quarta-feira, maio 30, 2007

Não adianta bater, eu não deixo você entrar.

Frio é bom. Frio combina com Sampa. Mas avisa aí que aqui o santo é outro, não é São Joaquim, é São Paulo.

Aquecimento global o cacete. Fica dez minutos lá fora pra você ver. Tô quase comprando um cobertor na hora do almoço pra botar nas pernas e ficar igual a uma véia coroca aqui trabalhando.

Por falar em trabalho, impossível não chegar atrasado num dia desses.

O processo todo entre sair da cama e botar a cara na rua é um trabalho titânico. Tudo é motivo pra enrolar. A gente fica prolongando qualquer coisa que nos aqueça minimamente. E os habituais cinco minutinhos viram meia hora num piscar de olhos. Mas não pisca muito não. Periga pegar no sono outra vez.

E, como se não bastasse, a gente lida com o frio de maneira patética. Já se viu entrando no banho de manhã, que coisa ridícula? Na ponta dos pés porque o chão do banheiro tá gelado, dando uns pulinhos todo encolhido pra se jogar embaixo do chuveiro fervendo?

É, faz parte de todo um processo de puro heroísmo. Por isso eu escrevo aqui um épico matinal chamado “Os Dez trabalhos de Gastón – levanta seu vagabundo”.

(Hércules teve dois trabalhos a mais porque acordava mais cedo que eu)

1 – Botar o dedo pra fora das cobertas pra apertar o snooze e poder enrolar mais 9 minutos. Aliás, alguém pode me responder porque todo rádio-relógio tem snooze de 9 minutos? Me incomoda isso. Eu acho que deveriam ser 10. Nove não é redondo. Acho que eu to com TOC.

2 – Apertar o snooze menos de três vezes seguidas. É, demorar menos de 27 minutos (mais uma vez isso me incomoda, deveriam ser 30) pra levantar requer uma força de vontade que eu não possuo.

3- Sair da cama. Sem dúvida o pior de todos. O momento em que você decide levantar os 20 quilos de cobertores e edredons que te soterraram a noite toda e deixar entrar aquele ventinho frio pelas frestas do pijama. De quebra, rola sempre uma sensação: vai demorar um tempão pra eu voltar pra cá.

4- Botar o pé no chão. Eu não tenho chinelo. Aliás, preciso descolar um desses de véio, pra andar em casa. Havaianas não rola, é mais gelado que o piso. Eu costumo dormir sem meias e no momento em que coloco o pé no assoalho, me sinto praticamente no Hollyday on ice. Quase saio patinando com o pateta.

5 – Tirar o pijama. Cruel ficar pelado a uma hora dessas. Pra minimizar, ligo o chuveiro e deixo o vapor tomar conta do banheiro. Levando em conta que meu banheiro é quase tão grande quanto uma cabine telefônica, isso acontece relativamente rápido.

6 – Sair do chuveiro. O vapor está por toda parte, mesmo assim, desligar o chuveiro pelando e abrir a porta do box é sempre desagradável.

7 – Colocar a roupa. A Roupa tá gelada. Calça jeans então nem se fala. Só quem não tem esse problema é o Adolfo que, todo dia, recebe das mãos da mamãe as roupas recém saídas da secadora pra ele não passar friozinho. Adolfo, não vai sujar o shortinho.

8 – Sair do banheiro. Outro choque térmico. Com o agravante de dar de cara com a sua cama, ainda quentinha, te chamando.

9 – Regar a pitangueira. É, eu tenho uma pitangueira. E ela precisa de água quase todos os dias. Saio na varanda (décimo terceiro andar) pra molhar a pobrezinha. Eu sou um bom pai.

10 – Sair do sofá. Depois de toda essa maratona, café tomado, dente escovado e tudo mais, sair do sofá é o último estágio. Você ainda tem seus 15 minutos até o momento de ir embora. E já está tão bem encaixado ali, tão quentinho de novo...

O tempo acabou. Tá na hora. No relógio da marginal os termômetros marcam 10 graus.

Sabe, com todo esse frio, acho que eu tô precisando mesmo é arrumar um bom cobertor de orelha.

Papo de provador.

Gastón, no provador da Zara, experimentando blusa de inverno.

No provador ao lado, o Adolfo.

Um marmanjo que devia ter bem pra lá dos seus 25 anos. Me veio a imagem de um cara grandalhão. Tinha voz grossa e sonolenta. Do lado de fora, a mãe dele. Uma senhora que, no meu imaginário vindo de dentro daquele cubículo cheio de roupas, tinha uma cara toda embotocada de perua. Voz de mãe implicante.

- Adolfo, você experimentou essa filho?

