Coronel Mostarda, com candelabro na minha cozinha.
Toda vez que eu vou viajar, olho bem pra minha casa antes de sair. Aquela olhada em tudo já com a chave na mão e um pé pra fora da porta.
Não sei bem porque. Mas acho que tem algo a ver com poder imaginar que lá longe, no conforto e segurança do seu lar, as coisas estarão te esperando exatamente do jeitinho em que você as deixou. Será?
Ontem eu cheguei de viagem. Um período curto fora de casa, fui só passar o fim de semana no interior. Cheguei absolutamente devastado depois de cozinhar pra mais de vinte pessoas (pizzada), de muitas latinhas de cerveja, risadas de minuto em minuto e de uma noite de sono quase simbólica num colchão na sala entre amigos roncadores e a claridade da manhã.
Joguei a chave num canto, a mochila no outro e fui, sem escalas, pra minha cama amarrotada, exatamente como eu a havia deixado horas atrás. Dormi para tirar o atraso da noite passada.
Acordei moído. Com os braços doloridos dos esforços com as pás e rolos de abrir massa. Levantei e fui assistir televisão enquanto os olhos desinchavam. Aos poucos fui observando as coisas no meu apartamento, ligeiramente desarrumadas pelos preparativos do dia anterior.
Bateu a fome e fui na padaria comprar um pãozinho pra fazer um típico lanche de domingão à noite.
Abri minha geladeira pra pegar um suco. Um bafo quente saiu de dentro dela. Alguém morreu na minha cozinha. Algo ali quebrou enquanto eu estava fora.
E dessa vez nem foi culpa da Jô.
Agora eu sei de onde vem o termo Presunto pra se referir a gente que bateu com as dez. A hora que eu abri aquela porta veio um cheiro digno do IML.
Logo a minha geladeira, extravagância monetária da minha cozinha, xodó do meu apartamento, atração turística das visitas dos amigos, portentora da mais bela coleção de ímas do hemisfério sul.
E não existe vida possível para um homem solteiro sem geladeira. É lá que ficam os congelados. É lá que está a cerveja.
Resultado: uma caixa de nuggets de soja, uma caixa de empanados de frango, uma caixa de almôdegas de peru, um filé de frango, uma caixa de hambúrguer, um pote de sorvete, um melão, ketchup, mostarda, maionese, molho de iogurte, queijo, palmito, milho, cream cheese, suco de laranja, Ades de maçã e um maldito tupperware de frios no lixo. É, dessa vez não foi só o presunto que saiu num saco preto.
No fim sobrou a garrafa d’água, 5 latas de itaipava bem quentinhas e um cheiro maldito que vou ter que chamar um padre exorcista pra tirar.
E o meu pãozinho acabou sem nada pra por dentro...
Agora estou aqui com toda as janelas e portas escancaradas, parecendo uma véia calorenta, pra sair esse fedor que eu não sei mais se está impregnado na casa ou só no meu nariz (e na minha memória).
Bom, essa semana estou especialmente inclinado a aceitar convites para café da manhã e jantar com amigos.
11 Comments:
Um ano de casamento, vamos comemorar viajando pra Nova York?
E assim fomos, eu e meu então marido, passar dez dias fora.
No vôo de volta, eu penso: A GELADEIRA!
Como o meu apartamento tinha uma rede elétrica péssima, do tipo que não dava pra tomar banho e ouvir rádio ao mesmo tempo, um amigo sugeriu ao meu marido desligarmos a chave geral. Achamos uma idéia brilhante e assim fizemos.
Acontece que eu trabalhava e estudava, então eu fazia compras antes de viajar, pra quando chegasse, cansada, ter tudo à mão.
Nem sei como os vizinhos não arrombaram o apartamento achando que tinha alguém morto. A geladeira era tomada por bichinhos.
Pra minha sorte, só lembrei disso no vôo de volta, senão teria passado a viagem toda sofrendo.
Mas foi aí que aprendi que carvão e pó de café ajudam a tirar o cheiro de podre da geladeira!
11:18 PM
Continuando
Podia ter ido na pizzada! Vc fez falta!
beijo
11:19 PM
Gastón
Do manjar dos Deuses que fiz na sexta sobrou muito bacalhau com natas, tarte de natas, pudim de ovos. Tou aqui oferecendo para todo o mundo. Se quiser vir cá jantar é só dar um pulo a Londres..ihihih
Um beijo
7:24 AM
ai que nojo, não gosto nem de imaginar o cheiro. E minha imaginação olfativa também é vívida... eca eca eca, mil vezes eca!
e aquela outra conversa, acho que vai dar certo, sabia? Parece que o nível de aceitação está subindo... te conto!
beijo
8:40 AM
rânei,
PQP!! Estou triste por você, sei o quanto essa geladeira era importante na sua vida.
Mas, escuta, tem conserto?
12:24 PM
Clau, super obrigado pela dica :0)
Pois é, não pude ir na pizzada por conta dessa outra pizzada que, sem minha presença, o povo morria de fome. Queria ter ido mas fica pra próxima.
Rubina, congele, coloque num ispor com muito gelo e mande via área com urgência pra minha casa.
Mh, nem queira sentir aquele cheiro. deixei tudo aberto e saiu. Mas nem me atrevo a abrir o caixão de novo.
Rânei, com ou sem concerto, ela tá na garantia. Ufa.
1:11 PM
Que saco isso... uma vez minha geladeira novinha caiu a porta... e sei bem o que é ficar sem geladeira até que alguém resolva dar um jeito... triste a vida no mundo quente... boa sorte... bjs re
4:29 PM
Nossa Rê, cair a porta é grave rsrsrs. Vou levando. Hoje não teve como, acabei indo pro bar.
9:47 PM
Gastón
larga a geladeira na mão da Jô com dois litros de cândida que a nêga dá um jeito nela rapidinho.
9:52 PM
ôpa, sexta-feira eu vou trancar a Jô lá dentro pra limpar! Se bem que acho melhor não, vai que ela morre e aí vai empestear tudo de novo.
10:35 PM
que graça, entrar no google para descobrir técnicas de tirar cheiro de geladeira e encontrar esta estória num blog....ótimo!
by the way, alguma outra idéia? o pó de café não tá ajudando muito....e o cheiro já impregnou na minha memória, no nariz, na cozinha, na sala....
8:48 PM
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