domingo, setembro 30, 2007

Amigos da Rede Globo

O bar tava apinhado de gente.

- É que hoje é dia de final.

Pois é, final mexe mesmo com os nervos do povão. E todo mundo corre pro boteco pra se emocionar junto.

No telão ficou rolando uma reprise de um joguinho vagabundo enquanto o grande evento da noite não começava.

E não parava de chegar gente. Todo mundo perguntando pro garçom:

- Chefia, vai passar a final aqui né?
- Vai sim.
- Mas com som e tudo né, não vai ficar no mudo não?
- Com som e tudo, vamos ligar em todas as caixas.

E tome cerveja, chopp, caipirinha, espetinho, petisco, linguiça, farofa e vinagrete. Todo mundo comendo, bebendo e dando seus palpites. Fazendo aposta, fazendo bolão, roendo as unhas esperando a hora da decisão.

- Mas escuta, quem tá na final heim?
- Ah, tem uns cinco ou seis.
- Cinco ou seis?
- É, vai saber, deixaram um monte de suspeitos.
- Suspeitos?
- É suspeitos de matar a Taís. Aliás, pra mim a Taís tá viva e se fazendo passar pela irmã.
-...

Teve inicio o grande final: da novela.

Eu juro pra vocês que eu fui num bar sexta-feira onde as pessoas pararam de conversar pra assistir o último capítulo da novela. Pois é, eu vi com esses olhos que a terra há de comer.

No telão minha gente, botaram o Tony Ramos naquele baita telão.

Tinha arquibancada de mulher pedindo silêncio. Tinha garçonete distraída olhando o Fabio Assunção.

Nada contra quem curte uma novelinha. Nada mesmo. Mas no bar? E pelo que pude perceber, nessa última os caras pegaram a Ruthinha e a Raquel, botaram a Odete Roitman, misturaram com a próxima vítima, enfiaram um núcleo das prostitutas que querem se dar bem na vida e terminaram como todas as novelas do mundo: com "6 meses depois", todo mundo casando e um monte de filho nascendo.

É, o cara esgotou todos os clichés numa tacada só.

E o mais legal é que quem matou a tal da Taís foi o vilão. Não é incrível? Não é supreendente? Meses e meses de agonia pra descobrir o óbvio: o mau é mau mesmo.

Dou graças por não sofrer da praga que é assistir esse negócio.

- Oi, meu nome é Gastón e estou há três anos sem assistir novela.

E com vício é assim mesmo: um capítulo de cada vez.

terça-feira, setembro 25, 2007

Mesa redonda

Se o seu marido/namorado/prospect/caso não liga a mínima pra futebol, desconfie. Bobagem? Que nada, os números comprovam. Na verdade não tenho números, inventei essa parte pra dar uma credibilidade. Mas é fato que 99% dos amigos que tive nessa vida gostam de futebol. Isso é imprecisamente uma grande verdade. E do total desse 1% restante, 99% é de gays assumidos. Sorry, nunca vi uma biba escalar um time.

Não sei, mas pra traçar um paralelo, acho que é mais ou menos como encontrar uma mulher que não liga pra liquidação. Ou pra sapato. Ou pra bolsa. Quer ver uma mulher feliz? Bota ela numa loja de sapato com um cartão de crédito na mão. Tudo o que ela precisa está ali: crédito, pés, sapatos e um troxão que nem eu ou você pra carregar o estrago. Quer ver um sujeito feliz? Bota ele na frente da TV assistindo o Parmera. Aliás, quero deixar registrado que eu torço pra dois times: o Palmeiras e o Corinthians. Sim, torço pro Palmeiras ganhar e pro Corinthians perder.

