sábado, maio 19, 2007

Sincronicidades

Não importa como nós as conhecemos. Depende apenas daquilo em que realmente acreditamos. Coincidências, forças do destino, meros acasos ou sincronicidades. Sempre falo nessas tais sincronias, influência certa de Junguianos ao redor. Pois de Jung mesmo, eu pouco sei. Apesar de que, o lado mais sonhador, insiste em entrar em cena para tornar tudo regido pelas forças divinas. É, as raízes místicas sempre se agitam.

Sincronicidades acontecem com freqüência. Um olhar constantemente atento relacionaria ainda mais fatos. As vezes tenho a impressão que Deus brinca com a gente. Como se fôssemos um joguete de tabuleiro. E ele fica lá, sentadão naquele trono feito de nuvens, coçando a barba branca, batendo a sandália que ganhou de São Francisco enquanto decide o que fazer pra se divertir com a nossa cara, aquela feita a sua imagem e semelhança.

Vou tentar explicar algo que se passou essa semana. Uma legítima piada divina.

Os personagens são cinco:

Amiga – Vamos identificá-la simplesmente por Amiga.

Amigo – Essa ganhará a alcunha de Edu. É, porque se eu botar nele o nome de Amigo, além da dupla falta de criatividade, na hora de ler vai ser uma zona completa. Se bem que acho que vai ser uma zona de qualquer maneira. Edu é fácil, não demora pra ler nem pra escrever.

Date da amiga – Vamos chamá-lo de Fulano de Tal. Assim, com nome e sobrenome importante. A criatividade? Bem, eu nem conheço o cara, pra mim ele ainda é Fulano de Tal.

Ex-namorada – No caso, minha ex-namorada de um ano atrás. Relacionamento intenso, superado e catalogado. Vamos chamá-la de Bel. Sim, porque ela se chama Bel mesmo.

Eu – o sincronizador da história toda.

Tenho uma grande amiga, a Amiga. E um grande Amigo, o Edu. Os dois estão solteiros e eu queria apresentá-los. Minha carreira de cupido é pífia. Mas nunca se sabe. Foram algumas tentativas de combinarmos algo. Nunca deu certo. Vamos ficar com a máxima de que não era mesmo pra ser.

Saio na varanda pra atender o telefone. Era Amiga. Vou pra um cantinho onde costumava falar com a Bel. Era o canto de telefonar pra ela, atrás de uma frondosa pitangueira, onde há maior privacidade e a vista da cidade fazia bem às retinas assim como o som da sua voz agradava aos ouvidos. Isso veio-me estranhamente à cabeça tanto tempo depois. Nunca tinha tido esse tipo de lembrança.

(Ao telefone, suprimindo partes irrelevantes para o entendimento da estória)

- E aí sua coisa feia, onde você anda heim?

- Pô Gasta, vamos sair hoje? Faz tempo que eu não te vejo.

- Hoje vou madrugada adentro aqui no trabalho baby, mas amanhã você pode sair com o que sobrar de mim (risos).

- Amanhã não dá (risos).

- Opa, horário nobre ocupado é? Baladinha de sexta à noite? Já sei, tá saindo com alguém.

- Tô sim.

- Hum, e aí, mercado financeiro de novo?

- Que nada, diretor de cinema publicitário.

- O que? Estamos mudando não? Hahahaha, finalmente um namorado seu que vai ter assunto com seu melhor amigo. Quem é?

- Se chama Fulano de tal. Muito gente boa, tô adorando sair com ele.

- Bom, não conheço muita gente nessa praia. Mas, se bobear ele conhece a Bel, minha ex. A Belinha trabalhava com casting e tal.

- Fui numa filmagem do “produto x” com ele. Adorei, dei muita risada.

- Que legal. Adoro acompanhar filmagem. É cansativo, mas bem divertido.

- Pois é, foi ótimo.

E o papo seguiu por mais alguns minutos.