- Não mãe.

- Experimenta filho, olha. Vai ficar linda em você.

- Não gosto dessa mãe.

- Ai filho, você fica tão bonito de verde.

- Tá bom mãe, eu ponho.

- Deixa ver.

- Tô de cueca mãe.

- Ai e daí, deixa eu ver como ficou a blusa.

- Não mãe.

- Ai filho, larga a mão de ser bobo.

- Ai que saco mãe. (barulho de cinto)

- Pronto.

- Ai filho, tá tão lindo.

- Tá ruim mãe. Tá largo. Eu emagreci.

- Que emagreceu nada.

- Mãe, perdi 4 quilos. Mas mesmo assim eu não gostei.

- Você vai ser sempre meu gorducho. Experimenta essa outra.

- Tá apertada pra passar na cabeça, bagunçou todo o meu cabelo, droga.

- Adolfo, você precisa comprar calça filho. Essa sua tá tão feia. Toda rasgada.

- Eu gosto mãe.

- Essas modas viu, parece coisa de maloqueiro.

- Não enche mãe.

- Ai Adolfo, isso são modos de falar com a sua mãe?

- Desculpa.

- Tá desculpado. Mas experimenta só mais esse pullover. Você fica uma beleza de pullover.


Quando deixei o provador, eles já tinham ido embora.

Normal gente. Tudo sob controle. Todo homem passa por isso. Eu, por exemplo, sempre pagava mico em loja de departamento com a minha mãe. Quando eu tinha uns 8 ou 10 anos.

Adolfo, não vai sujar o shortinho heim?


domingo, maio 27, 2007

Convite


Aniversário chegando. O dia certo mesmo é 31 de maio. Geminiano (graças a deus), ascendente em capricórnio (pra me segurar no planeta terra) e lua em câncer (pra me fazer chorar em batizado).

Fim do inferno astral mais perro que se tem notícia nesses 31 anos. Garçom, mais uma cerveja.

Aniversário, pra mim, tem significado de ano novo. Numerologicamente ou astrologicamente é assim. E essas coisas fazem sentido pra mim.

A baladinha vai rolar no dia 1. E eu abro o convite. Seria um presente enorme conhecer alguns de vocês com quem eu tenho contato quase todos os dias através desse hábito de escrever.

Acho que é uma oportunidade muito legal para um encontro de bloggeiros. Ilustríssimas presenças confirmadas de Ana Tejo, Rodolfo, Mh, Mc, entre outros. Aliás, espero engrossar bem essa lista.

Os amigos de longa data (sei que muitos passam por aqui) estão intimados. Motivos não faltam pra gente se ver, comemorar, dar risada e conversar. Nossas especialidades.

O flyer está aí em cima com data, local e horário.

Esquema meio Happy hour, pra ir depois do trabalho direto e ficar. O bar é fechado, não se preocupem com esse frio medonho. Música ao vivo, tranquilo. Esquema de comanda pra não ter zona na hora da conta.

Pode perguntar pelo aniversário do Gastón. Os garçons estarão instruídos a respeito da minha dupla personalidade.

Sexta-feira heim?

Quem aparecer lá, aparece no post de segunda ;0)

Tem sopa? Eca.

Eu odeio sopa.

Todo mundo odeia alguma coisa. A minha coisa é a sopa.

Sopa não é comida. Sopa é uma bebida salgada que você toma de colher. Não é horrível isso?

Todo santo inverno essa história vem à tona.

- Hum, que vontade de tomar uma sopinha.
- Sopa, tá louca? O que você fez de tão ruim pra alguém te dar sopa?
- Sopinha Gasta, um caldinho, uma canjinha...
- ...
- Gasta?
- ...
-
Que cara é essa Gasta?
- ...
Gasta, fala comigo? Gente, o Gasta tá verde.

Vamos fazer assim ó, ninguém tá olhando: vira a cara meio pra esquerda, meio pra baixo. Fecha o olho direito bem apertado. Agora repuxa a boca em direção ao queixo e bota a língua pra fora. É isso. Pô, ficou boa a sua heim, você também odeia sopa?

Trauma de infância. É minha gente, nem tudo nessa vida é pudim.

Por falar em infância, sempre que eu dava sopinha pros meus sobrinhos, fazia questão de ir me explicando (com voz de quem fala com nenê):

- Hum, tá horrível né? Eu sei, mas eu não tenho culpa, eu juro. Isso é coisa da mamãe. Titio Gastón é um cara bacana, vai te levar no MacDonald's quando você crescer. Vai, abre a boquinha pra essa gororobinha. Quanto mais rápido você comer, mais rápido a gente manda ver naquele danoninho, o que você acha?

