Defesa contra a arte das trevas
Esses dias eu tava praticamente mordido pelo capeta. Espumando. Mais duas palavras erradas e eu pendurava alguém do avesso no poste. Tem neguinho que me tira do sério.
Engraçado que eu já fui um cara muito mais nervosinho. De uns bons anos pra cá isso mudou bastante. Bom pra todo mundo. Pra mim que não esquento mais a cabeça e pra quem tá em volta que não esquenta mais as orelhas.
Até a página 3, claro. Pra me botar no limite demora. Mas pra me tirar leva quase o dobro.
Andei chegando tão puto, cansado e pilhado em casa que tinha 3 alternativas: gritar, esmurrar alguma coisa ou cair no choro. Resolvi não fazer nenhuma das três.
Fui no supermercado comprar um saco de sal. Como minha ocupação gastronômica não está familiarizada com nada que leve sal grosso, demorei um pouco pra achar.
Aproveitei e comprei também um potão pra guardar. Fico imaginando a cara da Jô olhando um pote de sal daquele tamanho no armarinho do meu banheiro.
- Ô Seu Gastón, usei o sal que o senhor deixou lá no banheiro pra limpar a privada. Ficou branquinha. Mas a bunda do sinhô não vai ficar salgada não?
Contra uma bela zica, um bom banho de sal grosso. Tem que ser antes da meia-noite e, de preferência, as sextas-feiras. Palavras do Vô Toninho que sempre me benzia.
Coloca 3 punhados numa panelinha cheia de agua quente do chuveiro mesmo, logo que vira o registro pra dar tempo do sal dissolver um pouco. Toma seu banho normalmente e depois de fechar a água, pega a panelinha e vai jogando o conteúdo do pescoço pra baixo.
Depois é só secar com uma toalha limpa e não usar ela de novo até botar pra lavar. Quando secar, não esfregar a toalha. Vai apalpando até ficar seco.
Descarrego.
Os problemas continuam no mesmo lugar. Mas alguma coisa certamente desceu pelo ralo.