na marginal pinheiros e vejo num caminhão baú, escrito em letras garrafais: FUCK. Olho uma segunda vez pra me certificar de que não estou enganado. E uma terceira e uma quarta vez também. A lateral do caminhão não mudou, o FUCK de três metros de altura continua lá. Sim, minha gente, FUCK. O cara abriu uma empresa e colocou nela o nome de FUCK. Fudido né? Eu acho que o site deles devia ser vaivoce.com.br. Imaginou se ele resolver exportar? Fiquei pensando num outdoor lá nos EUA "Be smart, Get a Fuck".

Também teve o sujeito que abriu uma empresa de ferryboat pra ligar Niterói ao Rio. Pensou, pensou, pensou e escolheu o gloriso nome de Jumbo Cat. Agora todos os niteroienses pagam Jumbo Cat logo cedo pra chegar ao Rio de Janeiro.

Ontem, assitindo a um jogo pela TV, noto que entre as placas de propaganda havia uma da Vipal. Já pensou? Meu amigo, você trabalha onde? - Vipal. Toda vez que o cara vai responder tem que tirar as crianças da sala.

Pois é, toda empresa tem um nome a zelar. Mesmo que pra isso você tenha que mandar alguém pra aquele lugar.

segunda-feira, maio 26, 2008

Como cheguei no Vida Perra - Epis IV

Mais um espetacular e elucidatório capítulo da série de posts predileta de dez em cada dez leitores do Vida Perra. Todos os dias, dezenas de internautas incautos digitam termos de busca no google e vêm parar nesse blog. Eles aqui aportam sedentos de saber, cultura, em busca de um conhecimento inatingível e se deparam com um monte de asneiras de minha própria autoria.

Mas essa sensacional série visa, justamente, não desapontar nossos amigos navegantes do cyberespaço. Aqui ninguém sai sem resposta. Ninguém perde a viagem.

Com vocês o espetacular, o sensacional, o incrível "Como cheguei no Vida Perra - episódio 4".

Previously, no Como cheguei no Vida Perra (sentiu o drama né? Tô fazendo igual ao Lost) dissecamos o tema "a mulher do shampoo me vê pelado". Foi realmente um tema inesquecível.

Bom, mas vamos ao que realmente interessa.

Todos já estão acostumados com os procedimentos de praxe. Fechem os olhos (mas se eu fechar os olhos como é que eu continuo a ler seu post, seu imbecil?), limpem as mentes, imaginem aquela telinha branca do google. Nessa semana, algum pobre internauta recorreu ao grande oráculo da internet e digitou:


"copo que quebra sozinho"


Para responder a tal questionamento, o Vida Perra não poupou esforços e trouxe uma convidada especial, a especialista em fenômenos paranormais de cozinha, vamos receber com uma salva de palmas, Jô!

- Obrigada seu Gastón. Oia, copo esprode sozinho que eu já vi com esses zoio aqui ó. Na casa do Seu Rodolfo, por exemplo. Ele me mandou embora porque falou que eu quebrava os copo dele mas, pra mim, lá tinha quebranto na pia. Um dia eu tentei levá minha tia benzedeira lá pra tirá aquele dimônio da casa do seu Rodolfo. Eu tava lá parada e de repente esprudia. Assim: crequi. Juro pro sinhô Seu Gastón, eu vi, eu vi. Porque nessa vida eu nunca quebrei um copo. Nenhunzinho. Foi tudo obra dos esprito. Afe, até me arrupiei agora.

domingo, maio 25, 2008

Tá chegando.

Ano passado eu fiz a mesma coisa. Será que esse ano alguém vai resolver encarar? (Aliás, quem foi ano passado entrou pra galeria dos amigos e tá voltando esse ano).

Pois é, estou convidando meus leitores pra, na cara e na coragem, darem o ar de sua graça na minha baladinha de aniversário.

E aí? Vai, fica ou tá com medo?




Mapa (caminho mais fácil)
Som do Look. Without hands

domingo, maio 11, 2008

O Show de Gasta

Ok gente, pode parar com a brincadeira que eu já percebi tudo: vocês são figurantes de um reality show e eu estou sendo filmado 24 horas por dia pra passar em algum canal de TV a cabo.

É isso, não é? Que nem o Jim Carey naquele filme?

Só pode ser. Alguns podem pensar assim: Gasta, que paranóia egóica é essa?

Cara, não é possível, alguém tá escrevendo uns roteiros pra mim. E deve ser o Renato Aragão porque todo dia é uma piada.

Coincidências bizarras. Personagens insólitos. Perrengues contínuos. Detalhes sórdidos.

Isso explica porque todo mundo se conhece. São núcleos de novela. E, pra economizar na produção e não precisar pagar muitos atores, as pessoas vão se "conhecendo". Aí é um tal de ex que conhece prospect que é amiga de fulana que tá namorando com cliclano que foi namorado de beltrana que quer voltar com não sei quem porque ouviram dizer que ela tá afim de você. Pra mim é tudo ator.