Voltei pra minha mesa e afazeres. Alguns minutos depois, recebo um e-mail do Edu:

Gasta, dá uma olhada nesse filme do “produto x” que o meu amigo Fulano de tal fez. Esse é um cara legal pra gente bater um papo e quem sabe chamar para futuros trabalhos.

|| Pause no mundo.

Edu, aquele que eu queria apresentar para Amiga, é amigo de Fulano de tal que está saindo com Amiga. Amiga foi assistir a filmagem do comercial que Edu me mandou.

Saio na varanda pra ligar de novo para Amiga e contar o absurdo todo. Enquanto conversamos, debruço no guarda-corpo, olho pra baixo e vejo elementos familiares. Conheço essa bunda, conheço essa calça e conheço esse pedacinho de tattoo aparecendo nas costas. Bel.

- Oi Bel.

- Oi Gasta. Nossa, você tá magro.

- Pois é. E aí, tá trabalhando aqui?

- Não sei ainda, tô de freela. Talvez role de ficar.

Bom, não precisava colocar minha ex pra trabalhar no andar de baixo né? Essa foi bem desnecessária.

Tudo isso no espaço de meia hora.


Agora me diz: ele brinca ou não brinca com a vida da gente?

20 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Gasta,
brinca, ô se brinca! No ano passado topei com meu ex no meio do caminho para a casa da minha avó, uma semana depois de a gente ter decidido que nunca mais ia se ver nem se falar.
Naquele dia uma amiga (vamos chamá-la de Amiga, ou de Pol) que não é yunguiana mas tem o seu pezinho na transcendência me explicou que as sincronicidades têm a função de serem eventos organizadores. Isso significa que, por algum motivo, aquilo tinha que acontecer: seja para você perceber que já superou a pessoa, seja para de alguma forma se reconciliar com lembranças do passado, com a sua auto-estima, ou mesmo pra sentir raiva de novo e até mesmo passar por uma ruptura definitiva.
Sei lá, quem dá o significado é você.
Beijão,
Cris.

2:33 AM

 
Blogger Ana said...

Pois é... Brinca demais! Mas sorte a minha que não encontro ex...Relação perturbadora, fim catastrófico, pós-fim mais ainda...!

Tento ser boazinha com o atual namorado para que Deus não me apronte uma dessas!!
;)

3:16 AM

 
Blogger Rubi said...

É o que eu digo Gastón, para quê ver filmes se a vida real ultrapassa em muito a ficção? Beijão

8:49 AM

 
Anonymous Anônimo said...

Amei!
E neste exato momento da minha vidinha isso faz mais sentido do que nunca...
Parabéns pelo post!
Bjinhos

9:27 AM

 
Blogger mc said...

Rânei, realmente não precisava. To chocada. Não acredito. É verdade? Ninguém merece. Já falei que to chocada?

O mundo é mesmo uma ervilha.
E vc está mesmo magro.

10:00 AM

 
Anonymous Anônimo said...

Yung, o fundador da Psicologia Analítica, costuma escrever com J...Jung....hahahaha

10:36 AM

 
Blogger Gastón said...

É Cris, no meu caso é mesmo caso encerrado. Next.

Chirla, fm catastrófico e pós-fim mais ainda ninguém merece nem lembrar, quanto mais encontrar. Trata o moço novo direito, Faça me o favor.

Rubi, tem toda razão. Cinema pra quê quando a vida da gente tem dessas? Basta estar atento.

Aninha, se esse texto faz sentido nesse momento da sua vida, mais um ponto para a sincronicidade ;0)

Rânei, é absurdo. Eu não botei uma fé. Rídiculo.

erica, como vc pode ver, eu quase nada sei de Jung mesmo hahahahahaha. Tks pela errata, já corrigi no texto.

