terça-feira, junho 12, 2007

Comigo ninguém pode.

É feio falar mal dos outros. Assim como é feio ser politicamente incorreto, xingar o vizinho, falar de boca cheia, enfiar o dedo no nariz...

Mas uma hora ou outra, todo mundo acaba tendo seus deslizes. Vamos lá que ninguém tá olhando.

Oras, quem aí não dá suas alfinetadas que atire a primeira pedra. Todo mundo nessa vida tem sua dose de veneno debaixo da língua pra destilar de vez em quando.

Tem quem se ocupe do ofício vinte e quatro horas por dia. Se é o seu caso, é bom repensar. Além de prejudicar o fígado, é uma tremenda falta do que fazer. Não tinha aquele papo da carrocinha vir te buscar quando era criança? Pois é, pra surucucu crescida, a gente ameaça mandar pro Instituto Butantã.

Obviamente, pra toda maledicência, existe sempre um maldito. E aí nasce a “Pessoa-assunto”.

Existem certas pessoas-assunto que se tornam eternas. Toda vez que uma certa turminha se reune, a cicuta sobre fulano come solta. Onde duas ou mais jararacas se reunirem em seu nome, sua orelha estará ardendo. Já é parte da conversa. Não dá pra ir embora sem ao menos lembrar carinhosamente daquele calhorda, daquela descontrolada, daquele sem noção e não vamos nos esquecer daquela vagabunda de marca maior.

E o assunto rende.

Tenho uma turma de amigos que, por exemplo, fala mal de uma tal de Rogéria. Coitada tem nome de travesti famoso. Bom, se a tal fosse legal, certamente a piada seria só uma sacaneada na frente dela e não uma comparação dessas em mesa de boteco. Eu nunca vi a menina mais gorda. Mas já tô assinando em baixo que ela não vale nada de tanto descerem a lenha na infeliz. Sempre conto quantos minutos de chopp demora até surgir o assunto. Nunca passa dos trinta. Às vezes, quando rola um silêncio na mesa, alguém solta:

- Pô, acabou o assunto. Vamos falar mal da Rogéria?

Já zuaram tanto a pobre que acabou virando piada. De mal gosto. Mas nem por isso menos engraçada.

Pra ganhar status de pessoa-assunto, tem que pisar no calo de muita gente. Tem que sair por aí enlouquecendo meio mundo. Aprontando várias. Ou, simplesmente, nascendo.

Tem lá seu merecimento.

Em alguns papos de bar a gente percebe que ali está surgindo uma nova pessoa-assunto.

Era tão inevitável, eram tantas histórias de todos os lados, era um sem fim de absurdos que não teve como: passaram a noite trocando experiências desagradáveis causadas por fulano ou fulana.

Pronto. Aconteceu.

E aí nos vem aquela velha máxima: pra deixar de ser surrado, torça pra alguém fazer uma cagada maior. Cagada nova sempre dá mais ibope.

Sempre tem alguém mais maluco do que você, pode acreditar.

Só não vale papo de mulher recalcada. Isso é café com leite. Porque mulher recalcada fala mal de tudo e, pra ela, nunca nada tá bom. Logo, logo ela encontra outro coitado pra botar defeito. Fica sempre num arquivo de recalques e queixas pra ser lembrado em momentos oportunos. Mas, pelo menos, o infeliz deixa de ser o boneco da malhação do judas.

Claro que o melhor mesmo é, ao invés de ficar descendo o cacete, esquecer que neguinho existe. Falar mal, as vezes, vem em tom de desabafo. Desabafou? Pronto, agora esquece. Quebra o canal. Separa de vez.

Mas acho que o tal do Darwin tava errado mesmo: o homem não descende do macaco não.

A gente veio é da cobra mesmo.

17 Comments:

Blogger MH said...

tá, é feio, mas não é quase uma terapia falar mal de quem merece??? Uma catarse? Sair com o chocalho pendurado na ponta do rabo e afiar os dentes?

Ainda bem que vc é meu amigo... Se bem que evito dar motivo pra virar assunto!

2:41 PM

 
Blogger Catarina Chagas said...

Putz, me identifiquei totalmente. Toda galerinha de bar tem seu assunto preferido e fiel. Geralmente, boa coisa não é.

3:19 PM

 
Blogger Ana said...

é, concordo com a MH. Às vezes, o desabafo é uma terapia ou vice-versa.
Mas tenho alergia, pavor, nojo de pessoas recalcadas, aquelas tipo: "insatisfação garantida ou seu dinheiro de volta", sabe?

3:27 PM

 
Blogger mc said...

Isso é uma coisa completamente natural, que todo mundo faz. OK, tem limites e tem gente que só sabe falar da vida dos outros.

Agora, até eu quero falar mal da Rogéria!

O que será que inspirou esse seu post?

4:27 PM

 
Blogger urbenauta said...