Pois é, desconfio que tem até alguém responsável pela trilha sonora da minha vida. Verdade. Quer ver só? Outro dia mesmo, quase tendo uma convulsão embaixo de uma pilha de trabalhos, uma amiga sugere que eu substitua o Billi Idol porque ele tá velho e tudo o que eu tenho feito é "Dancing with myself" (estou realmente trabalhando por umas 5 pessoas ao mesmo tempo). Rimos da história, tiramos um sarro de nós mesmos e pronto. Saio as 22:00 da agência, ligo o rádio e o que estava tocando? Exato. Comecei a mostrar o dedo em todas as direções porque sei que alguma câmera ia filmar.

Imagino que já deve estar nas lojas o "Show de Gasta Internacional". A capa deve ter uma foto minha cantando no carro.

Bom queria pedir aos roteiristas que caprichem um pouco mais no enredo. Tá muito mirim isso aqui. Coloca uma sacanagem, umas orgias, dá o papel de esposa pra alguma mulher do nível da Scarlet Johanson, faz eu jogar no Barcelona, ser um astro internacional do Rock e me arruma aí uma volta ao mundo na próxima temporada.

Vamos gente, vamos dar ibope pro programa. Assim eles conseguem uma verbinha melhor.

Só mais uma coisa: alguem aí assistiu o capítulo de quando riscaram meu carro? Pô, queria saber quem foi o Fdp...

segunda-feira, maio 05, 2008

Agente infiltrada.

- Alô.

- Jô?

- Quem tá falando?

- Sou eu Jô, o Gastón.

- Ô Seu Gastón, tudo bem?

- Tudo Jô. Seguinte: você pode ir em casa na quinta ao invés de sexta, nessa semana?

- Craro Seu Gastón, posso sim. O senhor vai ficar em casa e quer dormir, é?

- É mais ou menos isso. Eu vou trabalhar no feriado e queria a casa limpinha já na quinta a noite.

- Hummm, entendi. Seu Gastón, adivinha onde eu tô?

- Não faço a menor idéia Jô.

- Tô embaixo da sua casa hihihihi.

(pronto, a Jô cavou um buraco no meu assoalho)

- ????

- Tô limpano o apartamento embaixo do seu hihihihihi.

- É mesmo Jô?

- É, o porteiro arrumou o serviço pra mim.

- Jô.

- Diga Seu Gastón.

- Por acaso tem um ventilador de teto aí no quarto do casal, bem embaixo da minha cama?

- Tem sim, como o sinhô sabe? O Sinhô já veio aqui?

- Não, não... erh, eu imaginei que tivesse.

- Hummm.

- Jô, quero te dar uma dica.

- Craro Seu Gastón.

- Limpa bem esse ventilador por dentro.

-Por dentro?

- É, por dentro. Joga água nele, muita água pra ficar bem limpinho. Aproveita e passa detergente. Muito detergente, um tubo inteirinho que nem você faz aqui em casa pra limpar o box do meu banheiro. Ah, e sabe o que eu ouvi dizer que é bom também pra limpar motor de ventilador? Super Bonder. Se você encontrar umas engrenagens, bota um super bonder que fica limpinho. Se não tiver aí, na gaveta do meio do aparador da minha cozinha tem uma que eu comprei pra colar as coisas que você qu... que quebraram lá em casa.

domingo, maio 04, 2008

Anarquistas graças a ele.

Fico vivendo de sopros de memória. Dele, acho que só uma foto em branco e preto, montado reto sobre uma moto. Uma BMW, R61 se não me engano. Ainda me lembro de um jogo de trunfo que tinha quando garoto em que minha avó reconheceu o modelo. Como disse, são sopros de memórias. Na verdade, só me coube juntar pedaços de lembranças de alguém que se desencontrou de mim. Partiu cedo, montado numa nuvem de idéias, deixando nome e anonimato.

Foi de passagem na Pompéia que meu pai ficou saudoso nas lembranças de criança. Na Rua Diana, número 53. A casinha ainda está lá, há poucos metros do Palestra Itália. Lembrou dos tempos da segunda guerra, da fila do pão de mão dada com a minha avó, da briga, da gente mudando de roupa pra tentar passar duas vezes no balcão. Lembrou da D. Ítala dissolvendo macarrão pra fazer um filão.

- Tempo difícil aquele, viu? Hoje é tudo tão mais fácil, imagina só, forno movido a carvão.

Sei que trabalhou consertando vitrolas. Ganhou a vida ouvindo música. Sei que a maioria dos imãos era artista. Artesãos, serralheiros, carpinteiros, músicos. Do meu modo sigo a mesma trilha.

