quinta-feira, dezembro 20, 2007

O ano em que faremos contato.

Já que todo mundo já abandonou o barco e só volta em 2008, eu também tô indo.

Espero tê-los todos aqui lendo bobagens novamente ano que vem.

Boas festas e hasta la vista.

Gastón.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Dupla de dois.

Dois amigos discutindo no ponto de ônibus.

- Mas e aí, vamos fazer o que?
- Vamos de dupla sertaneja mesmo.
- É?
- Ô
- Detesto sertanejo.
- Mas dá grana.
- É?
- Ô.
- E como vai chamar nossa dupla?
- Ué, Afonso e Afrânio.
- Não, o seu nome vem na frente, fica Afrânio e Afonso.
- Não, o seu vem na frente, é mais sonoro.
- De jeito nenhum.
- Mas porque?
- E eu lá quero morrer?
- Morrer?
- É.
- Que papo brabo é esse Afonso?
- O que vem primeiro sempre morre.
- Tá delirando?
- Leandro e Leonardo, quem foi que bateu com as dez?
- O Leandro.
- Jõao Paulo e Daniel, quem partiu dessa pra melhor?
- João Paulo.
- Tonico e Tinoco, quem esticou as canelas?
- O Tonico.
- Claudinho e Buchecha, quem abotoou o paletó?
- Ah, foi o buchecha.
- Não senhor, foi o Claudinho.
- Tem certeza?
- Opa, absoluta.
- Mas eles cantam funk, a gente canta sertanejo
- Não importa, é dupla, Afrânio.
- Mas se é assim, o Rio Negro, Sandy, Edson, Ricky, Chitãozinho, Zezé di Camargo, Milionário, Pena Branca, tão tudo com pé na cova já?
- Claro. Quem mandou ser besta e querer ser primeiro?
- Ah, então eu que não quero ser primeiro também não.
- Um dos dois vai ter que ser.
- Vamos tirar no palitinho então.
- Então vamos.
- Tem palito aí?
- Tá besta? Acha que eu ando com palito nos bolso?
- Eita.
- Par ou ímpar?
- Par ou ímpar.
- Par.
- Ímpar
- Um dois e já.
- Ganhei. Você vem primeiro.
- Não, quem ganha é que vem primeiro.
- Então não valeu.
- Valeu sim.
- Valeu nada.
- Cara ou coroa?
- Cara ou coroa.
- Tô sem um tostão.
- Eu também.
- E agora, o que a gente faz?
- Não sei.
- Já sei, tive uma idéia.
- Fala.
- Vamos fazer assim: a gente fecha os olhos e atravessa a rua. Quem chegar vivo do outro lado é o segundo.
- Gênio.

domingo, dezembro 16, 2007

Se ler, não dirija.

Seu Ademir era um velhinho franzino. Um farelo de homem. Magrelo que passava pelo portão, atraía cachorro vira-lata na rua e desafiava as leis da aerodinâmica quando andava na beira da praia de São Sebastião. Seu Ademir era casado com a Dona Cida. Uma senhorinha de cabelo acajú, óculos fundo de garrafa e que adorava entuchar comida no marido.

- Come véio magrelo.
- Não quero, chega, já comi dois pratos.
- Come se não o vento vai te levar embora e sozinha aqui eu não fico.

Parecia criança. E quando o Seu Ademir tirava a camisa, Dona Cida exibia orgulhosa uma barriguinha mínima surgindo no companheiro.

- Olha com o Ademir tá forte, tá bonito, tá gordo.

Não sei, talvez ela tivesse receio de que as pessoas julgassem que o velhinho era aquele chassi de grilo, por que as habilidades dela na cozinha não fossem lá essas coisas. Mas muito pelo contrário, Dona Cida fazia um cuzcuz de camarão que era de botar no pecado qualquer cristão.