Mas voltando ao fato de nós homens gostarmos ou não de futebol, que eu me lembre, conheci durante toda vida uns três caras que nunca ligaram pro assunto e que mesmo assim são chegados num rabo de saia. E esses infelizes sofrem. É, porque o esporte bretão é pauta desde o intervalo da escola até os corredores do trabalho. O papo sempre começa ou termina nos gols da rodada. O cara bem que tenta, puxa lá o time que o pai torcia, decora uns dois ou três nomes, dá uma olhada nos resultados, mas não adianta. Pra se enturmar até que vai, mas o coitado não fica a vontade nas calças que veste.

Há que se salientar que ainda há aqueles que não ligam pra futebol mas gostam de futebol. Esses são normais. Sim, esse é o caso, por exemplo, de muitos Flamenguistas, Corinthianos, Atleticanos... torcedores cujos times estão uma draga, caindo pelas tabelas, beirando a zona de rebaixamento e, de tanta desilusão, preferem não dar muita bola pra não esquentar a cabeça com bobagem. Na hora do globo esporte bota a TV no programa o Nelson Rubens. Isso, vamos ver com quem o Fábio Jr vai casar dessa vez.

Bom, longe de ser o fanático que eu fui quando era garoto, não consigo passar sem assistir um joguinho, ler as notícias no jornal, acompanhar os gols, etc...

É algo que une a classe masculina. Pô, tão bom tirar um sarro do amigo, discutir calorosamente sobre aquele pênalti que não existiu, desfilar com a camisa depois que o time ganha.

Falar de futebol é que nem falar do tempo. Não precisa conhecer o sujeito pra comentar, perguntar um resultado, reclamar do técnico e xingar o juiz. Concordando ou discordando, a conversa é sempre cordial, arranca um sorriso e uma sacaneada cúmplice em alguém que torce do outro lado.

A mulherada não entende muito bem, acha incrível nossa capacidade de assistir a uma partida, querer ver os melhores momentos, os gols e ainda por cima assistir programas de TV que falam sobre o jogo.

Assim como a gente não entende pra que ela precisa de mais um sapato.

domingo, setembro 23, 2007

Jaca Urbana

Ah, como é bom enfiar o pezão na jaca de vez em quando. E sexta-feira, depois de anunciar que ia pra casa dormir cedinho, acabei dando uma voadora na mardita. Jaca que nem essa fazia tempo. E eu que curto levantar mais cedo no fim de semana pra aproveitar o sol, pegar uma piscina, malhar, etc, acabo evitando ficar na estragação toda hora.

Fico num chove-não-molha interno, numa preguiça danada, cansado só de pensar. Eu sei que quando chegar na balada vou me divertir horrores. Coisa de véio né? O problema é ir. Fui.

O lugar não era lá muito a minha cara. Tô mais pra um boteco da Vila Madá ou algum inferninho da moda. A parada era num Pub australiano. De pub não tem absolutamente nada. Aquilo tá mais pra um outback com música ao vivo. Pub é o Omailley's, o Finnegans, o All Black... Mas a noitada foi ótima, os amigos são os melhores e banda mandava muito bem.

Já que de santo não tenho porra nenhuma e tudo conspirava a favor, decidi encher o caneco e ser feliz. Quando eu tomo umas e outras, não saio dando vexame não. Mantenho a compostura. Quero dizer, mais ou menos. É, eu perco um pouco a compostura. Ah, foda-se a compostura. Mas eu sempre deixo bem claro quando estou me aproximando dos arredores de bagdá:

Gastón, a uma certa hora da noite, pede uma coca normal pro garçom.

Gastón marca com todo mundo um cheeseburguer depois da balada. Pra baixar a doidera.

Gastón dança Shakira sem problemas.

Gastón canta Spice Girls em versão embromation.

Gastón comenta que só tinha mulher feia nos arredores e de repente para de achar isso.

Gastón recebe a conta de 80 paus e nem discute.

-Cadê o Gasta? -Foi fazer xixi. -Ah tá... de novo?

- Gastón está fazendo caretas em todas as fotos da balada.

