Mão na cabeça!
Todo mundo (e certamente várias vezes) já foi revistado.
E imagina só com que alegria o sujeito fica plantado em frente a uma boate até as 4 da manhã apalpando um monte de macho enfileirado?
Depois dizem que profissão difícil é lixeiro...
Mas tudo isso pra contar uma experiência pela qual eu passei (provavelmente a única na vida).
Eu, na Alemanha, cercado de alemães e alemãs, numa fila.
Fila modo de dizer, um aglomerado pra entrar num lugar com um telão onde um dos jogos da falecida Copa do Mundo estava pra começar.
Escolhi minha direção dentro da muvuca e vâmo que vâmo.
Cotovelada no olho, pisão no pé, empurra, empurra e golpe baixo.
Na minha frente um casal de agentes da Gestapo. Pareciam dois brontossauros de bermuda. Dois metros e la vai cacete tampando toda visão que eu poderia ter de como a fila se comportava meio metro à frente.
Depois de uns 10 minutos de luta pra não ser esmagado entre os dinos, eis que chega minha vez de passar pela revista.
Diante de mim, um loira absolutamente fenomenal pede pra que eu abra a mochila. Lá dentro um guia de Munique, um dicionário alemão-portugês, português alemão e uma garrafa d’agua.
Quando eu já esperava emburrado que ela me mandasse passar para o Rotweiller 3x4 que vinha logo em seguida para a apalpação de praxe, eis que ela mesma foi, gentilmente, verificar se eu portava alguma semi-automática no cinto, faca na perna, carabina no coldre, granada no bolso, colete de homem bomba ou quem sabe uma zarabatana desmontável na meia.
No fim das contas, só me restou recorrer ao dicionário de dentro da mochila pra perguntar:
Es war für Sie gut?