terça-feira, outubro 30, 2007

Como cheguei no Vida Perra - epis. III

Mais um sensacional e instrutivo capítulo da série: como cheguei no Vida Perra (preciso pensar numa vinheta).

Essa série preocupada com o destino dos internautas mais incautos que acabam entrando nesse blog devido a buscas esdrúxulas, feitas através do todo-poderoso Google. Pois é meu amigo, minha amiga. Gastón, incansavelmente, tenta auxiliar essas pessoas elucidando suas mentes e fornecendo um alento de saber e cultura para não mais frustrar nossos tão bem-vindos leitores ocasionais.

No último episódio dissecamos aqui o termo "Quero saber sobre contos de fadas da perna cabeluda".

Todos preparados para nossa pequena viagem? Vamos lá caro leitor, todo mundo se concentrando, deixando na mente apenas a imensidão branca da tela do Google. Imagine que alguém, em algum momento dessa semana foi lá e digitou:

"A mulher do shampoo me vê pelado"

Fantástico termo de busca.

Depois de muito conjecturar a respeito, cheguei à seguinte conclusão: como tem gente louca nesse mundo. Não, na verdade não é bem isso. Quero dizer, é isso mas não é essa a conclusão a qual eu cheguei. O que eu queria dizer é que certamente esse indivíduo usa shampoo pra mulher. Possivelmente ele usa o shampoo da própria mulher.

Sim, pra quem não pegou ainda, esse nosso amigo está incomodado com a imagem feminina que está estampada na embalagem do produto. Está lá, pendurada no registro do chuveiro uma bela morena de cabelos sedosos a observar nosso colega peladão tomando banho.

Mas meu caro, o que acontece? Qual o seu problema? Deixa eu ver se adivinho:

Você jura que ouve umas gargalhadinhas no chuveiro quando vira de costas? Vê os olhinhos dela se mexendo? A mulher fala mal da sua esposa? Ela riu do seu bilau? E ela tem razão? Você anda pensando em se casar com um tubo de shampoo que te compreende? Você se sente traindo a patroa porque toma banho com outra? Você sentou no chão do banheiro e deu um beijo de língua no tubo de shampoo que te fez cuspir bolha de sabão uma semana? Você só quer tomar banho no motel igual àquele moleque quer fazer cocô na casa do Pedrinho?

Seja lá qual for o seu drama, claro que não vou deixá-lo desamparado. Agora mesmo irei propor várias soluções para o caso. Vamos lá:

Larga a mão de ser burro e vira a embalagem de costas.
Joga sabão na cara dela.
Deixa o rótulo molhar e fura o zóio da infeliz.
Toma banho de sunga, no melhor estilo big brother.
Amarra uma venda nela. Aliás, amarra uma venda em você. O que os olhos não vêem (ardem) o coração não sente.
No lugar da cara dela bota uma foto da sua esposa que já tá conformada com a tua pança.

Ou já que tá doidão, pede as contas e compra um shampoo de cada tipo. Pelo menos seu banho vai virar uma sacanagem só.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Inimigo meu

Os solteiros possuem um inimigo sorrateiro, invisível e tecnológico.

Pois é.

Ataca quando você menos espera. Vem pelo ar. Aliás, as vezes dá umas atacadas que até te acordam num domingão as 7:30 da matina. Quase um Ebola.

Pois é.

Você tá lá, de bobeira na vida. Praticamente a passeio. De bermuda, chinelo, com o pé pra cima, coçando o dedão...

Toca o barulhinho do celular: chegou um sms.

Opa, será?
Será que a morena resolveu dar o ar da graça?
Ou será que é aquela outra?
Não, não, deve ser de amigo.
Será?
Putz, bem que podia ser dela heim?
E se for da outra, arrependida... coitada, vai levar uma na orelha que vai perder até o rumo.
Amiga colorida chamando pra um SOS?
Não, se for daquela louca melhor acabar a bateria no caminho até o celular.


Você pega o celular. Aperta o botãozinho. Lê a mensagem:

Baixe grátis para o seu celular o Ring Tone do novo sucesso de Rick & Rener e mais 12.737 toques polifônicos sertanejos.

Isso não se faz. Gente sem noção. Solteiro tem nos torpedos de celular importante meio de comunicação e fonte de espectativas. Se neguinho tiver na seca então, quando nem a tua mãe te liga, fazer isso é sacanagem. Na verdade não importa a época, horário, situação: solteiros odeiam propaganda em sms. Todo mundo odeia, mas solteiros odeiam mais.

E vamos combinar né: olha pra minha cara e me diz se eu vou botar toque sertanejo no meu telefone hypado. Ah, vapap...

quarta-feira, outubro 24, 2007

Perguntas sem resposta.

Pra que a gente tira férias heim?