Eles comiam tudinho. Criança sabe.

Mas voltemos ao trauma.

Gastonzinho, um molequinho magrelinho de dar dó, sentia a aproximação do inverno e já começava a ter arrepio na espinha. O bichinho tremia, coitado. Ele sabia que mais dia, menos dia, sua mãe ia fazer aquela gororoba.

Ele ficava ali, tenso, só pescoçando o que ia ter pro jantar. Torcendo pra não escutar nenhuma panela de pressão na cozinha, algo que àquela hora do dia só poderia significar uma coisa: sopa.

E meus pais adoravam sopa. No mínimo uma vez por semana eu passava por uma interminável sessão de tortura na frente do prato.

- Ah não mãe, sopa não. De novo não. Mil vezes não. Nãããããoooo.

Caldo de carne, de legumes, caldo de feijão com macarrão de conchinha...

E eu não podia sair da mesa enquanto não acabasse. Eu demorava uma eternidade pra comer aquilo. Conclusão: eu sempre tomava sopa fria.

Algumas dava pra engolir mais fácil, outras me faziam sofrer. Mas tem uma em especial que não posso nem imaginar. Se aquilo for a última coisa que sobrar nesse mundo pra comer eu morro de fome. Feliz. A campeã do estômago revirado. O prato que eu mais abomino em toda face da terra: a sopa de caldo de feijão com legumes. Se tiver aquele arrozinho junto então...

Essa era dia de desespero.

O tempo passa, a gente cresce e o paladar muda. Confesso que surgiram algumas variedades que eu passei a encarar. Veja bem, encarar. Sopa de cebola (especialmente se for dentro do pão italiano), creme de palmito e creme de champignon. Tenho até arriscado um caldinho de feijão de boteco.

- Mas é tão bom tomar uma sopinha nesse inverno, esquenta.

Bom, eu prefiro uma meia de lã, um pijama bem grosso e uns três edredons.

quarta-feira, maio 23, 2007

O pudim da sua mãe.

Calma aí, sem ofensas. Afinal de contas, Freud já dizia: um pudim pode ser apenas um pudim. Ou era charuto? Bom, nunca liguei muito pro que aquele cara falava mesmo.

Mas Havanna agora é só nome de alfajor. E se a sua mãe não fuma uns cubanos escondidos do seu pai, melhor a gente falar da famigerada sobremesa.

Três coisas nesse mundo são capazes de começar uma grande guerra: um ato terrorista, uma desculpa esfarrapada e a interminável discussão a respeito de quem faz o melhor pudim de leite condensado do universo: a sua mãe ou a minha.

Pudim de leite é Top 5* certo em nove de cada dez listas de doces preferidos por formigões assumidos. E quem não liga pra doce, bom sujeito não é. Ou é ruim do cabeça ou diabético.

A conclusão a que eu pude chegar a respeito desse quase indecifrável assunto é que o melhor pudim do mundo não existe. Quero dizer, existe: é o da minha mãe. Mas isso só vale pra mim e pra minhas duas irmãs. Porque sempre aquele que a sua mãe faz é o melhor.

A não ser que proponhamos um concurso. E aí, aquela senhora que pariu 14 filhos certamente será a vencedora. Deixará de ser uma competição de doces para se tornar uma de parideiras.

Agora, se a sua mãe não sabe cozinhar, meus pêsames. Você é um despudinzado. É, tem gente que nasce assim, sem pudim na vida. Não fica triste não, acontece nas melhores famílias. Mas pode continuar lendo pra você entender um pouco desse universo.

Tem sempre uma hora que a gente cai naquela discussão inútil:

- Eu gosto do meu pudim todo furadinho.

- Ah não, pudim não pode ter furo, tem que ser compacto. O da minha mãe é assim.

Aí o indivíduo já olha meio torto pra cara do outro pensando “Vixe, a mãe desse aí nem sabe deixar furinho no pudim.”.

E não tem substituto. Pudim de padaria é uma ofensa. Tem tanta maisena naquele treco que se botar no sol vira farofa. Pudim de restaurante é molenga e sem gosto. Fora que a calda geralmente não tem aquele puxa, puxa. O da mãe dos outros dá pro gasto, mas não é igual ao da minha.

O grande problema é que, normalmente, a gente só come essa maravilha em datas especiais. Menos em aniversário de mãe. Porque nesse dia ela se recusa a passar perto do fogão. Hoje é aniversário da minha. Ou seja: sem chance.

Mas semana que vem é o meu. E ai meu amigo, aí é que a jaca vai virar pudim.



*Meu Top 5

Pudim de leite condensado.
Brigadeirão.
Quindim.
Petit Gateau.
Bicho de pé.