11:53 AM

 
Blogger Unknown said...

essas coincidências são estranhas mesmo... parece que ex e sincronicidade são duas coisas que sempre andam juntas. é o tal do inconsciente, não tem jeito! leva pra terapia, ué.
texto bacana ;-)

12:03 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Deus deve estar contando essa história mudando meu nome para Abel, Adão ou Moisés.

Quer minha opinião? A coisa não pára por aí. No final da novela, você ainda vai descobrir que a Bel é sua irmã.

1:31 PM

 
Blogger Nana said...

Graças a deus essas sincronicidades não acontecem comigo. Nunca encontrei ex-namorado. Bate na madeira...Ufa!

2:08 PM

 
Blogger Gastón said...

Anna, amanhã as 9:00 da manhã essa estória cairá nas graças de jung ;0)

Edu, se é verdade, incesto rulez my friend.

Ana, pé de pato, mangalô 3 vezes. Já eu...

4:23 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Gastón, acredito que Ele esteja rodopiando, gargalhando e esperando nossos próximos passos.
Sério agora, acredito que nada seja por acaso e que tudo nos passa um aprendizado.
Que máximo tudo isso!
Beijos,

4:40 PM

 
Blogger Ana Téjo said...

Gastón,
Não me espanta que aquela guerra no Iraque não acabe nunca, que aquele doido na Coréia do Norte continue andando de sapatos de plataforma enquanto ameaça o mundo e que aquele outro doido na Venezuela insista em reencarnar o Fidel Castro antes mesmo do Fidel morrer. Em vez de cuidar de coisas relevantes, Deus fica brincando com gente que só quer entregar o trabalho no prazo, pagar as contas e ser feliz como nós, né? Humpf! Francamente, viu?

5:24 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Déjà-vu!
A vida prega peças em todos nós. Sem exceção.
Beijos!

5:34 PM

 
Blogger Nanda B. said...

Tem dois filmes sobre isso que são bárbaros: "Os Amantes do Círculo Polar" e "Lucia e o Sexo". Todo mundo devia ver.
Amei o texto, by the way.

6:37 PM

 
Blogger Roberta said...

Ahhhhh, eu adoro o destino! A vida fica tão mais divertida, mesmo que alguns lances do destino sejam constrangedores.

"Conheço essa bunda"? Bela observação. Poderia dizer q homem é fixado em bunda, q jamais reconheceria um namorado pela bunda, q outras coisas chamam mto mais a atenção, blá, blá, blá. Mas eu seria uma chata de galocha, o post não é sobre isso e vc não me pediu uma opinião. =P

bjs

10:24 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Erica, absolutamente bem lembrado. Isso me faz lembrar a minha tenra infância, quando eu ouvia minha mãe psicanalista falar sobre um tal de "Fróid" mas só via na estante uns livros de um outro fulano chamado "Freud"... hahahahahaha, não é fácil ser culto!
Cris.

11:59 PM

 
Blogger MH said...

A sincronicidade parece que impera na minha vida! encontros casuais, fantasmas camaradas, ironias do destino...

agora, ex trabalhando no andar de baixo é uruca! vou te dar um pezinho de pimenta...

12:07 PM

 
Blogger Gastón said...

Vivi, ele perdeu o fôlego de tanto rir com essa. Tb acredito que tudo tem seu ensinamento. Boa maneira de tirar lições do que a vida oferece.

Ah Ana, o que você prefere? Escrever um post ou uma newsletter de complimments? Deus é igual...

Dani, deja-vu com já te vi, com o que é que você tá fazendo aqui ;)

Nandinha, tks pelas recomendações. VOu assistir os dois.

Garota, sua opinião é muito importante para nós. Não desligue. :0P

Hahahaha, Cris, eu e vc estamos ótimos pra Psicologia.

Beibe, eu posso com essa? Dei de cara, ou melhor, de bunda com a Bel.

10:35 PM

 
Blogger Renata Marques said...

Afe!
Isso não é coincidência, é novela!
Olha aí, confere se o Sílvio de Abreu não tá te seguindo.

Bjo.

9:53 PM

 

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