terça-feira, janeiro 29, 2008

Vida soja.

Eu ando meio cabreiro com esse negócio de soja. Pergunta aí: ô Gastón, não tem nada melhor pra você se preocupar não?

Ter, até tem. Mas uma coisa não exclui a outra.

A soja é mais ou menos o plástico do mundo da comida. Eles pegam a mardita e fazem genéricos.

São milhares de versões sem graça de tudo aquilo que você ama. Existe todo um mundo paralelo feito de soja. A Paula Toler, por exemplo, é uma cantora de soja.

Leite de soja. Soja não dá leite, quem dá leite é vaca. Hello, acorda, vaca, aquele bicho que faz mu, sabe? Pra inventar leite de soja nego achou um jeito de ordenhar grãos. É muita vontade de fazer uma coisa de soja. Outro dia eu inventei de comprar um desses com sabor de fruta. Comprei de abacaxi. Aquilo não era bebida, aquilo era castigo. Você pode extrair confissões com aquilo. Será que a pessoa que inventou nunca bebeu? Alguem vai no supermercado ávido por um daqueles? Alguém acorda de manhã e começa o dia bebendo aquele troço? Não é possível.

Carne de soja. Você pega o marido da vaca acima, corta ele e vai achar picanha, alcatra, cupim, maminha, lagarto, costela, fraldinha, coxão-mole, coxão-duro, filé mignon, patinho... mas soja eu juro que você não vai encontrar lá dentro. Lembro de uma ex-namorada minha que uma vez inventou de comprar um saco de carne de soja e cozinhar aquilo. Nada me tira da cabeça que a gente jantou esponja de banho com molho de tomate.

E hamburguer de soja? Botei no George Foreman e virou uma rodela de feltro. No fim até que teve uma utilidade: colei o hamburguer embaixo dos pés da minha cama pra não riscar o chão. Funciona que é uma beleza.

E o tofu? O japão importa toneladas de Soja do Brasil e devolve tudo em Tofu (gente esperta esses japoneses) que é, nada mais, nada menos do que queijo de soja. Não, você não gosta de tofu. Algo que não tem gosto não pode ser gostado. É semântico. Já disse que quem gosta de tofu na verdade gosta de cebolinha e shoyu.

A última chance que que eu dei pra soja foram umas barrinhas de cereal que eu comprei no mercado. Afinal de contas, se trata de um cereal. Ali ela está adequada ao seu real propósito de existência. Pois nem nisso deu jeito. Barra de cereal já não é assim uma trufa, de soja então...

Pois esse negócio não dá uma dentro. Desistam dela, vamos dar uma chance, por exemplo, ao amendoim. Além do ovinho de amendoim, da farofa de sorvete e do Charlie Brown, não tem mais nada no mundo feito com ele. Porra, larga essa soja, vai cultivar amendoim. Amendoim é bom, milhares de elefantes e bêbados não podem estar errados. Ou então a cevada. Pô, um negócio que faz cerveja só pode ser bom.

- Ô Tião, solta aí um amendoim e um suquinho de cevada.

Bem melhor.

domingo, janeiro 27, 2008

Tudo sobre controle.

Outro sujeito que devia ganhar um prêmio nobel (junto com o inventor do ar-condicionado, o da pizza e o da Stella Artois) é o cara que inventou o controle remoto. Sintoma de velhice, mas tava lembrando quando isso era novidade. Ou quando se vendia TV com ou sem controle remoto. Deixa pra lá.

Eu uso muito o controle porque zapeio alucinadamente. Nós homens zapeamos alucinadamente, é da nossa natureza. O dedão assume uma espécie de personalidade esquizofrênica independente. Sempre pode estar passando algo melhor no canal seguinte, concorda? Mesmo que a gente já tenha passado umas 14 vezes por ele nos últimos 3 minutos. Não sei, é um vício hipnótico, a gente vai mudando, mudando, mudando e aquilo acaba virando um ciclo interminável. Quem mandou nos dar 70 canais? Queremos ver todos. Juntos.

Sabe o que eu fico pensando? Queria ter aqueles lances do Ibope monitorando a minha TV. Eu ia deixar os caras malucos. A audiência ia ser totalmente descontrol.

Fixo mesmo só na hora do futebol. Se bem que a gente muda da Globo pra Bandeirantes pra ouvir comentários diferentes e ainda dá um pulo no SporTV pra ver se tá rolando outro jogo. Tô pensando em comprar o pacote do Brasileirão esse ano. Aí eu vou zapear entre 10 jogos ao mesmo tempo.