(Passível de mudanças, não um seguido do outro e não necessariamente nessa ordem)

segunda-feira, maio 21, 2007

Ainda no caminho das sincronias.

Voltando ao que pode ser chamado de uma sincronicidade ou, em alguns casos, apenas uma simples reação ao que se sente ou nota.

Às vezes sinto que o socorro está em toda parte. Que quando se espalha algo de bom, algo de bom sempre está por perto.

Assim, mesmo melancólico, sem muita inspiração pra dar e fazer risos, minha senda vai me ajudando com os dias.

Desde uma visita inesperada no domingo a noite até um beijinho delicado enquanto se está trabalhando insanamente, prestes a sucumbir à tristeza.

Amigos são como anjos. Descem em falanges.

A eles nada se pede. Não precisa. Captam de longe. Percebem como poucos. Conhecem nossos códigos. Pedem licença pra entrar, mas têm permissão para derrubar portas.

E assim, girando na órbita uns dos outros, vamos seguindo nossas ordens divinas.

Porque no meu céu, cheio de amigos, minha rota nunca é errante.

Se minha luz falha, eles me iluminam por um instante.

Amigo sabe tolerar. Sabe que ali mais adiante tudo volta a brilhar.

Tudo volta ao normal.

Quem tem amigos, não tem com o que se preocupar.

Love E., Marry e Rânei.

sábado, maio 19, 2007

Sincronicidades

Não importa como nós as conhecemos. Depende apenas daquilo em que realmente acreditamos. Coincidências, forças do destino, meros acasos ou sincronicidades. Sempre falo nessas tais sincronias, influência certa de Junguianos ao redor. Pois de Jung mesmo, eu pouco sei. Apesar de que, o lado mais sonhador, insiste em entrar em cena para tornar tudo regido pelas forças divinas. É, as raízes místicas sempre se agitam.

Sincronicidades acontecem com freqüência. Um olhar constantemente atento relacionaria ainda mais fatos. As vezes tenho a impressão que Deus brinca com a gente. Como se fôssemos um joguete de tabuleiro. E ele fica lá, sentadão naquele trono feito de nuvens, coçando a barba branca, batendo a sandália que ganhou de São Francisco enquanto decide o que fazer pra se divertir com a nossa cara, aquela feita a sua imagem e semelhança.

Vou tentar explicar algo que se passou essa semana. Uma legítima piada divina.

Os personagens são cinco:

Amiga – Vamos identificá-la simplesmente por Amiga.

Amigo – Essa ganhará a alcunha de Edu. É, porque se eu botar nele o nome de Amigo, além da dupla falta de criatividade, na hora de ler vai ser uma zona completa. Se bem que acho que vai ser uma zona de qualquer maneira. Edu é fácil, não demora pra ler nem pra escrever.

Date da amiga – Vamos chamá-lo de Fulano de Tal. Assim, com nome e sobrenome importante. A criatividade? Bem, eu nem conheço o cara, pra mim ele ainda é Fulano de Tal.

Ex-namorada – No caso, minha ex-namorada de um ano atrás. Relacionamento intenso, superado e catalogado. Vamos chamá-la de Bel. Sim, porque ela se chama Bel mesmo.

Eu – o sincronizador da história toda.

Tenho uma grande amiga, a Amiga. E um grande Amigo, o Edu. Os dois estão solteiros e eu queria apresentá-los. Minha carreira de cupido é pífia. Mas nunca se sabe. Foram algumas tentativas de combinarmos algo. Nunca deu certo. Vamos ficar com a máxima de que não era mesmo pra ser.

Saio na varanda pra atender o telefone. Era Amiga. Vou pra um cantinho onde costumava falar com a Bel. Era o canto de telefonar pra ela, atrás de uma frondosa pitangueira, onde há maior privacidade e a vista da cidade fazia bem às retinas assim como o som da sua voz agradava aos ouvidos. Isso veio-me estranhamente à cabeça tanto tempo depois. Nunca tinha tido esse tipo de lembrança.

(Ao telefone, suprimindo partes irrelevantes para o entendimento da estória)

- E aí sua coisa feia, onde você anda heim?

- Pô Gasta, vamos sair hoje? Faz tempo que eu não te vejo.

- Hoje vou madrugada adentro aqui no trabalho baby, mas amanhã você pode sair com o que sobrar de mim (risos).

- Amanhã não dá (risos).

- Opa, horário nobre ocupado é? Baladinha de sexta à noite? Já sei, tá saindo com alguém.

- Tô sim.

- Hum, e aí, mercado financeiro de novo?

- Que nada, diretor de cinema publicitário.