Seu Ademir, como todo velho que se preza nesse mundo, tinha lá as suas manias. Mas uma entre tantas ficava evidente pra quem quisesse ouvir. Aliás, ficava evidente pra quem não quisesse ouvir também: ele lia tudo em voz alta. Não só o jornal, a palavra cruzada e a bula de remédio. Ele lia absolutamente qualquer palavra que estivesse a sua frente em qualquer lugar que se encontrasse. Ia andando pela rua lendo as placas, os nomes das barraquinhas da praia, a propaganda no aviãozinho que cruzava o litoral (e quantas vezes aquele avião passasse, tantas ele dizia "fique na cor do verão com óleo de bronzear fulano de tal"). Dependendo do lugar onde o véio entrava, sua vida podia virar um inferno. Teve uma vez que o Tio Arlindo quis porque quis levar o Seu Ademir ao cinema.

- Tio, o senhor tem que ir no cinema. Tá uma beleza, as telas são enormes, tem uns baita poltronão pra gente sentar, precisa de ver.

Quase sairam de baixo de cacete da sessão. O véio leu todas das legendas.

A Dona Cida já não ligava mais pra mania do marido. Acostumou. E tava meio surda também, diga-se de passagem. Ninguém sabe dizer ao certo quando essa história começou, mas há quem defenda que foi quando o Ademirzinho começou a aprender a ler. Avô e neto saiam para dar uns passeios e ver os peixes recém chegados nas barcas dos pescadores na beira da praia. No caminho os dois iam devorando tudo quanto é placa, letreiro e propaganda.

No fim de ano, Armando, o filho mais velho, vinha até a casa dos pais buscá-los pra passar o natal com o restante da família em São Paulo. Moravam num sobrado na Vila Prudente, numa rua tranqüila e com cara de interior. Nessa época do ano, todos os livros eram guardados, revistas jogadas fora e a assinatura do Jornal cancelada por conta da visita ilustre do patriarca. As vezes ele entrava na despensa e ficava lá lendo umas embalagens, mas ninguém ouvia então tudo bem.

A Lígia, mulher do Armando, sempre dava um jeito de não precisar acompanhar o marido no bate e volta até a praia porque já sabia o que ia acontecer nas duas horas do retorno: Seu Ademir ia ler tudo que visse pelo caminho. Outdoors nas entradas das cidades, placas de trânsito, placa de carro, traseira de caminhão, propaganda de motel e por aí vai.

"Lucélia modas"
"DCB 4556"
"Prefiro ser um bêbado conhecido do que um acoolico anônimo"
"Motel SexSabe, promoção: duas horas 35,90 com almoço executivo"
"CFF 5323"


Dez, vinte, cinqüenta quilômetros e os nervos do Armando iam sendo testados ao limite.


"Amortecedores Pedrão"
"Só não mando minha sogra pro inferno porque tenho pena do diabo"
"Sandálias querida"
"São Sebastião, retorno, 500m"
"CHG 3122"


Sabia que não adiantava pedir pra parar. Ligava o rádio e tentava se concentrar na música pra não prestar atenção ao falatório do pai.


"DNR 4560"
"Mulher deixa rico sem dinheiro e pobre sem vergonha"
"Borracheiro"
"Se dirigir, não beba. Se beber, me convide."
"Roseli modas"


Armando torcia pra não ter nenhum outdoor ou motel ou qualquer porcaria no quilômetro seguinte. Mas as placas de carro eram inevitáveis. Tentava ao máximo não ultrapassar ou ser ultrapassado. Mas era impossível se manter assim por muito tempo.


"Pedágio, 2 km"
"Mantenha distância"
"DCC 7676"
"Mulher feia e morcego só saem a noite"
"Alegria de poste é estar no mato sem cachorro"


- Puta que o pariu!

E o Armando puxou o carro que ia parando devagar no acostamento.

- Que foi meu filho?
- Que foi pai?
- Porque que ocê tá tão nervoso? Porque parou o carro?
- Acabou a gasolina, porra.
- Ah, eu falei.
- Falou o que pai?