Mas aqui em casa eu sou sozinho. Reino absoluto sobre a televisão. Apesar de geminiano convicto, não brigo comigo mesmo pela posse do controle. Dããã.

E também tem controle sobrando aqui. É o da Televisão, da TV a cabo e do DVD. Tem gente que tem reciever, aparelho de som e outras coisinhas mais. Eu heim, administrar 5 controles-remotos pra assistir uma novelinha?

Esses dias notei que a pilha de um dos controles tá acabando.

Pilha é uma coisa que ninguém tem em casa. Então, se acaba, a gente fica vendido. Porque, hoje em dia, as televisões não tem mais nenhum botão e todos os comandos estão lá, no bendito controle remoto. Todo mundo já revirou uma televisão atrás de uma portinha secreta pra encontrar um seletor de canais. Em vão. Custava deixar meia-dúzia de botões lá pra gente ter uma segunda opção?

Mas a pilha vai anunciando seu fim durante muito tempo até acabar de vez. E a gente fica insistindo em dar sobrevida a ela ao invés de comprar uma nova.

Porque?

Ué, óbvio: dar tapa no controle adianta. Esse treco funciona que nem mulher de malandro. Senta a muca nele que ele vai.

Na verdade antes de bater no controle a gente fica apertando os botões com força. Como se o botão fosse funcionar mais quando a gente esmaga ele. Aí não dá certo e você segura firme no botão enquanto estica o braço pra lá e pra cá pra ver se muda de canal. Se depois de tudo isso não funcionou, aí o negócio é descer o braço no infeliz. Mesmo porque você já tá com uma certa raiva. Bate na mão, depois no sofá e por último na perna.

E girar a pilha? Além de gostar de apanhar, pilha cansa de ficar na mesma posição. Eu tô com as pilhas, mesma posição sempre cansa mesmo, o negócio é variar. Abre o controle e dá umas voltinhas nelas. Vale tirar e colocar de novo também. Trocar de lugar uma com a outra é tiro e queda

Agora, você não põe pilha no congelador, põe? Isso é sintoma de pobreza, não faz isso não. Gente que tem meia smirnoff e duas pilhas palito no freezer é que a coisa anda feia.

Bom, eu vou continuar esmurrando meu controle até deixar ele banguela. Aí, quando a pilha der seu último suspiro, eu tiro de alguma outra coisa e ponho nele. É, eu sei que vai ser assim.

E continuarei minha zapeada desenfreada.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Levante e lute como um frango.

Precisando de uma variação gastronômica no meu cardápio noturno, resolvi comprar sobre-coxas de frango congeladas e, lógico, temperadas pra fazer no incrível, sensacional e, porque não, fantástico George Foreman Grill. Aparato esse que já foi tema de post nesse blog pelos serviços prestados a uma parcela importantíssima da humanidade, carente de habilidades culinárias chamada "Homosapiensolterus".

Cansei de steak de frango sem emapanamento, com empanamento, nuggets, recheado, etc... Precisava de novas formas de frango.

Chegando em casa, retirei da embalagem afim de colocar um dos 4 pedaços que ali estavam pra grelhar. O ideal seria deixar descongelando, mas aí viraria o galo da madrugada, já que o jantar sairia as 3 da manhã. E o legal do George é que não precisa descongelar, pode tacar um pedação lá e abaixar a tampa que o bicho resolve.

E quem disse que eu conseguia separar os pedaços de frango? Pois é, além do Sr. Foreman eu precisava de uma picareta.

Aquilo era uma lápide de galinha. Aquilo serve de colete à prova de bala. É quase uma arma.

- Pobrezinho, levou uma frangada na cabeça e morreu.

Deviam escrever na embalagem assim: Paralelepípedo de frango. Não arremesse em ninguém.

Voltando à vaca fria, ou melhor, à galinha fria, certo talvez seria colocar o pacote ainda fechado na água pra dar uma leve soltada. Mas, obviamente, eu não sabia que vinha tudo ali amontoado e compactamente grudado.

Resolvi passar uma água mesmo assim, mas o tempero começou a escorrer pelo ralo e eu achei melhor interromper o processo.

Bati com a placa na pia. Fiz alavanca com uma faca. Torci pros lados.