- O que? Estamos mudando não? Hahahaha, finalmente um namorado seu que vai ter assunto com seu melhor amigo. Quem é?

- Se chama Fulano de tal. Muito gente boa, tô adorando sair com ele.

- Bom, não conheço muita gente nessa praia. Mas, se bobear ele conhece a Bel, minha ex. A Belinha trabalhava com casting e tal.

- Fui numa filmagem do “produto x” com ele. Adorei, dei muita risada.

- Que legal. Adoro acompanhar filmagem. É cansativo, mas bem divertido.

- Pois é, foi ótimo.

E o papo seguiu por mais alguns minutos.

Voltei pra minha mesa e afazeres. Alguns minutos depois, recebo um e-mail do Edu:

Gasta, dá uma olhada nesse filme do “produto x” que o meu amigo Fulano de tal fez. Esse é um cara legal pra gente bater um papo e quem sabe chamar para futuros trabalhos.

|| Pause no mundo.

Edu, aquele que eu queria apresentar para Amiga, é amigo de Fulano de tal que está saindo com Amiga. Amiga foi assistir a filmagem do comercial que Edu me mandou.

Saio na varanda pra ligar de novo para Amiga e contar o absurdo todo. Enquanto conversamos, debruço no guarda-corpo, olho pra baixo e vejo elementos familiares. Conheço essa bunda, conheço essa calça e conheço esse pedacinho de tattoo aparecendo nas costas. Bel.

- Oi Bel.

- Oi Gasta. Nossa, você tá magro.

- Pois é. E aí, tá trabalhando aqui?

- Não sei ainda, tô de freela. Talvez role de ficar.

Bom, não precisava colocar minha ex pra trabalhar no andar de baixo né? Essa foi bem desnecessária.

Tudo isso no espaço de meia hora.


Agora me diz: ele brinca ou não brinca com a vida da gente?

terça-feira, maio 15, 2007

Previsão do tempo

Semana perríssima.

O tempo não estará propício para respirar ou ir ao banheiro. Nessa terça-feira, bem que houveram alguns períodos de melhoria durante a noite. Mas não vá se animando não. Na madrugada de quarta para quinta o tempo volta a esquentar pra valer. A noite promete ser longa e de muito trabalho. Pouquíssima visibilidade de hora para ir embora. Na quinta-feira não vai dar nem pra por o nariz pra fora da agência. O tempo não muda e a madrugada também poderá estar seriamente comprometida. Tudo por causa de uma frente fria em que meu chefe me meteu. A Sexta feira deve ser de muito sono. Bom para uma pescaria na frente do teclado.
Sábado e domingo sujeitos a hora extra com nuvens carregadas sobre a cabeça.


Pior é saber que as minhas previsões do tempo são as únicas que nunca falham.

segunda-feira, maio 14, 2007

Em 12 sem juros.

Que negócio é esse de inferno astral heim? Quem inventou que a gente tem que se ferrar durante os quarenta dias que antecedem o nosso aniversário? Quarenta dias é muita coisa.

É pro aniversário ficar mais legal? Porque no dia dá um certo alívio? Queria dar uma negociada e diluir isso daí durante o ano, não dá não? É, faz uns três ou quatro dias de inferninho por mês. Ah, as Casas Bahia já parcelam em doze vezes há um tempão, porque astrólogo não pode fazer igual?

Pensei em pedir uma ajudinha pro Bento XVI. Mas advogado do Diabo cobra uma fortuna.

O meu inferno astral tá comendo solto. Enquanto o aniversário não chega, na dúvida, chuta que é macumba.

domingo, maio 13, 2007

O que precisa ser feito.

Feito chão e vinho.

Se embriagando, se sorvendo, se engolindo.

Um chão inteiro feito de velas. Que um dia ateou fogo a todos os livros afim de saber quem poderia devorar mais palavras: a mulher ou a chama.

Feito luz e sombra.

Se juntando, se formando, se esvaindo.

Numa combinação cinzenta de massa e alma. Tentando clareza. Exigindo respostas e certezas pra tudo o que vem à cabeça. Sem compaixão.

Feito condenados.

Se ferindo, se mordendo, se punindo.

Os joelhos ainda doem. A carne está viva. Mas o chão é o mais próximo que chegaremos do inferno. Acredite.

Feito gatos.

Se enrolando, se esgueirando, se distraindo.

Na ponta dos pés. Em silêncio. Percebendo que os olhos não refletem no escuro. A escuridão não é lugar algum. Que fique bem claro.

Feito bobos.

Rindo, sacaneando, brincando. Encontrando a leveza. Tateando.