Mas fiquem tranquilos, eu não ligo bêbado para os amigos. Nem pra ex-namorada. Também não revelo meu amor pelas pessoas próximas, não rola um "te considero pra caramba" e muito menos um "você é um irmão pra mim".

Bom, o resto do fim de semana foi um esforço pra tirar a jaca que ficou entalada no meu pé.

Penitência: 2 pai-nossos, 3 ave-marias, 2 horas de esteira, 1 melão, 4 saladas e muita, muita água.

Amém.

ps. o título do post é uma paródia/homenagem ao ótimo blog da minha amiga e futura mamãe, Jeca Urbana.

terça-feira, setembro 18, 2007

Eu mato, eu mato...

Hoje o assunto é cueca. Isso aí, vamos discutir esse tópico de suma importância.

Ó, sem chacota que a coisa é séria heim? Isso aqui é um blog sério.

Pois é, eu fui comprar cueca esses dias. Não tem como, tá vergonhoso. Eu perdi 18 quilos e até a cuecaiada toda ficou larga, meio murcha no traseiro sabe? Então, não é muito sexy... E tinham umas ficando meio velhas. Nada de furo, não deixo chegar nesse estágio. Mas o elástico tava bem ferrado.

Pois é, existe uma máxima de que homem não compra cueca. Quando é solteiro isso é tarefa da mãe e quando casa a função passa pra esposa. Mulherada de plantão não vem com risadinha e "ai meu deus" não. A maioria aí vai ser mãe de um marmanjão e vai comprar cueca pra burro nessa vida. Aguardem. Mas meu amigo, se você completou 18 anos e já tem um salário, compre sua cueca. Sua mãe vai sofrer, sua mulher vai achar ótimo e você já pode ir preparando o bolso.

Fui lá, felizão. Joguei fora mais da metade das que eu tinha, guardei as que estão servindo e ainda permanecem novinhas. Fui decidido a renovar parte do estoque.

Passei naquela loja da underware, lembra?

- Boa tarde, em que posso ajudá-lo.
- Queria ver umas cuecas.
- Claro. Tem preferência por algum modelo?
- Hum, boxer.

Pausa na narrativa. Não tô assim o que se pode chamar de um homem objeto, apesar da magreza alcançada, o panceps é algo resistente que demanda mais um tempo de abdominais constantes, mas dá pra usar boxer sem ficar parecendo um colchão amarrado. É, gordo de boxer não rola. Cheguei a experimentar na época e achei melhor não usar pra não matar nenhuma mulher de rir.

Continuando...

- Temos esse modelo especial sem costura em algodão mega power chamberlain advice gold plus e fibra de carbono com titânio.
- Legal. Quanto custa?
- Está saindo por R$65,00.
- E a simplinha sem nenhum titânio ou fios de ouro bordados a mão por virgens do Sri-Lanka, sai quanto?
- R$45 reais.
- O pacote com 3?
- Não, cada uma.

O que? 45 cru-cru uma caieca?

Pera lá,um homem normal precisa de quantas cuecas pra sobreviver? (não vale virar do avesso)

Umas 12? Geralmente a gente tem bem mais, 12 digamos que é um mínimo seguro. Uma pra cada dia da semana e mais algumas pra uns momentos em que vai fazer um esporte, dá uma freada, ganha uma marca de batom, esquece na casa da fulana...

Comprando do modelo simples, o kit sai pela bagatela de 540 reais. Mais de quinhentas pila num treco que fica embaixo da sua calça aguentando pum. Se quiser guardar seu bilau numa cueca high-tech vai desembolsar 780 reais. Não que ele não mereça, mas aí não sobra dinheiro pra calça que vai em cima.

Pra agradar a classe feminina, a gente não pode deixar de comprar uma ou outra.

Mudei de loja, fui pra Zara. Lá eu achei por um preço mais em conta. Levei algumas. Achei o modelo mais legal. Não curto essas com faixa colorida, batman, tromba de elefante, logotipo gigante, etc... Pra mim é cinza, preta ou branca. Apesar de ter na gaveta outras diferentes, costumo ir variando entre essas três.