O negócio tava quase botando um ovo de tanto que eu apertei aquela joça.

Ignorante? Cara, aquilo era uma questão de honra. Eu podia ser derrotado por qualquer tipo de alimento, menos por um frango.

Depois de uns quatro rounds de luta livre, consegui soltar um dos pedaços.

No fim ficou bom. Tudo bem que foi a Sadia quem temperou e o George Foreman quem grelhou. Mas fui eu que dei uma sova naquele frangote. Onde já se viu...

domingo, janeiro 20, 2008

Mulheres que amamos: a Carola.

Dando continuidade a uma muy antiga série de posts.


Tava enrolando pra postar sobre ela. Sacumé, de repente um raio cai na minha cabeça. Mas o fato é que, após estudar tantos anos num colégio de freira, eu não podia deixar de um dia mencionar a mulher carola. Depois da mulher Badauê e da mulher Darth Vader, minha beatinha, chegou a sua vez.

Tive que sair a campo para recolher material. Vasculhar as profundezas do lado negro do meu passado, entrevistar alguns amigos, pegar uns caderninhos de telefone com validade vencida... Sim, não é todo dia que a gente cruza uma dessas.

Queria ressaltar que acredito na máxima: Quem se converte não se diverte.

Mulher carola não dá pinta logo de cara. Tem todo um trabalho de revelação. Pois é, um treco divino mesmo. Um dia você recebe uma luz que te diz: "Filho, fujais enquanto é tempo ou ficarás numa seca desgraçada. Pois é não dando que não se recebe".

Por isso é melhor seguir meus conselhos e investigar.

Ela parece uma mulher normal como outra qualquer. No bar ela não bebe. Mas tudo bem porque nem toda mulher bebe, quase toda mulher faz regime e absolutamente toda mulher faz tipo.

Um bom teste é, ao chegar no boteco, pedir um Capeta pro garçom. Se ela se benzer, ferrou. Nesse caso não é sinal da cruz, é sinal vermelho mesmo.

Carola tem horror a palavrão. Não fala nem quando a bola pega na trave no jogo do Brasil. Bom, isso também não é nada excepcional já que muitas não sabem pra que lado o Brasil tá jogando.

Agora meu amigo, cuidado. Preste atenção a um detalhe importantíssimo desse quesito sobre palavrões e xingamentos: se ela virar pra você e disser:

- É um cara de bumbum mesmo, viu.

Sai correndo pela porta. Cara de Bumbum? Isso dá um nível de vergonha alheia inimaginável. Se tiver mais alguém ouvindo então sua vida social está arruinada. Quem na face da terra xinga alguém assim? Não consigo nem repetir. Isso não é insultar alguém, é insultar o insulto. Ela quis ofender gravemente mas não consegui achar nada mais agressivo. Não sei, pesa menos ave-marias na hora da penitência?

Deus me livre.

Pronto, agora pouca esperança sobrou. Mas sei lá, ela pode ter estudado na Suíça, ser filha de militar... fé irmão, mantenha a fé.

Próximo passo: convida ela pra sair domingo de manhã. É, inventa alguma coisa pra fazer. Andar no parque, ir no mercado municipal, malhar, ir numa feirinha de artesanato, qualquer coisa. Se ela recusar mais de três domingos seguidos é fato: ela tá na missa.

A não ser que ela se recuse a sair da cama antes das 11:30 no domingo. Vai que ela é dorminhoca? Não ceda amigo, não fraqueje. Continue confiando que a sua santinha é do pau oco.

Se depois de toda essa lenga, lenga, todas essas provas de fogo você ainda for um prego e não tiver certeza se a gata que você está saindo já está comprometida com o todo poderoso, faça o teste final. Mas atenção: o teste final pode provocar emoções muito fortes, só utilize em casos de dúvida extrema.

Entendeu?

Não tentem isso em casa.

Nunca executem sem o auxílio de um profissional.

Jamais e em hipótese alguma pratiquem isso com os amigos.

Se a duvida persistir, um dia, como quem não quer nada, solta no meio de um jantar que a Gretchen é sua tia. Exatamente, nada pode estar tão próximo do inferno quanto isso. É tiro e queda, ela vai jogar um balde de água benta em você. Tá desmascarada.

Perco o lugar no céu mas não perco a piada.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

E o vento levou.

Eu já disse que odeio calor? Cara, eu odeio calor.

