sábado, janeiro 20, 2007

Programa de Paulistano

Aproveitando minha ida a 25 de março nesse sábadão com meu carioquíssimo amigo Rods, resolvi postar esse texto bem paulistano.

Gastón

Programa de paulistano que eu não dispenso é ir na 25 de Março numa manhã de sábado ou domingo. Mas o programa tem que ser completo, com direito a sanduíche de mortadela no mercadão e abacaxi geladinho (que é redutor de culpa de comedores de mortadela).

Minha primeira parada é sempre no shopping 25. Shopping??? Aquilo parece Bombaim em dia de liquidação. Um corredor estreitinho com aquele bando de gente, aquelas "tia" gritando, criança chorando, marido reclamando, todo mundo se atropelando, cotovelada no olho, pisão no pé, sacolada no joelho, ombrada, voadora... Sempre que to no meio daquela muvuca penso “e se um dia essa joça pegar fogo?” Tenho certeza que um nike original não queima tão rápido como um pirata daqueles.

São 6 andares. Em cada andar deve ter umas 100 lojinhas. Dentro de cada lojinha tem sempre um Coreano ou um Chinês. Deve ser a maior colônia asiática do mundo. Como você é minoria, eles não se preocupam muito em falar sua língua. Mas eu fiz um cursinho básico de línguas exóticas e vou ensinar pra vocês como funciona: na verdade você tem, basicamente, que tirar todas as preposições, esquecer a concordância, anular o plural, tornar o sujeito oculto e trocar todo “R” por “L”. Portanto algo como “Esse relógio custa 15 reais” vira “Esse 15 leal”.

Numa das lojinhas onde uma vez eu fui comprar um controle-remoto universal tinha uma daquelas câmeras de segurança com uma plaquinha escrita à caneta: “Solia, tá fimado”.

Depois de adquirir meus joguinhos de PlayStation2, um relógio da Gutchi, da Naiki ou da Cauvim Klain, to cheio de sacolinhas pretas de plástico na mão e a fome apertando. Ta na hora de ir pro mercadão.

O caminho consiste em arrastar-se por uma trincheira entre camelôs que vendem absolutamente de tudo.

Agora me explica uma coisa: você já viu alguém comprar uma garrafa de Amarula de camelô? E um Whiskão 12 anos? Bom, se você compra me avisa que eu não vou jantar na sua casa.

Outra que eu simplesmente não entendo é porque vendem perfumes do boticário em bandeijinhas de isopor com magipack por cima? Parece que você ta levando um frango e não um perfume. Bom, pra falar a verdade, frango ou não, aquilo também não é perfume.

E o Invisible bra falsificado? Meu deus, imagina aquela mulher maravilhosa, com aquele jogo de peitos fantástico.. aí você vê que ela tem um treco de borracha espremendo os melões que ela arranca e fica metade da cola... alguém ajuda a coitada.

Chagando no mercadão temos a última e derradeira prova de que paulistano adora um programa de índio. Tudo bem, vamos ser razoáveis e convir que a coisa melhorou muito por lá.
Agora tem restaurante, tem mesinha pra sentar, tem garçom pra te atender, etc...

Mas eu sou do tempo em que comer por aquelas bandas era ficar meia hora na fila do caixa, uma hora esperando senha do sanduba de mortadela, segurar o pratinho com uma mão, a coca-cola com a outra e rezar pra alguém desencostar do balcão pra você poder apoiar um dos dois pra poder comer ou beber. Isso sem contar que você esta parecendo um cabide cheio de sacolinha do shopping 25.

Mas depois de tudo isso o paulistano volta pra casa feliz. Com “100 leal” ele ta de Naiki no pé, Gutchi no pulso, Reboque na cabeça, 3 joguinhos de PlayStation, um belo CD pra ouvir no caminho e um filme que acabou de sair no cinema pra ver na TV de 29 polegadas que ele comprou no Stand Center.

Negócio da china.

12 Comments:

Blogger Tati said...

sucesso garantido com qq visitante de outra cidade que está de visita na sua casa.... Não é só paulista que adora não, na verdade, o resto do Brasil têm é até uma certa inveja desse nosso tesouro....
Agora com lojinhas indianas, pertinho de você....
Quer melhorar ainda mais o programa? Estica até o fenomenal Museu da Língua Portuguesa e vizinha Pinacoteca.
Depois passa na Zépa pra comprar a roupa pra balada da noite!
Pronto, perfeito dia paulistano!

8:54 AM

 
Blogger Sofia said...

Já ouvi falar, e muito, do comércio da 25 de Março. Mas nunca visitei ... conheço o equivalente carioca, a também famosa Rua da Alfandega ( ou SAARA para os íntimos ). É um programão !!
Abraços,

10:35 AM

 
Anonymous Anônimo said...

hahahahha...
Não fica metade da cola, viu? rs
Confissão mais queima filme do domingo...

1:38 PM

 
Blogger MH said...

Beibe, vc acredita que só fui na 25 umas 2 vezes, pra comprar tecido?? Nunca explorei a região como devia... quem sabe essa semana, fazer umas comprinhas com a Tamara seria divertido hahaha

7:46 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Mais paulistano e mais mercadão ainda é dizer sanduíche de mortandela. E tomar com kisuko de uva. :-P
Beijos, Menina do Poltergeist

8:13 PM

 
Blogger Ana said...

Melhor do que isso é ir na 25 em dezembro!! :D
Beijos

9:16 PM

 
Blogger Gastón said...

Tati, encarar uma Zepa depois da 25 é quase suicídio. haja disposição...

Sofia, o Rods lembrou do Saara na hora quem chegamos lá. É bem parecido.

Aninha, o seu é da 25?????

Beibe, precisamos combinar de ir. Mas sem sanduba de Mortadela, a gente não pode!

Hey menina do Poltergueist, você por aqui :0)? Você pode pedir um sanduiche de mortandela e comer dois pastel também.

Ana, eu já fui na 25 no dia 23 de dezembro. Nâo recomendo.

9:07 AM

 
Anonymous Anônimo said...

hahaha...
25 = R$15,00
o que vende na TV = mais de R$100,00

Chuta de onde é o meu????

11:22 AM

 
Anonymous Anônimo said...

O que vende na TV é mais de 300 real! (tá, concordo que 300 é "mais de 100" tb....)

O seu funciona? O meu ficou ridículo, nunca usei. Não sei se porque era farsificado.

Ass: Anônima com motivo
PS: Já comprei bebidas na Galeria Pajé e elas prestam!

3:11 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Isso tá parecendo mais confissões de encontros anônimos.
-Oi, sou a Joana e vou na 25!
-Ôpa, meu nome é João e meu uísque é da 25...
Resumindo...todo mundo vai, o pior é quando você encontra alguém por lá:
-Nossa, que loucura isso, né? Minha primeira vez, vim acompanhar minha prima de quinto grau que chegou ontem do Acre.
Ahhh, tá!

Gastón, que textinho bacana. Eu adoro todos!
P.S. O Acre não existe, só na Globo. Ou você realmente já viu alguém que veio do Acre? Alguém que viaja para o Acre nas férias? Ou já ouviu falar de outra cidade além de Rio Branco?
Lu

5:54 PM

 
Blogger Gastón said...

Lu, tem toda razão: o acre é invenção da globo. E digo mais: sempre defendi que guaianases também é invenção do SP TV. É um bairro fictício onde as pessoas tem problemas de mentirinha pra globo poder ter assunto.

11:58 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Sabia que alguém me entenderia!
Lu

3:35 PM

 

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