Feito.

terça-feira, maio 08, 2007

Nunca subestime um tema ruim.

Ela comprava saquinhos e mais saquinhos de Jujuba.

As verdes ela jogava fora.
As cor de laranja ela enfiava a força na boca da irmã.
As roxas... bem, roxo era uma cor que ela gostava. Chupava o açúcar da bala e deixava aquele violeta translúcido entrar-lhe na retina antes de atirá-las pela janela.
As amarelas ela dava ao jardineiro.

Carolina gostava mesmo era das jujubas vermelhas. Em cada saquinho, ela sempre contava, vinham cerca de 16 balinhas dessa cor. Uma vez a sorte lhe pareceu enorme e 22 jujubas vermelhas ela encontrou num só pacote. A partir daí passou a prever os sortilégios dos dias através do número de balas favoritas.

- Mas Carolina, como assim você não vai a escola hoje?
- Óbvio né mãe. Eu tenho prova e nesse saquinho aqui tem só oito Jujubas vermelhas. Oito. Sabe o que isso significa?

Mas não era só isso. Cada vez que pressentia o azar se aproximando, ela tratava de enfiar uma balinha na boca. Viraram Jujubas mágicas, capazes de afastar qualquer situação desfavorável.

A Carolina cresceu. Aos poucos deixou de lado as Jujubas vermelhas que lhe davam tanto poder.

Um dia desses, sentada na mesa de um restaurante, Carolina caiu na gargalhada de repente. Perdeu o fôlego de tanto rir.

- O que foi Carol?
- Nada.
- Fala.
- Que restaurante é esse que você me trouxe heim? O Maitre tá de terno cor-de-rosa.
- Carol?
- Fala.
- O Maitre tá de terno verde.

As verdes faziam a irmã morrer de raiva.
As cor de laranja eram um mistério pra vizinha que sempre varria balas meio chupadas dessa cor no quintal de casa.
As roxas eram as preferidas do Jardineiro.
As amarelas eram ótimas pra prever o futuro.
As vermelhas foram todas parar no lixo.

Tempo extra

Cheguei ao supermercado as 2:00. Da manhã. Ainda sem ter certeza se esse negócio de 24 horas funciona mesmo. A porta estava fechada, mas as luzes estavam todas acesas. Se as luzes estão todas acesas, então está aberto. Quem desperdiçaria tanta energia a essa hora da madrugada?

Cheguei perto da porta automática e ela, como manda a tecnologia das portas automáticas, se abriu. Exatamente como nas últimas 24 horas.

Entrei feliz com meu carrinho. Com as rodinhas funcionando bem. Porque nada pior do que fazer compras com um carrinho de rodas emperradas ou descontroladas. Um carrinho que insiste em ir pra sessão de congelados quando o que você precisa é de uma caixa de sabão. Pior ainda pegar rolamentos ruidosos que fazem todo mundo olhar pra você.

Todo mundo? Cadê todo mundo?

Eu estava sozinho. Parecia um devaneio infantil, o sonho do menino esquecido na loja de brinquedos. Só havia um único consumidor circulando em centenas de metros quadrados de gôndolas e embalagens enfileiradas. De iPod no ouvido, com trilha sonora variada.

Aliás, quando se está só fazendo compras, é inevitável ouvir o som da rádio que toca no supermercado. Santos headfones.

Black Crowes pra pegar o pão e Portishead para os produtos de limpeza.

Corredor por corredor a listinha de pendências na minha cabeça ia diminuindo. Inversamente, o inevitável sono dessas altas horas da manhã me fez apoiar duro no carrinho e lutar pra manter os olhos bem abertos na sessão de enlatados.

Por um breve momento me arrependi daquilo tudo. Eu podia estar na cama, que desperdício de energia a essa hora da manhã. Pra que mesmo eu estou aqui? Ah, pra comprar suco, eu quase me esqueci do suco.

No final, cruzei um outro notívago consumidor.

Droga, o supermercado não era mais só meu.

- Bom dia senhor. Disse-me o caixa.

Bom dia. É tarde da noite. Já é outro dia.

- Obrigado e volte sempre.

Inevitável perceber no ar uma sensação de que é descontente ficar pela noite ali no caixa, passando o tempo e as compras tão devagar. Volte sempre, mas sempre a essa hora. É bom ver gente.

Justifica as luzes acesas.

domingo, maio 06, 2007

Tá na cara.

Tem uma coisa em especial que eu gosto nas mulheres e que não é lá muito convencional. É uma atração por uma característica física que geralmente incomoda. Quem tem fica encanada, quer fazer plástica, quer morrer, quer usar burca.

Mas eu curto uma nariguda. Pronto, falei.