Se em dois dias e meio eles conseguem anular todos os efeitos dos dez que você passou se desintoxicando.

Parece que quando você sai de férias, comportas de trabalho, problemas, perrengues e pepinos são fechadas pelos seus coleguinhas. E aquilo fica lá se acumulando, se tornando uma massa crítica prestes a explodir. Assim que você pisa na agência, com aquela cara feliz e descansada de quem desfrutou de merecidas férias, abrem-se as tais comportas e uma tsunami fétida te soterra.

Dois dias e meio.

Eu já tô puto outra vez, já tô estressado outra vez, já tô cansado outra vez também.

Trabalhando 12 horas por dia, dormindo 5, pedindo almoço, desmarcando dentista, me preparando pra virar essa madruga e recusando alguns convites para o sábado pois certamente passarei o dia na labuta.

O que eu me pergunto é: porque eu não nasci um astro internacional do rock?

domingo, outubro 21, 2007

Partindo pra inguinorança.

Eu fico andando aí pelos blogs afora e o assunto que mais vejo é: gente tentando encontrar alguém e dando com cara na porta.

O desencontro é geral meu povo. Por isso eu, Gastón, vou resolver o seu problema. Isso aí, vou quebrar o galho da nação de descontentes e fazer meu papel de cupido.

Quero propor um grande evento, de proporções monumentais. Mais disputado que final de copa do mundo. Mais esperado que abertura de olimpíada. Mais comentado que final de novela das oito.

Local: Estádio Mario Filho (vulgo Maraca).
Data: a definir (preciso ver com a direção do estádio, um dia que não tenha jogo, etc...)

Vamos lotar o Maracanã de gente solteira. 40.000 homens e 45.000 mulheres (sou eu que tô organizando, eu faço como eu quiser, então vai ter mais mulher sim). Vamos dividir as arquibancadas como se fossem duas torcidas e cada um vai ganhar um binóculo, no melhor estilo bailinho do Silvio Santos. Você procura seu par, avisa a produção do evento sobre o número da escolhida ou escolhido e vai dançar um Julio Iglesias no gramado. Aliás, já que nós estamos gastando, chama aí o Julio pra cantar ao vivo.

Pensando bem, acho melhor dar um telescópio para as pessoas. É, porque de longe engana. Tem mulher que de longe parece que é feia e de perto parece que tá longe. Sabe como é né...

Já estou até vendo o nome do evento: Solteiro esperança. Ou seria melhor Encalhado Esperança? Ou ainda "A esperança é ultima que morre"? Ainda pode ser "Ah minha filha, ou desencalha agora ou pode perder a esperança".

O apresentador será, nada mais, nada menos do que o nosso tarimbadíssimo no assunto, Marcio Garcia. Sim, sem poder dizer "Hoje não, Márcio", não tem a menor graça.

E aí, quem tá dentro?

quarta-feira, outubro 10, 2007

Vacaciones

O autor desse blog estará de férias nos próximos dias. Férias é bondade dele, é uma pequena pausa.

Até o dia 22.

domingo, outubro 07, 2007

Pequeno ensaio de solidão II

Uma pausa nos textos bem humorados. Voltando a um tema recorrente. Antes de mais nada, queria dizer que, apesar de ser uma figura triste, coloquei na personagem o nome de Ana em homenagem a todas as Anas que me visitam todos os dias. Anas em todas as suas variações. No diminutivo, com dois enes, com Paula, com Flávia, com Clara... Obrigado a vocês que passam por aqui e sempre deixam algo tão especial pra mim.

Gastón




Certeza é só um jornal todas as manhãs na porta de casa. Infalível edição diária em intransferível nome de Ana. Jornal que mantém sujas as pontas dos dedos. Enquanto segura uma xícara de café sentada de pernas cruzadas sobre o tapete da sala, bebericando o líquido preto e fumegante que invade as narinas antes de descer rápido despertando a mente, vira página por página do resumo de um dia que já passou na vida do mundo.

Que descanso merecido. Para a jornada que começa igual a todas as demais, mas despede o compromisso e deixa o tempo de lado. Hoje ela não precisa trabalhar porque o escritório de todos os dias fechou para o balanço de todos os anos. Jornal fechado. Em tão pouco tempo vira um prazer inútil, um amontado que serve pra forrar as necessidades do gato. Cheiro de banho, cheiro de pão requentado. De corpo branco e estômago cheio, começou dia cheia de planos pro ócio forçado.