E que calor é esse que tá fazendo nessa terra, alguém me responde? Aquecimento global não, isso é esturricamento global, elevação do inferno ou campanha do Peru Sadia. Tá todo mundo assando.

E quem mora no Rio? Apesar de que o pessoal lá tem ar-condicionado até na casinha do cachorro. Também pudera, se aqui tá quente, minhas notícias vindas de lá são de que os termômetros bateram os 40 graus pra cima durante as festas de fim de ano. Aqui em Sampa, um calor desses é novidade de uns tempos pra cá e por isso o povo não tá lá muito preparado.

Eu, por exemplo, não tô nada preparado. Se até gelo eu esqueço de fazer... E pra dormir? A gente toma sempre algumas medidas afim de espantar o calor. Banho logo antes de deitar, tirar lençol, roupa, abrir a janela, etc. Com 26 graus em plena madrugada e nenhuma brisa pra dar um refresco, me restaram poucas alternativas:

Dormir na varanda, em baixo da minha pitangueira.

Levar o travesseiro pro chão da cozinha. Aliás, qualquer coisa era só abrir a geladeira.

Subornar o porteiro pra dar um mergulho noturno na piscina do prédio.

Sair de madrugada pra comprar um ventilador.

Pois é, temendo um vexame maior, a última opção foi a escolhida. Levantei da cama, me vesti, peguei o carro e lá fui eu a 1 da manhã no Extra comprar um ventilador. Salvem todos os Extras e Pães de Açúcar de São Paulo que ficam abertos 24 horas quentes por dia, 7 dias calorentos por semana.

Achei que seria o único cristão àquela hora no supermercado. Pequeno engano. Tava bombando de gente naquele lugar e o corredor do ventilador tava com um certo movimento acima do normal. Tratei logo de garantir um no carrinho. Parti totalmente pra ignorância e comprei o mais mega-power-chamberlain-advice-gold-ultra que tinha.

E lá fui em com aquele trambolho gigante pra casa. E descobri suas mil e uma utilidades domésticas.

- Seu Gastón, mas é grande esse ventiladô heim?

- É Jô, você viu?

- É, acho que eu vou usar ele pra secá os pano. Posso?

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Pronunciamento.

Interrompemos nossa programação para um apelo em rede nacional.

Eu acho um saco assitir ao Big Brother, portanto, peço aos meu leitores que votem na Jaqueline para o paredão de amanhã, pois eu quero ver aquela gostosa na Playboy o quanto antes.

Prosseguimos com nossa programação normal.

domingo, janeiro 13, 2008

Meu nome não é Johnny. Infelizmente.

Ataulfo tinha um grande problema. Como assim que problema? Que nominho danado de feio era esse que o rapaz carregava há 29 anos?

- Caramba Pai, que nome é esse que o senhor foi colocar em mim?
- Meu filho, seu avô se chamava Ataulfo, eu me chamo Ataulfo e você também só poderia se chamar Ataulfo.
- Mas meu irmão se chama Jorge. Jorge é um nome bacana. Todo mundo chama ele de Jorjão. E eu?
- Mas você veio primeiro, meu filho. Eu e sua mãe não sabíamos se iríamos ter outra chance de ter um filho homem.
- Pai, geralmente quem é sorteado primeiro fica com o melhor prêmio.
- Meu filho, Ataulfo foi um grande Rei da Espanha.
- E eu sou o grande Rei da Chacota.

Mania besta essa de ficar colocando o mesmo nome nos varões da família. No fundo, no fundo, soava a vingança. Aguentou ser chamado de nome esquisito a vida inteira e queria dividir o fardo. Ou então era uma tentativa de povoar o mundo com Ataulfos e tornar aquilo tão comum quanto José. A hora que ficar comum, todos deixarão de estranhar.

Na escola, sempre que começava o ano era a mesma coisa:

- Adriano.
- Presente.
- André.
- Presente.
- Ataulfo. ATAULFO?
- Presente.

Sorte dele quando na quinta série entrou no colégio um tal de Oliúdi. Disseram que o pai do menino gostava dos comerciais da marca de cigarro. Ninguém mais perturbou o Ataulfo até chegar ao fim do segundo grau.

- Boa tarde. Qual a sua graça?
- Ataulfo.
- Nossa, isso tá mais pra desgraça. Ataulfo?

Essas e outras piadinhas, ele ouviu a vida inteira.