"Auto- Posto Javali: Gasolina Comum 2,49. Ducha Grátis. Aceita cheque pré."

- Fogo viu, só porque eu sou velho ninguém me escuta.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

E agora?

Gente, foi bom conhecer vocês, mas vai soar a terceira trombeta do apocalipse. O mundo "vai estar acabando". Mesmo. Agora é sério. Depois da Dercy desfilando de peito de fora na Sapucaí, da Gretchen fazendo filme pornô, ontem eu fiquei sabendo que o Roberto Justus está tendo aula de canto com o Afonso do Dominó e vai gravar um disco.

Tá lá na bíblia. Depois de soar a terceira trombeta, puft.

Há quem diga que são sete selos e não três trombetadas. Bom, se é pra aguentar mais 4 catástrofes dessas, é melhor que acabe logo. O que mais pode acontecer? A Hebe na Playboy?

Por isso, todo mundo correndo para os seus bunkers, estocando água, comprando a coleção do Harry Potter, lanterna, comida enlatada e, quem sabe, depois de um inverno nuclear a gente se encontra de novo.

Enquanto eles não distribuem o CD eu vou continuar escrevendo.

Tá ouvindo o sonzão da trombeta? Ou será que é só o Justus ensaiando?

domingo, dezembro 09, 2007

Fundação Gastón

Venho por meio deste post dar início à "Fundação Gastón de Ciências e tecnologias em benefício próprio". Pois é gente, tem coisa nessa vida que me cansa. E não sei porque raios neguinho fica perdendo tempo pesquisando coisa inútil por aí enquanto tá cheio de problema que precisa realmente ser resolvido.

Na inglaterra, por exemplo, os caras passam a vida publicando artigo científico inútil. No mínimo uma vez por semana sai na internet alguma coisa imbecil que os ingleses estão estudando. Outro dia mesmo tava lá que os homens britânicos preferem um joguinho de futebol na TV a dar uma bimbada. Dã, lógico, lá só tem mulher feia. Pergunta se na Espanha alguém bobeia? País abençoado de mulher...

Por esses e outros absurdos é que eu resolvi investir em pesquisas que realmente tem alguma relevância para o ser humano. Na verdade, que tem relevância pra mim. Mas certamente vai ter uma penca de ser humano que vai me agradecer.

Pra começar, todo o investimento da "Fundação Gastón de Ciências e tecnologias em benefício próprio" estará empregada nos avanços da pesquisa do teletransporte. Me diz, quem é que aguenta voltar de um churrasco depois de cachaçar cinco garrafas de cerveja e comer meio boi? Quem é que não se arrepende de idéias imbecis como fazer treking? Qual a criatura que nunca foi obrigada a ir numa feijoada com pagode? Você, nesse momento, precisa de um teletransportador.

Sempre bate aquele "nossa, eu queria tanto estar em casa".

Nunca saiu pra andar de bicicleta, andou, andou, andou, andou e, mongo que você só, esqueceu que tem que voltar, voltar, voltar, voltar?

Foi visitar a Tia da sua mãe (que é mais mico do que a sua própria tia) no interior. Duas horas e meia pra ver uma véia que vai olhar pra sua cara, te chamar de gordo, te enfiar um pedaço de bolo e trocar seu nome umas quatro vezes. Com o teletransportador você vai, fala oi pra ela, garante o lugar no testamento, come o bolo e volta (quase) sem traumas.

Pensei em termos estações de teletransporte em todos os chuveiros e camas das pessoas. É, porque sempre que você deseja realmente estar em algum lugar ou é tomando um banho ou é dormindo.

Caramba, Jornada nas estrelas já cantou essa bola faz um tempão, o Capitão Kirk tomava todas e ia pra casa traquilinho tirar um cochilo.

Enquanto isso os caras aqui ficam fazendo carro.