Fazem tanta frescura com uma coisa tão simples que daqui a pouco alguém lança a moda super-homem: vestir a cueca por cima da calça só pra sair mostrando. Eu não duvido.

E vamos combinar que, com o preço do jeito que tá, até que não é má idéia esse negócio de empurrar a tarefa pra mãe ou pra mulher viu...

domingo, setembro 16, 2007

Por mera distração.

Hoje eu tive inveja dos que fumam. Dos minutos de pausa carregados de razão. Do trago na desculpa pra parar o mundo e acalmar o coração.

E se hoje eu sou calmo é porque a vida faz sentido. Porque o que fervo por dentro não precisa ficar escondido.

Hoje eu tive inveja dos que esquecem. Da cabeça que entala em um só pensamento. Do controle fingido que se auto-apaga a todo momento.

E se hoje eu sou livre é porque reneguei a própria carne. Porque sozinho eu não conseguia mais sair dessa armadilha disfarçada de coragem.

Hoje eu tive a alegria dos que voam. Do descanso que paira com o vento. Do mergulho distraído em qualquer sentimento.

E se hoje eu sinto qualquer coisa é porque a vida se abre em mil favores. Acompanho canino pela rua os mais fugazes amores.

Hoje eu tive a rima dos tolos. Das palavras que combinam. Que só entendem aqueles que já me dominam.

E se hoje eu me deixei dominar foi porque acordei desprevenido. É preciso um passo em falso pra que a vida mude de sentido.

Por isso Deus nos fez assim tão distraídos.

Pra dar tempo de preparar os destinos.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Sessão Coruja

Tem uma moda recente, adotada principalmente pela mulherada, que eu não curto: a do oclão. Sabe oclão? Aqueles óculos gigantescos que as pessoas botam na cara? Sim, antigamente óculos cobriam os olhos, agora cobrem a pessoa como um todo. Você vem descendo a rua, aquele solzinho bom e, há quilômetros de distância, vê uma pessoa-para-brisa. E com insulfilm, diga-se de passagem. O que tá acontecendo heim? Medo de sequestro relâmpago?

Pra que andar com uma clarabóia na cara, me diz? Daqui a pouco neguinho vai parar de ir na Fotóptica pra comprar óculos na Leroy Merlin.

E é uma moda crescente. Não no número de adeptos, mas no tamanho das armações. Outro dia tava vendo na TV uma dessas atrizes popozudas metidas a socialites com óculos tão grandes, tão grandes, que parecia uma cadeira de teleférico implantada na fuça dela. Falou toda orgulhosa que comprou em Paris, que só tinha mais 99 desses no mundo todo, etc. Ainda bem que só tem mais 99. O mundo agradece.

Pra mim isso é uma boa tática pra mulher feia. Pra raimunda então, funciona que é uma beleza. Quantas vezes eu já não olhei pra uma "gata" na rua e quando a vi tirando os óculos dei meia volta? É sério isso. E já virou assunto entre alguns amigos meus que também cairam no mesmo conto. Sabe o que me lembrou? Aquele desenho em que o Pica-Pau e o Zeca Urubu ficavam alucinados por causa de uma odalisca. Lembra?

Agora, o que eu acho pior de todos não é nenhum desses modelos gigantescos. O que eu acho feio que é o capeta é o rayban - stalone cobra. Sabe qual é? Usado por 9 entre 10 detetives de novela? A mulher parece uma delegada com aquele negócio. A impressão que dá é que quando você chegar numa garota dessas, ela vai te dar uma geral e te algemar. Bom, pensando bem, legal esse negócio né? É, é feio mas não achei de todo ruim não, pode ser viu...

Bom, espero que a moda dê pelo menos uma estabilizada nos tamanhos. Se não daqui a pouco tão vendendo aquário pra enfiar na cabeça.