Não é nada excludente. Não acho a Turquia um paraíso. Também não tem que ter uma bela napa pra chamar a minha atenção. Mas que chega na frente, literalmente chega.

Acho que é mais ou menos como mulher que gosta de careca. Ela não gosta só dos carecas. Mas vira e mexe tá lá ela pendurada num pôcatelha. Eu sou assim com mulher nariguda. É, ué, fazer o quê?

Eu acho que dá um charme extraordinário pra mulher. Claro que tem nariguda que é feia. Mas aí o problema é de onde a napa tá grudada e não do cheirador em si.

Via de regra, toda nariguda tem um complexo proporcional a própria nariga . Pra mim, mulher que faz plástica no nariz é que nem aquela que quer tirar peito: disperdício. Deixa a napa aí, não mexe nela não que tá bacana. Engraçado é que peito tem muita mulher que quer por, mas nariz não. Porque heim? Podia né? Botar nariz de silicone na mulherada desnarizada. Eu acho uma excelente idéia.

- Veja bem minha senhora, depois da cirurgia a senhora vai ficar uma maravilhosa tucana da amazônia. Um espetáculo.

Mas não pode exagerar. Eu conheci uma garota que era tão nariguda, mas tão nariguda, mas tão nariguda que fez plástica pra tirar o nariz e continuou nariguda. O mais incrível é que eu a conheci depois da cirurgia. Quando me contaram que ela já tinha diminuido a napa, fiquei imaginando como seria difícil ter que abaixar toda vez que ela virasse. Aí não dá né, periga perfurar o olho. E pra beijar uma mulher dessa? Não dá nem pra dar aquela trocadinha de lado sabe? Tem uma cancela no meio.

Se é das narigas que eles gostam mais? Não sei, nunca ouvi isso de nenhum amigo meu. Mas tenho certeza que elas têm seu fã clube fiel.

Por isso, se você é a feliz proprietária de uma bela napa, pode ir lá agradecer seu pai ou sua mãe de quem herdou a discrepância. Tem por aí seus apreciadores nasais.

Mostre que é dona do seu próprio nariz. Mesmo se parecer que você ganhou na mega-sena.

sexta-feira, maio 04, 2007

Para o dia 4 de maio.

Não costumo colocar músicas no blog. Mas algumas pessoas escrevem coisas antes mesmo da gente pensar. O que prova que o que se vive, acontece igual a todo mundo. Feliz aniversário.

You could be happy (Snow Patrol)

You could be happy and I won't know
But you weren't happy the day I watched you go

And all the things that I wished I had not said
Are played in loops 'till it's madness in my head

Is it too late to remind you how we were
But not our last days of silence, screaming, blur

Most of what I remember makes me sure
I should have stopped you from walking out the door

You could be happy, I hope you are
You made me happier than I'd been by far

Somehow everything I own smells of you
And for the tiniest moment it's all not true

Do the things that you always wanted to
Without me there to hold you back, don't think, just do

More than anything I want to see you, girl
Take a glorious bite out of the whole world

No auge do desespero.

Pronto, mais um fracasso da televisão brasileira está prestes a nascer. Já não chega o monte de sucessos da televisão brasileira que insistem em não morrer.

Claro que todo mundo aqui já ouviu falar no Desperate Housewives. Nunca assisti a nenhum episódio da série, mas já ouvi a respeito um milhão de vezes.

Pois a Rede TV, no melhor estilo SBT, vai lançar em Agosto o “Donas de Casa Desesperadas”. Não, não é sacanagem, é esse mesmo o nome do programa. Cheira ou não à adaptação de novela mexicana?

A versão brasileira irá copiar a gringa. É uma tradução literal da série, ambientada no Brasil e com atores e atrizes brasileiras. A falta de criatividade chegou e parou.

Por falar em atrizes, no elenco estão Lucélia Santos, Isadora Ribeiro e Franciely Freduzeski entre outras.


Afe maria...

Agora me diz por que, em nome de Silvio Santos, eles vão fazer isso? Pensa comigo: se uma série é de TV fechada, provavelmente agrada um público mais seleto. Esse mesmo público não vai trocar Desperate Housewives por Donas de Casa Desesperadas, certo? E o povão da TV aberta curte mesmo é uma bela novela do Manoel Carlos. Fracasso na certa.

Bom, mas vamos lá né, já que estão investindo tanto dinheiro nessa produção não custa nada dar uma forcinha pro pessoal e arranjar mais umas sugestões de séries que podem ser adaptadas aqui no Brasil. Eu, por exemplo, adoro LOST. Podia rola um "Perdidos".