A cada nova novela das oito ele rezava pra ter um galã homônimo. Aí sim o nome vira moda e todo mundo começa botar no filho a mesma alcunha do personagem do Tarcísio Meira. Mandou até carta com sugestão pro Manuel Carlos.

E as namoradas? Perdeu um monte delas. Era sempre assim, ele ganhava a garota e ela nunca apresentava ele pra ninguém pra não passar vergonha. Aí quando não tinha mais jeito, elas arrumavam um apelido pra dar uma disfarçada.

- Pai, mãe, esse aqui é o Tatá.

Tatá? Coitado do Ataulfo. Teve uma que não tinha pensado no apelido, deu ataque de pânico na hora e ela emendou um "Gente, esse aqui é o Ufo".
Chamaram o Ataulfo de Ovni até o fim do namoro.

Acha que é só isso? O sobrenome do nosso amigo é Costa. Ataulfo Costa. Batata: nome de cantor de bolero.

- Pai, e se eu tivesse nascido mulher, iam me chamar de quê?
- Ué, Farairdes. Como sua mãe e sua avó.

É, até que Ataulfo não foi tão mal negócio.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Haja pique.

Eis que teve início a temporada das festinhas infantis. E vamos combinar que essa tende a crescer exponencialmente ao longo dos próximos anos. Pois é, muita gente encomendando filho nesses últimos tempos.

Mas festinha de criança tem lá seu lado bom.

Sempre tem um fliperama rolando a vontade. Recalque de véio né? Sujeito gastava os tubos no fliperama quando era criança e agora acha o paraíso ter lá uma máquina destravada para seu bel prazer. E em fliper de buffet infantil criancinha não tem vez. Vai lá brincar no trenzinho, na piscina de bolinha, no pula-pula gigante e não me enche o saco. Aqui é lugar de marmanjo. Fica um bando de tiozão tomando cerveja e jogando street fighter com os dedo tudo engordurado de bolinha de queijo.

Por falar em bolinha de queijo, é a chance de comer uma variedade incrível de salgadinhos junkie. Onde, em um só lugar, você vai comer coxinha, esfiha, cachorro quente, empada, quibe e risole? Quando eu vejo risole eu lembro do Caco Antibes "Pobre adora um risole, um cocrete, um cajuzinho".

E por falar no cajuzinho (que não se vê muito por aí, deve ter entrado para o hall dos docinhos bregas junto com o canudinho de doce de leite), brigadeiro é outra coisa que a gente só costuma degustar nessas ocasiões. Eu tenho um fraco por brigadeiro. E quando é meio brigadeiro preto e meio branco? Eita...

Depois dessa esbórnia toda, tome academia.

Mas nem tudo são flores nos aniversários da molecada. E a zona que é aquilo? Eu fico imaginando o cristo que trabalha num buffet infantil e guenta o tranco de três, quatro daquelas numa tacada só. Eu vou em uma, sou convidado e já saio atordoado.

Em primeiro lugar vem a trilha sonora. Xuxa bombando. Isso porque os aniversariantes ainda estão na média de 1 ou 2 anos, porque de 4 pra cima já tá rolando um "Tropa de elite pega um pega geral...". Benza deus.

Aquele monte de criança descontrol, gritando, esmurrando, arrancando a decoração do lugar, se arrastando no chão, pisando nos docinhos, chorando, vomitando, dançando em cima da mesa, pulando, esperneando, "manhê, quero fazer cocô na casa do Pedrinho"... e os pais lá, felizes porque tem um monte de monitor pra segurar o rojão.

Agora vou falar uma coisa heim: o que eu acho sacanagem em festinha infantil é aquele negócio de pintar a cara dos moleques. Eu nunca vou deixar pintarem a cara dos meus filhos. Troço mais feio, bota lá uma borboleta na cara da menina. Aí ela fica com aquele treco azul na cara parecendo o Pablo do "Qual é a Música". É o fim da picada...

E quando tem palhaço, mágico essas coisas? Teve uma vez que, por conta da decoração baseada no filme "Carros", da Pixar, botaram um macacão e um capacete de piloto num sujeito. Não sei se confundiram o coitado com o boneco do judas, mas todas as crianças da festa começaram a achar legal encher ele de bica na canela. Pelo menos de dentro do capacete não dava pra ninguém ouvir o cara xingando a molecada.