Digo que dele pouca lembrança me foi dada pra montar meu quebra-cabeça de imaginação. Dele eu tenho o Giannetti. Do senhor Gualtiero, filho de Alemano, pai de Renato e Claudio. Dele eu tenho curiosidade, saudade infundada e sangue nas veias. Tenho brios de uma Itália que não era nossa. Tenhos ganas pelo meu Palmeiras que carrega na história a história que é minha e dele. Tenho em São Paulo a terra que compartilho orgulhoso com meus antepassados varões.

Meu outro avô, o de quem tenho lembrança viva, dizia que tua alma voltaria pra cá em mim. Que eu seria você e você seria eu. Mas depois de nascido o rebento, te viu em éter brincando comigo no berço. Quem diria que na pureza de criança eu ainda ganhei do teu carinho.

Vô, eu não conheço o senhor. Hoje o senhor faria 100 anos. E de mais memórias que eu possa viver sobre o sua existência, te dedico minha palavra e a quem quer que leia. Se o teu sangue vive em mim, minha alma te dá vida nesse 4 de maio.

domingo, abril 27, 2008

Coisas de Marte

Eu me divirto com as pérolas que vêm de algumas das minhas amigas. Dia desses ouvi várias, de uma tacada só.


"Eu descobri que tinha que calibrar o pneu do carro depois de uns anos. Não sabia porque, com o tempo, minha direção tava ficando tão dura pra manobrar."

Ela nunca olhou pro pneu do carro e viu que ele tava meio diferente. Acho estranho essas coisas. Visão seletiva? É, porque pelo que me consta mulher repara em tudo. Garanto que no pneuzinho das amigas ela repara há quilômetros. Se aparece uma fulana com um fio fora do lugar as mulheres sabem. Se a ciclana cortou meio centímetro de cabelo elas percebem. Se a beltrana repetiu uma roupa de doze anos atrás elas comentam com dia, local e hora. Mas no pobre pneu do carro que elas dirigem todo dia, não percebem diferença nem se aquilo parecer um pãozinho amanhecido.


"Eu não sabia que gillete era descartável. Meu namorado uma vez reclamou que precisava comprar umas novas e eu disse: mas faz só duas semanas que você comprou essa."

Pois é né. E essa minha amiga não sabia porque a perna dela tava quase em carne-viva. Quase tomou uma anti-tetânica. Aquela gillete de seis anos no armário e ela felizona se escalpelando.


"Lá em casa tá tudo meio precário ainda. Tem minha cama, meu microondas e minha TV. Mas a TV eu não consegui instalar. Não funcionou. Liguei na tomada e não pegou nenhum canal. Ai meu namorado perguntou: mas você botou uma antena? Chamou a Net? Não. Ah, sei lá, achei que era que nem liquidificador, que a gente liga na tomada e pronto."

Eu espero que ela não coloque um mamão lá dentro pra ver se sai uma vitamina. Juro.

É meninas, vocês precisam da gente.

quarta-feira, abril 23, 2008

Qual é a música?

Queria saber em que parte do nosso cérebro fica o ipod. Sim, vai lá nos livros de anatomia, você vai ver que seu cérebro é composto de córtex, cerebelo, tronco encefálico, hipotálomo, glândula pituitária e ipod nano.

Caramba, então de onde raios vem aquelas músicas que grudam na minha cabeça?

Só pode ter um ipod nano. Ou então o Maestro Zezinho mora dentro dos meus neurônios. Será?

Esses dias eu tenho passado horas cantando duas músicas em especial*. Sempre os mesmos trechos que se repetem incessantemente no pensamento. E, claro, as vezes escapam pela boca. Meu ipod da cachola tá com o botão repeat acionado. E quebrado.

O mais legal é que a pirataria também rola solta nos ipods cerebrais. Experimenta cantar alto a sua música grudenta pra ver se todo mundo que tá em volta também não fica com ela na cabeça? Pois é conexão Wi-Fi. Ruim é quando alguém te passa uma música brega. Porque essas não há cristo que apague. Aí você é obrigado a ficar ouvindo porcaria o dia todo.

Não tem jeito. Música, idéia e gente, quando dá pra ser boa, lota o HD. Andei fazendo uma bela limpeza. Cansei de umas músicas, botei em prática minhas idéias e deletei um monte de gente que não presta.

Sempre bom abrir espaço na memória pra coisas novas.



*Hard Rain (Shout out Louds) e Match Box (The Kooks)

segunda-feira, abril 21, 2008

Sem precisar de nome.