Essas coisas são complicadas... Quando mataram o duque (ou principe, nao me lembro) Franz Ferdinand em Sarajevo, estourou a primeira guerra mundial!
Será que essas fofocas de bar serão o estupim da terceira guerra mundial ? hehehehe
Olha, posso até queimar no inferno nuclear, mas eu adoro um mal dizer!
E sim, somos descendentes de cobras! Quem voce acha que comeu Eva ? Adão ?

4:42 PM

 
Blogger Nana said...

E mesa de almoço com o pessoal do trabalho? Nem precisa dizer quem é o assunto preferido, né? Ui, pode dar até indigestão!

5:03 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Também acho natural. Muitas vezes quis negar meu instinto: evitei falar da pessoa X, mas o que fazer se ela 'realmente me incomodou e causou emoção'?
No fim, com os amigos chegados, acho que vale bem a pena uma catarse de vez em quando, sabe...Beijos

5:34 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Eu assumo: adoro falar mal daqueles que eu não gosto! rsrsrs
Mas claro que não rola de fazer isso sempre. Até porque aí perderia a função terapêutica! rsrsrs
Beijos!

5:48 PM

 
Blogger Lala said...

Como assim, Gasta? Feio é o que as "pessoas assunto" fazem pra parar na rodinha de comentários. Falar mal não é feio, é necessário.
Eu falo mesmo, descendo da cobra e pronto!
Afinal, não tenho a menor intençao de ir pro céu. Não conheço ninguém lá mesmo....
Beijo querido.

6:22 PM

 
Blogger Rodolfo Barreto said...

Eu acho que as pessoas-assunto são fundamentais para a mesa de bar. Faltou conversa? Deu aquela parada? Rolou um vazio? Este é o mmomento certo para pegar o curinga e tacar na mesa. Mas taca com força que a Rogéria merece.

7:17 PM

 
Blogger Gastón said...

Beibe, limpa aqui do lado que tá escorrendo um veneninho. De vc eu só tenho elogios pra espalhar girl.

Catarina, coisa ruim é com a gente mesmo. Bota na mesa que a gente malha.

É Keep, e vou te falar que essa mulherada tá cada dia mais recalcada viu...

Rânei, é normal mesmo. O que inspirou? Vamos pro bar com a gente? te conto lá.

Urbe, e tem gente que merece, não merece? Vale o mármore do inferno.

Nana, com pessoal do trabalho a gente sai pra falar mal do atendimento ;0P

Vivi, é catartico mesmo. Manda ver, solta o verbo. Ah, sacaneia todo mundo e ainda quer sair de orelha fria?

Dani, se falar sempre fica com fama de Dona Fifi. Aí não dá né rsrsrs

Lalinha, vc vai pro céu de qualquer modo. Falando mal ou não. Aliás, saudade de vc viu... afe maria.

Rods, vc que conhece rogéria, (porque eu só virtualmente e por tabela)merece ou não merece?

7:19 PM

 
Blogger Tati said...

Pior quando a pessoa assunto trabalha na sala ao lado... Lá na escola, o prof (nem deveria carregar o santo nome de prof, mas enfim) de matemática (pior que a Ana Maria, Gasta!!!) andou pisando tanto no calo dos alunos e dos colegas, que já virou assunto sem medo das paredes de gesso... Entro na aula depois dele e as crianças logo começam o veneno..... Merecido, e cada vez em voz mais alta.....

7:38 PM

 
Blogger Cláudia said...

como diz minha mae, a gente nao fala mal, a gente só comenta

7:52 PM

 
Blogger Unknown said...

ihhh trabalho sempre tem disso, eh o pessoal do escritório q fala mal da fábrica, e fábrica q poe apelido e fala mal de todo mundo do escritório...rs
Se tiver mta mulher no escritório então, ferrou vc pode estar sendo a pessoa assunto da colega do lado...rs
Não tem como evitar....

bjos

9:36 AM

 
Blogger Leonardo said...

Quem que nunca falou mal de ninguém? E quem nunca deu boas risadas, mesmo quando não quer fazer parte desse meio, quando escuta algo da "pessoa-assunto"?

Acho que viemos foi de um cruzamento do macaco com a cobra, pq se fosse da cobra sozinha, ia ter muita gente morrendo envenenada mordendo a lingua. :)


Abraços.

12:07 PM

 
Blogger Gastón said...

Tati, pior que a Ana Gorda????? Nossa, fala mal mesmo. EU até ajudo.

Clau, sabias palavras. Mãe sempre tem razão.

Cris, juntou a mulherada, sai de baixo.

Leo, pois é meu chapa, não sobrava um rsrsrsrs.

10:32 PM

 
Blogger Ana Téjo said...

Eu conheço uma pessoa - deve ser única no mundo - que NUNCA falou mal de ninguém. É um chato de galochas. A gente vive falando mal dele!

5:45 PM

 

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