No fim das contas, entre mortos e feridos, tudo dá certo. Bem sabemos que morre uma bela grana pra fazer um evento desses, mas os pequenos se divertem, os pais desencanam por alguns momentos, o pessoal do buffet é quem vai arrumar a Sodoma e Gomorra que ficou no recinto, os convidados aproveitam e o aniversariante fica soterrado de presente.

Enquanto isso, ninguém percebe que o caos aéreo é por causa do excesso de pousos e decolagens de cegonhas. E tome festinha o ano todo.

terça-feira, janeiro 08, 2008

Pequenos empecilhos

- Ah Marcão, não sei não, cara.
- Porque Chico? Não confia em mim e na Amanda não cara? Tô falando, a mulher é bacana.
- Mas é Corinthiana. Pô Marcão, Curinthia não dá, né?
- É, isso é complicado mesmo.

- Ah Amanda, não sei não, amiga.
- Porque Elisa? Não confia em mim e no Chico não? Ele é um cara muito legal.
- Mas é geminiano. Ah meu bem, geminiano é um terror.
- É, você tem lá sua razão.

- Cara, imagina só eu chegando na casa dessa mulher pra almoçar num Domingo? Um bando de Corinthiano na frente da TV, o sogro me olhando torto, sem poder nem tirar um sarrinho?
- É dureza. Mas a mãe dela é Palmeirense.
- Mãe não conta, mãe não torce.
- É, mas já é uma ajuda. Pelo menos você ganha a sogra.

- Amiga, imagina ele mudando de idéia o tempo todo? Como é que eu faço pra agradar um homem desses? Hoje ele gosta de pudim amanhã ele quer andar a cavalo.
- Calma Elisa. Olha, assim sua vida não vai ter monotonia nunca.
- Tá, mas não precisa ser uma montanha russa.
- É, mas pelo menos você vai conhecer um monte de coisas novas.

- Meu chapa, e meus filhos? Imaginou a pressão do avô pra ele ser um corinthianinho? Olha, se aquele velho miserável der uma camisa pro meu filho, vai ter quebra-pau na família.
- Calma Chico.
- Calma o cacete, Marcão. Filho meu pode optar por tudo nessa vida, menos deixar de torcer pelo Verdão. Se não for Palmeirense, perde a herança e vai morar embaixo da ponte.
- Afe maria.

- Amanda, e esse negócio de ser sociável? Esse cara deve ser daqueles que tem quinhentos mil amigos, que encontra gente em tudo quanto é canto, cumprimenta todo mundo. Nunca que um homem desses vai ter tempo pra mim.
- Elisa, larga a mão de ser louca.
- Imagina quantas amigas mulheres ele deve ter?
- Bom, com tanto conhecido, quem sabe um dia ele não se candidata e você acaba como Primeira Dama? Vai matar todas elas de inveja.

- Cara, como é que eu vou andar do lado de uma mulher vestindo aquela camisa horrenda do Curinthia? Imaginou o vexame lá no bar? Ela vai me abraçar com aquele treco.
- Larga a mão de ser idiota Chico, é só uma camisa.
- Só uma camisa? É a pior camisa do mundo. Aquilo contamina. Dá alergia.
- Vai com a do Palmeiras e fica tudo empatado.

- Menina, imagina esse homem comigo nas festinhas de família? Vai ficar amigo de todo mundo em 5 minutos e qualquer coisa que acontecer a renca toda vai ficar defendendo o lado dele.
- Meu deus como você vai longe Elisa.
- Longe nada, eu já tô até vendo. "Ai Elisa, coitadinho dele, como você faz uma coisa dessas bibibi, bobobo, nanana".
- ...

- Cara, esquece essa mulher. Me apresenta outra.

- Ai que ódio que eu já tô desse homem.

Chegando lá, ela estava de verde e ele todo atencioso pro lado dela.

domingo, janeiro 06, 2008

Psicologia infantil.

Natal é feito pra criança. Também pudera: presentes a rodo dados por toda a família. E é só nisso que eles pensam, é isso que tira o sono do dia 23 pro dia 24 e é isso que faz eles ficarem impacientes esperando a hora do Papai Noel. Pra quem ainda acredita, claro.

Eu me lembro que ficava alucinado com a perspectiva de ganhar brinquedos. Ia na casa dos meus tios que nem um tiranossauro rex, pronto para estraçalhar embrulhos, sedento por pacotes inocentes. E ai de quem me desse roupa.