Um avião da GOL cai perto da Praia Grande. Quarenta e dois passageiros sobrevivem numa ilha a procura de socorro mantendo-se vivos à base de sorvete Rochinha, Milho verde e pipoca salgada e doce. Com Conrado, Angélica, Didi, Kleber Bam-Bam, o filho da Vanusa e a Turma do Polegar. Participações especiais de Rafael Pilha no papel de Charlie e Preta Gil como Hurley.



Donas de casa desesperadas? Elas vão é entrar em pânico com esse negócio.

terça-feira, maio 01, 2007

Todo o requinte e sofisticação da empregada doméstica brasileira.

Gente, Jô é uma mulher sofisticada. Pra quem ainda não sabe, a Jô é minha empregada. Pois é, eu sempre tenho que explicar isso. É que vez ou outra ela aparece por aqui e, pra quem é novo, a gente tem que dar uma carta de recomendação. Tem quem fale pra eu mandar ela embora sabe, mas eu não mando não. Afinal de contas, vai que eu arrumo uma empregada boa? Aí não tenho mais do que falar.

Mas hoje eu não tô aqui pra criticar. Na verdade eu nunca critico, eu só faço um relato da realidade. Não, ela não quebrou nada nos últimos meses. Depois que eu convenci meu São Francisco de Assis a ficar maneta mesmo, nada mais se espatifou nas mãos de quiabo da Jô.

Eu venho sentindo de uns tempos pra cá que ela está se tornando uma mulher requintada. Não vejo a Jô quase nunca. É estratégico, a mulher fala mais que cego na chuva, se der trela ela começa contando do Ônibus e só termina depois de dar o histórico familiar todo. Aliás, graças a deus, faz um bom tempo que a gente não se cruza.

A Jô sempre teve vocação pra gente rica. Percebi isso logo no começo quando ela ignorava a pilha de miojo do meu armário pra cozinhar meu Farfalle da Barilla. Ah um Barilla, que macarrão delicioso. Farfalle ou Fuzzili. Tinha pra escolher. Até o dia em que, certo de cozinhar um pouquinho pra mim num almoço de domingo, tive que me contentar com um belo miojão ao notar que as caixinhas azuis não estavam mais na despensa.

Sei que já falei disso. Eu insisto. É recalque mesmo.

O tempo passou e parece que a Jô cansou de macarrão. Comer macarrão toda semana não dá né? Quem que aguenta, me diz?

Lembrando sempre que ela limpa meu apartamento em quatro horas. E faz meia hora de café da manhã e uma hora de almoço.

Comecei a notar que o meu pão integral, meu peito de peru e o meu cream cheese começaram a sofrer sérias baixas. Tentei o golpe da margarina na esperança dela preferir. Pergunta pra ela o que ela prefere...

Aliás, outro dia, sem perceber, comprei Philadelfia sem ser light. Cheguei a comer um pouco e pensei: vou deixar esse que não é light pra Jô. Botei o original bem em cima da geladeira, bem na fuça dela enquanto o light ficava meio muquiado, junto do iogurte.

Tá lá o original, sem um grama a menos. E o meu light com uma cratera no meio. É isso aí Jô, tem que se cuidar mesmo.

Fico imaginando ela na minha casa montando aquele sanduíches iguais a desenho do Pica Pau, sabe? Uns 12 andares com aquela azeitoninha espetada em cima?

Pensei em fazer uma armadilha de "mortandela". Deixar uma "mortandelona" na geladeira pra ver se ela se empanturra daquele trem e deixa minhas coisas pra lá.

Recentemente a Jô anda atacando meu queijo danúbio com goiabada, meu corpus sobremesa de chocolate e meu melão. Melão redinha, aquele que custa 6 paus o quilo. Aquele que um dia a caixa do supermercado olhou pra mim e disse:

- Moço, o senhor vai levar mesmo esse melão de 16 reais? Tá doido moço, melão caro... a gente até pergunta né.

Pois é. É que o tal é sempre doce e dura um bocado na minha geladeira. Agora menos porque eu tenho uma sócia pra repartir as fatias.

Se tiver uma lata de coca light a Jô também não dispensa. Aliás, meu suco DelValle tem agradado aos mais exigentes paladares.

Não sei, mas se eu tô magrinho, ela deve estar uma caveira. Na casa do Rodolfo ela fica a pão e água. E aqui ela só come coisa light.

Com tanta sofisticação assim, qualquer dia eu abro a Caras no consultório médico e vejo uma foto dela no meu sofá, comendo o meu melão redinha com o meu peito de peru defumado e o meu Philadelfia light dizendo assim: "Depois que trabalhei no Seu Gastón, fiquei até amiga de Regina Duarte".

 
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