Pegou o livro e sentou largada no sofá. O mesmo livro dos últimos três meses. Aquele que já começou três vezes. Sempre deixando de lado a leitura durante uma ou duas semanas e se forçando a dar passos pra trás. Talvez a leitura não fosse assim tão digna. O livro não prendeu o suficiente pra levá-lo na bolsa e devorá-lo a cada momento livre. Mas a teimosia a impede de abandonar o projeto. Enquanto não acaba esse, não começa todos os outros. Não foi hoje. Hoje não era dia pra leitura. Dias livres nunca são para leitura. O tempo voa quando se lê e o dia se consome rápido demais. Desistiu depois de algumas páginas.

Ligou a televisão. Programas que não faziam parte da sua vida. Com pessoas que ela não conhecia. Que funcionavam falantes enquanto ela trabalhava.

Caminhou pela casa, se jogou na cama, pensou na vida. Lembrou de Pedro, chamou por Júlia, pensou em Clara, chorou por Victor. Apagou tudo da cabeça, enxugou as lágrimas e foi atrás de distração. Começou a preparar seu almoço. Sabia mesmo cozinhar. Preparou comida pra um batalhão. Não sabia cozinhar pra pouca gente. Comeu com a televisão ligada em desconhecidos programas de culinária. Anotou uma receita de doce.

Saiu pra dar uma volta pelo bairro. São Paulo estava convidando para um passeio, nem que fosse pelo quarteirão. Isso era raro, precisava agarrar o convite entre as mãos e seguir as indicações da cidade-guia. Engraçado, mas era quase como ver TV. Assistiu um rotina que acontecia enquanto ficava sentada das oito às seis e meia numa mesa cheia de assuntos pendentes. Deslocada demais, culpada por não estar no mesmo turbilhão do resto. Caminhando incomodada por não ter destino nem pacto com o cotidiano. Ia quase se esgueirando, como se não quisesse ser notada, como se não pudesse ser vista pela cidade sem estar ocupada.

Voltou pra casa como refugiada da própria incapacidade. E a rotina foge do desconhecido pra aportar segura na mesma hora em que costuma chegar do serviço.

Tomou banho calada, deixando escorrer a água durante tantos minutos quantos duraram seus pensamentos tristes. Requentou o almoço. Comeu assistindo o noticiário que anteciparia as notícias do jornal de amanhã.

O jornal de amanhã. Pra ler antes do trabalho. Com o café quente entre os dedos. Num dia onde ela saberia exatamente o que precisava ser feito.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Na mosca.

De uns dias pra cá é que algumas pessoas notaram na minha cara uma coisa que eu venho usando há simplesmente 8 meses: uma mosquinha.

Preocupante né? Sintoma de feiura? Não estavam prestando muita atenção em mim? Eu tava com um alfafa no dente?

Ter uma mosquinha não significa criar uma mosca de estimação na testa (apesar de minha testa terminar no calcanhar e algumas pessoas me denominarem como aeroporto de mosquito). Mosquinha é aquele projeto de barbicha que fica abaixo do lábio, lugar também conhecido como "em cima do queixo". Se localizou? Imagina que você comeu um sundae de chocolate e babou. Corre pro espelho e se olha lá que sou eu.

Várias pessoas vieram com um:

- E essa barbichinha aí na sua cara heim Gasta?
- Não é barbichinha, é mosquinha.
- Mosquinha?
- É, chama mosquinha. Barbicha é de bode. Mosca é de mosca. São bichos diferentes. Apesar de bodes terem moscas.

Vamos explicar de uma vez por todas:

Em baixo do queixo é barbicha (lembra do bode). Em baixo do lábio é mosquinha (lembra da calda de sundae babada). Em cima do lábio é bigode (lembra do Magun). E o kit completo é o cavanhaque (lembra do Hommer Simpson).

Porque eu uso mosquinha? Porque eu sou careca. O que tem a ver? Ué, quem tem cabelo muda o cabelo e quem não tem? Pensa bem, careca vai fazer o que pra mudar o visual? Botar chapéu? Por neon? Passar tinta?

Não tem muito pra onde correr. Não tenho franja gente. Não dá pra dividir ao meio, pentear pra esquerda, arrepiar, passar gel...

Então eu comecei a cultivar minha mosquinha. É, pra não parecer tanto um ovo com orelhas. Porque não outros ornamentos capilares faciais? Barba com a cabeça raspada fica meio ridículo. Parece que a peruca caiu pra parte de baixo da cara. De bigode eu ia ficar parecendo o Michel Serdan (fora que bigode é feiopadaná). Cavanhaque coça muito e eu não aguento mais que 2 dias com aquele trem na minha cara. A barbicha era minha segunda opção. Quem sabe uma hora dessas.

Claro que a gente pensa também na repercussão junto ao público feminino. Tem mulher que gosta. Tem mulher que odeia. O mundo já não é muito chegado em unanimidades, em se tratando de opinião feminina então, menos ainda. Mas pra me fazer mudar de idéia só tendo uma certa influência, digamos, amorosa ou sexual.

É, quando interessa né...

 
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