Mas imagina só, você tem basicamente 3 datas infantis no decorrer do ano onde pode rolar uma esbórnia: aniversário, dia das crianças e Natal. De resto, há de se contar com a boa vontade dos pais e exercitar seu lado mais chupim, afim de faturar alguma coisinha numa ida ao shopping ou ao supermercado.

Dia 25 de dezembro rolou o tradicional almoço Natalino na casa da minha mãe. Família toda reunida. Inclusive o caçulinha, legítimo espécime da classe dos encapetadus infantilis de 4 anos, Lucas.

Fiquei incumbido de assar o tender, por isso cheguei mais tarde. A molecada já tinha ganhado todos os presentes, exceto os meus.

Eu, de pé na base da escada com o pacotinho embaixo do braço.

O Lucas, em algum lugar no andar de cima, provavelmente dentro de algum armário ou enfiado embaixo da cama.

- Lucas.
E vem aquela vozinha abafada e enrolada. - Eu tô aqui fazendo ghjsaefawdfsfasdf.....
- Luuuucaaaas.
- Eu tô ghdfjghskdjhgskf....
- Ô Lucas, vem aqui.
- Não dá, eu to aksdjhfuwierhfaksjdf.....
- Lucas, vem aqui moleque.
- Pô, to sdfsdkjfslkdjlf....
- Lucas, vem aqui pra eu te dar seu presente.
- OOOOOOOIIII TIO GASTÓN!

Lembra daquele lance do teletransporte? Meu sobrinho já domina.

- Olha, o tio trouxe seu presente.

Manja miquinho de floresta? Que você pega um pedacinho de banana e fica segurando pra ele? O macaquinho fica lá, em cima da árvore te olhando, vem devagarinho, pega a banana e sai correndo de volta pra árvore? Foi isso. Ele me olhou, desceu, catou o pacote e sumiu na selva.

Alguns minutos depois eu vejo o Luquinha sentado na escada, choramingando, louco da vida.

- Eu não queria isso, queria o monstro super mega power chamberlain com armadura de aço que solta fogo pela boca...

Bom, o rapazinho queria ganhar isso (além dos outros 6 mil brinquedos que viu no Cartoon Network durante o ano), ninguém deu, eu era a última esperança. Mancada, dei um baita carrão pra ele, todo tunado que acende embaixo que nem mouse.

- Pô Luquinha, não gostou do carrão que o tio te deu?
- Não.
- Beleza, então vou levar pra minha casa e brincar com ele.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃO.

Golpe baixo, eu sei. Mas resolve que é uma beleza, começou a amar loucamente o carrinho. É uma merda mas é meu. Que nem dono de fusca.

Passou o resto do dia com cara de árvore de natal, com todos os presentes pendurados, enlouquecido, correndo pra cima e pra baixo.

Pois é, pra saber exatamente como lidar com um molequinho desses só precisa de uma coisa: ter sido um exatamente igual.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Papo de véio.

Papo de véio é assim: nossa, como o tempo passa depressa. Nossa, como esse ano tá voando. Nossa, como você cresceu.

E aí, quem não falou uma dessas três frasezinhas ano passado, heim, heim, heim? Veiarada...

Dois mil e oito. Eu eu me peguei pensando no tempo em que ainda era Gastonzinho e imaginava "Quando chegar em 2001, o ano da odisséia no espaço, eu vou ter 25 anos". E como me parecia longínqua aquela data. Imagina só, eu com 25 anos. Pois é, o corpinho tá de vinte e cinco, mas o RG... Será que um dia eu vou querer esconder a idade?

Se a gente se aposenta com 60 anos, eu vou ter que viver ainda o dobro do tempo pra chegar lá. E, obviamente, isso me parece a maior das eternidades. Mas quando a gente menos espera, tem uma vela com o número 6, outra com o número 0 e seus netos falando "e pro vô Gastón nada, tuuuuudo....".

Não acho que essa vida seja curta. E eu tô tratando de aproveitar. Mesmo porque, ficar tantos anos sem fazer nada ia me dar um tédio desgraçado. Mas que esse tal de tempo tá meio desregulado, isso tá.

E a ano novo começou. Daqui a pouco tem carnaval, páscoa, aniversário, olimpíada, natal...

Tudo isso só pra deixar registrado aqui o seguinte: você vai reler esse post lá pra novembro e dizer: nossa, parece que foi ontem que o Gastón escreveu isso. Como esse ano passou rápido.

Vai sim seu véio.

 
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