Terça é um dia escasso pra notícias. A semana mal começou, a vida não mudou muito desde ontem. Tudo o que estava ali era a xícara fumegante e jornal sem uso. Adorava pegar um jornal antes de todo mundo, com as folhas ainda certinhas, os cadernos bem dobrados e encaixados e o cheiro de tinta guardado. Costumava apoiar o caderno de esportes em cima da mesa, ainda lendo repercussões dos jogos do fim de semana. Seu time ganhou, queria mesmo avidamente os comentários. Nós homens temos isso. Queremos que falem exaustivamente das vitórias gloriosas dos nossos times. Assim como queremos falar exaustivamente sobre o que quer que seja de glorioso que fizemos para nos manter homens e vitoriosos. Somos tolos.

Levantando a cabeça de tempos em tempos pra observar os pedestres do outro lado do vidro. Num roteiro quase Nova Iorquino. Quase Paulistano. Quase escrito. Pediu mais um. Sempre forte. Dessa vez postou as mãos ao lado da xícara e ficou afastando e aproximando pra sentir seu calor. Naquele dia seriam 2 logo cedo pra aguentar o tranco e a cadência do que sabia que viria. Bebeu, saboreou, sentiu preguiça de ter que pagar a conta e abandonar o lugar. Ali era tudo tão quente e confortável, tudo tão despretencioso e calmo. Já reparou como são os ambientes desses lugares? São marrons, amadeirados, levemente escuros e acolhedores. Colocam você dentro de uma xícara e despejam aroma sobre sua cabeça.

Como viveu tanto tempo sem paladar... Como viveu tanto tempo sem aquela atendente vindo dar-lhe a bebida? Agora tudo o que ele podia desejar eram doses diárias. Do cheiro, do gosto, do calor, da idéia.

Esse tempo passou. O que importa é daqui pra frente. Que venha sua água dividir os meus rumos, se embeber de gosto e despertar. Porque o tempo provou que se pode saborear até do que já teve amargor. Se não provarmos, nunca saberemos se tem sabor.

terça-feira, abril 15, 2008

Para os heróis da resistência.

De seis em seis meses, mais ou menos, chega o dia de comprar Shampoo. Sim, esse assunto já foi discutido e elucidado inúmeras vezes nesse blog, mas sempre é bom lembrar aos cabeludos desavisados que carecas usam shampoo. Sim, eu sei que eu raspo com máquina zero, mas eu uso shampoo. Sim, meus cabelos aqui dos lados ficam sempre muito curtinhos. Mas ainda sim eles são cabelos, ao contrário da maioria presente (ausente?) eles não me abandonaram e merecem ficar limpinhos. E eu tenho uma careca cheirosa. E tenho dito.

É um desgaste toda vez que eu falo de shampoo...

Mas enfim, chegou o jubiloso dia da compra. Evento que me faz ir mais feliz ao supermercado. Hora de contemplar aquela gôndola enorme que permanece ignorada por tantos meses, com suas fileiras imensas de tubos coloridos.

Na época em que eu tinha franja, vendia-se apenas três tipos de shampoo: pra cabelo seco, oleoso ou normal. O mais diferente que existia era condicionador neutrox. Hoje em dia cada marca tem dez modelos diferentes. Bom, o jeito foi ler as embalagens e ver se alguma coisa combinava com as minhas necessidades.

Cachos soltos. Não. Na verdade eu tenho os caixos soltos mesmo. Soltei de mais, eles se perderam e nunca mais conseguiram voltar pra casa. Mas eu não sou viúvo de peruca, não tô esperando ninguém voltar.

Hidra Liss. O que é isso? Se eu tivesse que usar algo Hidra Liss eu não saberia o que eu sou.

Oil Repair. Esse eu compraria pra por no carro. Desculpa mas Oil Repair não é nome de shampoo, é nome de aditivo. Você nunca foi no posto e o frentista te tentou empurrar isso? "Dotô, o sinhô vai querer o Maxxi Power Plus ou o Maxxi Power com Oil Repair?

Long Strong. Bom, essa parte do corpo eu lavo com sabonete mesmo.

Volume controlado. Esse era bom pra Jô. Porque ela fala mais que cego na chuva, se desse pra regular o volume daquela mulher ia ser uma maravilha, eu nem precisava sair de casa quando ela vem aqui fazer limpeza. Botava no mute e ficava tranqüilo.

Quimi-resist. Também não porque aqui num mi resistiu porra nenhuma. Caiu tudo no chão.

Normais. Se eu não sou normal, meu cabelo muito menos (alias é muito menos mesmo. Menos cabelo).

Custava alguém fazer um shampoo para poucos cabelos? Ou um shampoo para cabelos fiéis? Ou quem sabe um para cabelos afastados uns dos outros?

Despois de quase ser vencido pelo cansaço e pela decepção de ser ignorado por toda a indústria farmacêutica mundial, ali, quase escondidinho, bem na prateleira de baixo, finalmente encontrei um shampoo feito pra mim:

Brilho deslumbrante. Bota aí uns óculos escuros que é hoje que eu vou dar um lustre no telhado.

 
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