Tô errado?

Comunidade científica, mãos a obra, negada. Acha que é fácil voltar pra casa com uma jaca no pé?

terça-feira, dezembro 04, 2007

A última coca-cola do deserto.

Eu tenho um grupo de amigos que, na verdade, é quase minha família. Nos conhecemos há 10, 12, 15 anos. Muitos de nós estudamos na mesma escola. Fizemos teatro juntos e permanecemos juntos até hoje. Veio o tempo das formaturas, depois dos empregos bacanas, chegou a época dos casamentos e agora está começando a filharada. Bom, digamos que eu parei no emprego bacana. É, não sou o único, mas sou praticamente o único homem solteiro da galera.

Hoje, durante o almoço, o povo aqui da agência chegou a conclusão de que eu sou o único cara solteiro do trabalho.

Lá onde eu moro, não conheço todo mundo. Mas pelas reuniões de condomínio e encontros no elevador, parece que sou o único homem solteiro morando no prédio. Prédio que não tem uma desgraçada de uma solteira gostosa pra vir pedir açúcar só de calcinha as onze da noite.

Vai ser solteiro assim lá na p... É porque, pelo visto, quando eu chegar lá, só vai ter casalzinho.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Cuca fresca

Tem umas coisas que a gente só lembra quando precisa. E, geralmente, essas coisas não podem ser adquiridas instantaneamente. Aí a gente se chama de estúpido.

Gelo, por exemplo. Quem é que lembra de por água na forminha de gelo, me diz?

Estúpido.

Toda vez que eu preciso de gelo não tem. E olha que eu moro sozinho. Na verdade acho que esse é o problema: eu.

Quando você mora com mais alguém, também falta gelo. Mas tem uma pessoa pra por a culpa.

Tudo bem que a Jô é devastadora na geladeira mas ainda não chegou ao ponto comer pedra. Não que eu saiba. Não na minha casa. Só se ela anda pegando minha Vodka, picando o meu gelo, jogando meu suco de manga e mandando ver num Mango-frozen-caipiroska. Será? Tô até vendo ela com um drink de guarda-chuvinha, sentadona no meu sofá, ouvindo Jazz e estalando o dedinho. Pagando de patroa. Não, não, a Jô é crente, não bebe (aleluia né, pelo menos alguma coisa eu salvo nessa casa). É, o problema está comigo mesmo.

E a minha geladeira (vermelha, da Brastemp, mega-pró-fodona) tem aquelas bandejas embutidas, que você gira um breguenaits e o gelo cai num recipiente transparente. Transparente, justamente, pra múmia paralítica aqui ver que acabou e fazer mais.

Tudo bem, não adianta mais nada, mas eu acabo fazendo gelo quando sou obrigado a tomar aquele suco quente. Nessas horas sempre vem um impulso de "vou fazer umas 12 bandejas seguidas e vou ter estoque de gelo por seis meses, só de raiva. Claro que vinte minutos depois a gente esquece e fica só com as duas forminhas de sempre.

Agora, eita forma miserável. Faz umas pedrinhas pequenas de mais. Por isso que acaba logo, tem que colocar umas oito pedrinhas pra fazer algum efeito. Isso fora a água que eu deixo cair no caminho da pia até o freezer (1 metro de distância).

Menos mal que não é aquele gelo de restaurante. Daqueles que o garçom traz um iceberg no seu copo. O cara te serve um copinho de pingado com três paralelepípedos dentro. Tua boca não cabe direito lá dentro ou então o gelo vira todo de uma vez e você baba o guaraná inteiro. Sou campeão de levar banho de guaraná.

Que foi, esse assunto tá chato? Já sei, anda meio na geladeira ultimamente e isso tá te incomodando? Te largaram ali, entre o hambúrguer e um pote de napolitano? Não tem problema não, se tá doendo, bota um gelinho que passa. Se é que você lembrou de fazer né.

 
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