quinta-feira, julho 16, 2009

A Fazenda.

Está no DNA da família gostar de bicho. Até meu velho, que é mais durão, flagro conversando com os gatos esparramados no sofá.

- E aí Micão? Vida boa, heim? Sai pra lá, vai, deixa eu sentar aí.

E o gato, igualmente idoso, levemente surdo e totalmente descontente, escolhe outra almofada pra afundar. E assim eles vão convivendo na aposentadoria.

Agora, minha mãe é o auge do gostar de bicho. Não, no caso dela não está no DNA. Está na garagem, no quintal, na rua, no terreno do vizinho, na rua de cima... em cada canto tem um ser de quem ela cuida.

- Filho, quando você for pra sua casa, passa na rua de cima e deixa essa latinha de ração pro Rubens?

- Rubens? Quem é Rubens, mãe? O Guarda?

- Não, o guarda é o Oswaldo. Rubens é o vira-lata que mora na cabine de segurança.

Tem o Rubens, o Pingo, a Raposa, a Suzana, o Lúcio Mauro...

Isso fora os temporários, aqueles que ela conseguiu arrumar dono.

Mas esqueça tudo isso porque agora mamãe atingiu seu topo na carreira. O mais alto e elevado grau. Faixa preta.

- Filho adotei uma galinha.

- Oi?

- Uma galinha. O guarda disse que ela escapou de uma macumba e apareceu aqui na rua.

Minha mãe adotou uma fugitiva de macumba.

- Ela tá morando aqui no terreno da frente, montei uma casinha pra ela dormir quentinha. Vem cá, vou dar comida pra ela.

Minha mãe foi na Cobasi comprar ração de galinha. Só falta levar no petshop. Já até imaginei ela voltando pra casa de gravatinha ou lacinho na cabeça.

- Precisa ver que galinha linda, ela é toda meio rajada de preto e branco, sabe?

Minha mãe tá cuidando de uma galinha que torce pro curinthia.

- Vem Cocó, vem.

- Cocó, mãe?

- É, eu chamo ela de Cocó.

E lá foi ela feliz da vida dar comida pra galinácea.

Um vizinho arrumou um galo pra fazer companhia pra Cocó, mas o bicho acordou o quateirão inteiro as 5:30 da manhã e voltou pro lugar de onde veio no mesmo dia.

Mas não se preocupem porque Cocó não está sozinha. Semana passada apareceu outra galinha lá na rua.

Fugitiva de macumba.

Bêbada.

Isso mesmo, a galinha tava bêbada. Deram pinga pra coitada. Ainda bem porque aí a bichinha tomou coragem e fugiu.

Literalmente, a fuga das galinhas.

E lá estão as duas, no galinheiro das sobreviventes sendo majestosamente cuidadas pela minha mãe.

Outro dia ela me liga:

- Filho, Cocó botou um ovo!

Não sei não, viu. Duas galinhas morando juntas, botando ovo... pra mim essas galinhas tão é com jeito de jacaré.

12 Comments:

Blogger Ju** said...

rsrsrs!
Tava com saudades dos seus ótimos textos!
Bj, Ju

5:08 PM

 
Anonymous Flavita said...

Ahá! E voltou com uma pérola! Passou até um filminho. Só faltou a pipoca. E viva a mãe do Leo (e a Cocó, claro)

5:21 PM

 
Blogger Cláudia said...

Eu adoro gente que gosta de bichos!!! Tudo de bom, gente que gosta de bicho é sempre gente bacana.
Pede pro seu pai ensinar como ele faz pro gato sair do lugar, porque a Cindy aqui em casa nem se mexe.

Que bom que voltou a postar!

beijo

7:48 PM

 
Blogger UrbAnna said...

Uia!
Que saudade que eu estava de vc e dos seus escritos...
Finalmente voltou!

Que barato a sua mãe! Administrando um albergue de galinhas sobreviventes/fugitivas de macumba. Ela deve ser o máximo (a sua mãe, viu, não a Cocó)!

Beijo
urbAnna

8:11 AM

 
Blogger MH said...

Welcome back!!

estou rolando de rir com as galinhas... sua mãe é a santa francisca de assis de SP! Será que ela vai querer adotar o touro que está no centro de zoonoses? Aquele que apareceu na TV, capturado no meio da rua? hahahaha

beijo

10:53 AM

 
Blogger ANNA said...

Atchim! Até espirrei quando entrei aqui!

E a sua relação com a Fazenda? se limita ao programa da Record ou tem alguma galinha escondida por aí que nunca contou para a gente?

11:30 AM

 
Blogger Eduardo Araújo said...

hauhauahuhauahauha

Bom, meu pai tinha um galo chamado Bill Clinton...não é tão diferente! hahaha

11:25 PM

 
Blogger mc said...

rânei, se os vizinhos dos seus pais que fazem macumba descobrem o galinheiro das sobreviventes, receio que Cocó corre o risco de virar churrasco!

3:16 AM

 
Anonymous Emmy Tajima said...

Que bom ver post novo, sempre visito aqui mas nunca deixei comentários.

Parabéns pelos textos!

8:55 AM

 
Anonymous outra Ana said...

Não costumo comentar, mas se serve de estímulo pra você não parar de escrever, prometo estar em todos daqui pra frente. Beijos

10:26 AM

 
Blogger Yara said...

Vixi, lá em casa é tudo bicheiro igual, hohoho. Minha mãe adotou até caramujo do vaso, ela colocava alface todo dia pro bicho.

Também queria saber o segredo pro gato sair do lugar no sofá, que lá em casa é a gente que sai pra Ninoca deitar.

11:24 AM

 
Blogger Mulher Solteira said...

Eba, Gastón is back!
Gastón & Cocó, a dupla dinâmica.
Beijoca, my friend.

11:29 PM

 

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