Ultimamente, quem vê cara é porque o dia tá nublado.

terça-feira, setembro 11, 2007

Joelita, a fantasminha camarada.

- Ô seu Gastón, e o Seu Rodolfo tá bem?

- Tá sim Jô.

- É... saudade do Seu Rodolfo viu...

- Pois é Jô. Mas ele tá bem sim.

- Olha Seu Gastón, até hoje eu não entendi porque foi que ele me mandou embora.

- ...

- Não sei sabe Seu Gastón, mas eu acho que foi por causa de umas coisas que eu quebrei na casa dele.

- ...

- Mas olha Seu Gastón, eu juro pro senhor que eu só quebrei um copo. Um copinho só. O resto foi tudo sozinho que quebrou.

- ???

- É verdade Seu Gastón, eu juro pro senhor. Eu tava lá no quarto e de repente eu ouvia um "pá" lá da cozinha. Quando ia ver o copo tava quebrado na pia. Quebrava sozinho!

- Jô, de repente tava meio mal equilibrado e acabava caindo.

- Nãããããããããão Seu Gastón, o negócio eu acho que esprudia na pia, sabe?

- Sei.

- Pois é.

- Jô, to indo pra piscina. Daqui a pouco eu volto.

- Ô Seu Gastón, tô vendo aqui no lixo do senhor, o senhor quebrou outro copo?

- Quebrei.

- Êêêê seu Gastón...

domingo, setembro 09, 2007

O maior segredo do mundo.

Depois de muitos meses mergulhado nas trevas da ignorância, ocultando de mim mesmo uma informação tão preciosa, hoje eu descobri o nome dela.

Sim, e eu sei de muitos leitores que também estão ávidos por essa informação. Gente que me cobra nos comentários, gente que me pergunta isso nas mesas de bar, no trabalho, nas ruas.

Uma verdadeira histeria coletiva que toma conta daqueles que partilham essa vida perra comigo todos os dias.

Agora, meu amigo, minha amiga, você está há instantes de descobrir o maior mistério desse blog. O nome dela.

Ela, que tem a delicadeza de mil elefantes. Ela que já devorou mais caixas de Barilla do que Luciano Pavarotti conseguiu em uma vida. Ela que fala mais que cego na chuva.

- Jô?

- Diga seu Gastón.

- Jô, o pessoal da portaria me pediu seu nome. Eles querem cadastrar as pessoas que trabalham aqui.

- Claro seu Gastón.

- Pera aí que eu vou pegar um papel e uma caneta. Pronto, pode falar.

- É Joelita.

- ...(segurando risada)

- Esquisito né seu Gastón?

- Não Jô, super normal.

Aí fiquei pensando. Das duas uma:

Primeira hipótese: o escrivão comeu um "s" na hora de registrar. O nome dela era pra ser Joselita. Sim, alguém tão sem noção só poderia se chamar Joselita.

Segunda hipótese: o pai e a mãe olharam pra aquele nenezinho na maternidade e seguiu-se o diálogo:

- Ô mãe, vô lá registrar a menina.
- E nois vamos botar o nome nela de que?
- Não sei.
- É, eu também não.
- Já sei.
- Diga homi.
- Com essa cara de Joelho? É Joelita.


ps. ninguém venceu a promoção "adivinhe o nome da Jô", lançada nesse blog. O litro de cândida fica acumulado para uma próxima promoção.

Eu queria agradecer...

Nem preparei discurso. Só queria dizer que fiquei muito contente em ter o Vida Perra escolhido por duas leitoras assíduas/amigas/bloggeiras fenomenais entre os cinco blogs de sua preferência.

Em primeiro lugar obrigado à Gatta (a quem eu luto internamente pra não chamar de Gattinha porque ela odeia). Escreve bem de mais essa mulher e anda numa efervescência literária que dá gosto.

