Big Fish
Quando pensei nesse post fiquei na dúvida entre dois títulos: Big Fish ou Forest Gump. Mas como vocês puderam perceber, o Tom Hanks perdeu o papel principal.
Você assistiu Big Fish? Se viu, ótimo. Se não viu e nem quer ver, tudo bem. Agora, se não viu mas ficou com vontade, acho melhor parar por aqui nesse post. Sim, porque eu vou ser obrigado a contar o final.
Não é exatamente daqueles filmes que se alguém te contar o final o resto todo desmorona (como o do molequinho que fala “I see dead people”).
Mas aí é você quem decide, eu já deixei avisado .
Eu tenho um amigo escritor. Escritor mirim. Mirim porque o cara me faz uma noite de autógrafos do primeiro livro da vida dele e esquece de levar uma caneta. Enquanto eu tomava meu primeiro chopp da noite, autografou meu livro com a bic sem tampa do garçom. Um baita livro daquele, nada, nada merecia uma Mont Blanc.
Esse meu amigo é daqueles amigos mesmo. Brother. E entre uma mesa e outra de bar, ele vem sempre cheio das histórias. Não só as que ele relata no livro de contos (e que jura de pé junto que nada daquilo tem a ver com a própria vida), mas dessas que ele mesmo vivencia.
Não sei se eu sou ingênuo ou se ele é muito bom de papo (se ele escreveu um livro de contos a segunda opção ganha considerável força). Mas é impressionante como tudo acontece com esse cara. As coisas mais bizarras, mais surreais. E eu, sem pestanejar, sempre acreditei em todas essas histórias.
Alguns mais céticos, lá pelas tantas, sempre soltam um: “ah cara, você tá zoando, não é possível...”
É um tal de amigo gigante, estagiário que caiu no conto da concorrência pra nova bandeira do Brasil, mulher barbada, homem bala, domador, as sete caras do doutor Lau e por aí vai circo a fora.
Numa das histórias, o cara conheceu a mulher mais gostosa do prédio onde ele mora. Até aí nada de anormal. Mas quem juntou os dois foi o porteiro que, de livre e espontânea vontade, decidiu que eles tinham que se conhecer e pronto. Do tipo “Vô ajudá o sinhô”. Pois o porteiro virou cupido via interfone. Marcou encontro na piscina e tudo mais.
Me diz, quando é que uma coisa dessas?
E a evangélica? A evangélica eu não vou nem contar aqui porque vão me chamar de mentiroso.
Bom mas eis que ontem, no lançamento do tal livro, tô lá eu no meu terceiro chopp quando na mesa ao lado senta uma mulher espetacular acompanhada de um sujeito que realmente não combinava em nada com ela. Ela toda elegante, com pinta de modelo e o cara meio bregão, com jeito de tosco. Eles ficaram ali uma meia hora e foram embora.
Depois de autografar alguns livros, meu amigo senta do meu lado, vira pra mim e diz:
- Ô Gastón, você viu a modelo do meu prédio? Ela tava aí, veio com o porteiro.
Pois é, de uma hora pra outra, um a um, todos aqueles personagens fantásticos que eu ouvia nas histórias malucas desse sujeito começam a chegar, a cumprimentá-lo e a pedir dedicatória no livro.
(agora vem a parte que eu conto o fim do filme)
Imediatamente me lembrei do enterro do contador de histórias do Big Fish, onde o filho que nunca acreditou nas lendas do pai encontra as siamesas, o bagre, os anões...
Rods, você é um grande escritor, um grande contador de histórias e um grande amigo.
Se alguém aí tiver sorte de encontrar com esse cara na mesa de um bar, pode ter certeza que aqueles absurdos todos são a mais pura verdade.
E tendo ou não esse tipo de privilégio, vale a pena comprar o livro dele. Com certeza é Peixe Grande.
Mas se quiser dedicatória eu aconselho levar uma caneta.