Depois à Fabi. A quem eu devo uma visita lá na cidade maravilhosa. Essa é outra que anda com a imaginação solta e produzindo como nunca. E tem um dos melhores nomes de blog da minha lista.

Minha missão agora é revelar meus 5 blogs que estão no topo da audiência. Apesar de devoto, vou montar a lista sem incluir àquelas que me homenagearam.

Pra ser sincero, sou de fases com blogs. Leio todos, gosto de todos, mas tenho fases onde ando mais encantado com um do que com outro. Esse negócio de escolher cinco é injusto pra cacate. E dá uma ciumeira também (já sentida na pele). Mas vamos lá porque em cima do muro é lugar onde eu não costumo morar.

Atualmente, esses são os que tem me proporcionado momentos muito agradáveis:

Mulher Solteira: blog da minha amiga Cris. Fantástica leitura. Bastante pessoal e com uma maneira muito própria de ver a vida e as relações.

Coisas que não saem no banho: do meu irmãozasso, o Rods. Depois que publicou um livro de contos parou de escrever. Aí eu comecei a apelar nos argumentos, duvidar da masculinidade dele, humilhá-lo publicamente... e ele de livre e espontânea vontade atendeu meu pedido e fez um blog pra publicar uma nova safra de contos.

Liquidificarlouca: da Nanda, mais uma amiga carioca que aportou aqui em terras garoentas. Essa alquimista culinária que mistura histórias, sons e receitas pra se comer de joelho.

Pensatriz: novidade né? Da Ana Tejo eu sou eterno amigo e admirador. Minha grande inspiração para entrar nesse mundo da escrita.

Fina Flor: ninguém mais doce e sutil do que a Mônica. Escreve como uma torrente de sentimentos. Sabe encantar.

Pra quem ainda não visitou nenhum deles, tá aí a oportunidade. Gastón recomenda.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Como cheguei no Vida Perra - episódio II

Dando seqüência a nossa incrível série, mais um texto baseado em alguma busca esdrúxula feita no google, que trouxe um desavisado internauta ao meu pequeno mundo de besteirol. Para quem perdeu o capítulo I da saga, dissecamos aqui nesse blog o que seria uma fantástica receita de filé de pirosca. Uma beleza.

Preparados para mais um banho de saber e cultura?

Vamos lá amigo leitor, todo mundo se concentrando, deixando na mente apenas a imensidão branca da tela do Google. Imagine que alguém, em algum momento dessa semana foi lá e digitou:

"Quero saber sobre contos de fadas da perna cabeluda".

E não sei porque cacete apareceu meu blog entre os resultados.

Muito interessante. Não posso deixar uma pessoa assim sem explicação. Meu amigo, como assim conto de fada da perna cabeluda? Que tipo de livro sua mãe lia pra você quando era criança? Ou será que ela dava um inventada pra mudar a história?

Pensei muito no seu caso. Pesquisei, elocubrei, formulei teorias.

A primeira é sobre a Bela Adormecida. Pensa bem: uma mulher que foi colocada pra dormir durante tanto tempo, certamente não teve as pernas depiladas durante o sono. Tomara que ela tenha tido tempo de dar um tapa depois que o tal do príncipe acordou a infeliz. Porque se já saiu pegando pra valer, na hora de levantar a saia deve ter levado um susto.

Outra possibilidade é a tal da Cinderela. A mulher vai lá na festinha encarar uma fila pra ver se o pé entra no sapato que o príncipe achou. Bom, se na hora em que o cara foi encaixar o sapato no pé da moça segurou a canela do Rivelino, pode até ter servido mas, certamente, ele disfarçou e disse que tava muito folgado, que pra ela era melhor um 34, aquele lá era 36...

Tem também a Rapunzel. Ah, essa é suspeita número um. Jogue-me suas tranças? O coitado do herói que resolveu salvar a mulher só vai descobrir de onde saiu aquela cabeleira toda quando escalar uma torre de 30 metros. Quem garante que a trança não sai da canela?

E a Branca de Neve heim? Ela também é suspeita. Imagina, morando numa casa com 7 anões que não devem ver uma mulher há uns 20 anos. Se a média dos anões bate no joelho dela, nada mais natural do que deixar um pernão cabeludo pra espantar os nanicos mais entusiasmados. Faz sentido, não faz?

De repente poderia até se tratar de um reino muito distante. Lá viveriam contentes sua majestade o Rei Tony Ramos e a Rainha Cláudia Ohana. Será?

Bom meu amigo, isso é tudo que eu pude fazer por esse assunto cabeludo.

Pode vir sempre porque aqui é assim mesmo: a gente arranca sua dúvida com cera quente.

terça-feira, setembro 04, 2007

Pisão no calo.

Quando eu ainda era Gastonzinho, um moleque franzino, cabeludo e encapetado, estudei num colégio onde o uso de uniforme era obrigatório. Até aí, tudo normal. Escola de freiras, de classe média alta paulistana, cheia de regras, tabus e frescuras. Sim frescuras. Ou seriam manias? As vezes acho que tava mais pra pentelhação mesmo.

Uma coisa que tirava minha mãe do sério era o fato de sermos obrigados a usar tênis preto para os dias comuns e tênis branco para a educação física. Logo o tênis branco pra molecada jogar bola num campo de terra? Claro né, freira não tem filho. Se freira não tem filho, logo, ela não compra tênis pro filho que ela não tem. Se ela não tem filho e não compra tênis por filho que ela não tem, logo ela nunca botou a pança num tanque pra esfregar um legítimo e encardido tênis de criança que tinha parte com o demo.

Detalhe que naquele tempo o Kichute estava no auge da moda. Todo moleque tinha um. E não é que as freirinhas determinaram que tênis preto podia, mas desde que não fosse Kichute? Não dá vontade de enfiar uma bica numa delas? Eu quase fiz isso, mas isso é papo pra outro post.

O único tênis todo branco (tinha que ser inteirinho branco) do mercado de calçados era o Bamba. Um negócio vagabundo, feito de lona e que durava não mais que dois meses nos meus lindos e devastadores pezinhos. Bom, minha mãe acabava comprando uns 3 ou 4 pares durante o ano letivo.

E quando alguém aparecia com o Bamba novinho em folha, doendo os olhos de tão branquinho? Logo tinha um fila de espíritos de porco pra dar um pisão no seu tênis e "estreá-lo". Claro que a alma suína também me pertencia. Não podia ver um tênis limpinho pra ir lá dar minha carimbada.

O tempo passou, eu criei juízo, foi se a escola, a faculdade, a pós, outra pós, muitos empregos e chegaram os 30 anos.

Nesse domingão de sol eu, Gastonildo, fui a uma grande loja de departamentos especializada em artigos esportivos. Lá me encantei por uma chuteira society da nike. Ela parecia mais um tênis e, aproveitando que tá na moda usar chuteira no dia a dia, não tive dúvida em comprar.

Para o mulherio com baixo índice de conhecimentos futebolísticos, futebol society é aquele que o seu marido (namorado, pai, amigo, cunhado...) joga naqueles campos de grama sintética na quarta-feira a noite. A chuteira pra jogar nesse tipo de piso não tem aqueles pinos (que a gente chama de travas) no solado. Essa é para jogar em futebol de campo de grama de verdade.

Mas, voltando ao meu novo calçado, hoje resolvi ir ao trabalho com ele nos pés.

Chuteira branquinha, com detalhes em cinza e o logo da nike em vermelho, me fez lembrar dessa história dos pisões da época de colégio. Ainda bem que esse tempo já vai longe

Entrei no elevador com meus colegas de agência.

- Aê, tênis novo.
- Eeeeeehh, tênis novo.

Pois é, tem duas marcas de sola de allstar e uma de sapato de surfista no meu pisante novinho.

Matando saudade do pré-primário.

 
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